OS AFRICANOS NAS AMÉRICAS ANTES DE COLOMBO

Dimas Paixão

Historiadores, no início do século XVI, registraram evidências de que já existiam povos negros vivendo nas florestas da América, exercendo comércio e uma relação conturbada com os índios, antes mesmo da chegada dos europeus. O irmão do Colombo, um comerciante de jóias, trazia-lhes notícias de clientes africanos acostumados a viagens marítimas. Há indícios de que foram os africanos que forneceram informações ao rei de Portugal e Colombo para propor à Espanha a linda de Tordesilhas como divisória de um continente. Após sua segunda viagem às Américas, Colombo apresentou ao rei de Portugal e sua Corte, índios que traziam pontas de lança, dizendo terem comprado “dos homens altos e escuros que chegam de onde nasce o sol”. Essas pontas de lança eram feitas de uma liga específica, fundida e utilizada na África oriental.

O escritor Ivan Van Sertima, em sua obra, identifica dois possíveis contatos entre a África antiga e as Américas. O primeiro teria sido quando Núbia era uma potência marítima mundial, ocasião em que apareceram em território olmeca, no Centro-Sul do atual México, gigantesca cabeças esculpidas em pedra, as quais retratando fielmente, rostos de marinheiros núbios, com suas indumentárias típicas. Apareceram também no México conjuntos de elementos culturais idênticos aos africanos e pirâmides no estilo núbio. A cerâmica pré-colombiana retrata rostos africanos em abundância, idênticos aos monumentos olmecas encontrados. O segundo contato teria sido na época de Abu-Bakari, Imperador de Mali, em que historiadores muçulmanos contemporâneo contam que este imperador fascinado pelo mar, construiu frotas e lançou expedições ao Atlântico, embarcando em uma delas rumo ao continente americano, e nunca mais foi visto.

São vários os indícios da presença africana nas Américas, sobretudo no México e no Panamá, antes de Colombo. Pesquisas arqueológicas, lingüísticas, estudos das propriedades do sangue, a botânica, a antropologia, a história, a arte e outros, convergem para essa conclusão. Portanto, diante de tantas evidências concretas e amplamente sustentadas na investigação científica, a única razão da persistente relutância em não aceitar essa tese é o duplo preconceito: o que identifica o africano com incapaz de realizar tal feito e o que se recusa a admitir a possibilidade de não terem sido os europeus quinhentistas quem primeiro “descobriu” as Américas.