Certa vez, lendo um texto excelente do Wagner Borges a respeito das formas-pensamento e do modo como, com as nossas próprias emissões mentais, as criamos ou aglutinamos e de que como podemos reverter este processo, recordei de forte experiência projetiva vivida há alguns anos, em incursão no astral inferior.

Achávamo-nos, eu e alguns espíritos amigos ou tutores destas jornadas instrutivas, numa área de escuridão que de si incutia receio e ansiedade a quem por ela se aventurasse despreparado, quando, avançando às pressas por calçada rodeada de sombras compactas que obstruiam quase por completo a visão, algo horripilante apareceu, hostil, investindo ameaçadoramente na nossa direção: uma criatura inconha, como dois seres anões jungidos por toda uma lateral do corpo, aspecto escuro e indistinto. Paralisada, contemplei aquilo por breve instante sem compreender bem o que ocorria; mas sem demorar muito naquela inércia,  como se de algum modo soubesse o que fazer em tal conjuntura - e para minha funda perplexidade, ao recordar o caso depois - e provavelmente instruída e experiente de vivências anteriores, de repente ergui vigorosamente um braço empunhando algo que me surgira aparentemente do nada, e apontando-o para a criatura incompreensível que, àquilo, recuou, estranhamente espavorida, emitindo um guincho atemorizado: era uma espécie de dardo azulado, flamejante - ao passo que bradei apenas uma expressão forte, a voz impregnada de segurança, autoridade, e confiança do que envidava:

- Deus Todo-Poderoso!!!...

A criatura assim apostrofada desapareceu inexplicavelmente, como se nunca houvesse existido. Dessa experiência insólita concluí ter aquilo constituído valioso aprendizado do que magnetizamos quando dominados por energias ou emoções de baixo padrão vibratório - sobretudo, não obstante, do poder de que dispomos para exorcizá-las ao sintonizarmos com o canal correto das energias poderosas da divindade imanente a nós mesmos quanto a tudo o que nos rodeia, por mais adversas as condições circundantes, não importando, aqui, fosse aquela criatura um ser vivente das faixas astrais trevosas, fosse criação elemental originada nas emissões espirituais negativas a partir de nós mesmos ou do ambiente ingrato onde incursionávamos; o fato é que o poder saneador das forças emanadas das esferas superiores, desde que encontrando ressonância em nós mesmos,  é miraculoso nos seus efeitos, ali materializados naquele  flamejante dardo azulado!

Mas o propósito da  narração deste episódio não se restringe a compartilhar com os leitores o aprendizado útil de ordem espiritual. O exposto aqui possui mais de uma finalidade. Refiro-me ao trágico acidente que tanto têm mexido com as emoções de todos nós, acontecido com o vôo do Airbus da França.

Todo o descrito anteriormente veio-me à recordação no decorrer dos últimos dias em estranha associação de idéias com o lamentável acontecido, e penso compreender o porquê: é que se detemos o poder de atrair proteção em circunstâncias espirituais extremas ou adversas, sem nenhuma margem a dúvidas também podemos beneficiar as vítimas do trágico episódio. Seguramente, e não importando implicações ou determinantes de ordem cármica de cada uma deles, temos ao nosso alcance a capacidade de, em invocando as forças excelsas do Poder Divino no qual nos achamos todos mergulhados, e dEle conscientes em nós mesmos e ao derredor em maior ou menor grau, minimizar, suavizar, e quem sabe embalar em energias luminosas aqueles irmãos, a fim de que deixem o mais rápido possível o estado agudo de perturbação no qual talvez se achem para cada qual seguir o seu caminho para instâncias outras da Vida Maior, tutorados por seres da invisibilidade que se associam de boa vontade a esses esforços.

Assim, que recorramos ao Deus Todo-Poderoso, em nós e em tudo em que existe, imanente, rogando para cada um deles o socorro eficiente e imediato de ordem superior!

Deus Todo-Poderoso! Que especialmente as crianças estejam sob o amparo das muitas mães amorosas que povoam as esferas luminosas do derredor da Terra, sempre prontas a reconfortar, curar e acarinhar, indistintamente, todos os pequenos atingidos por calamidades, encaminhando-os às estâncias de luz do infinito, onde parques exuberantes e floridos os aguardam para o seu deleite, tão logo despertem!

Deus Todo-Poderoso! Que, a despeito das circunstâncias desesperadoras, cada qual tenha acesso tão rápido quanto lhes seja possível ao socorro certo com que muitos seres amorosos, mas talvez despercebidos, desde a hora fatídica, os cercam! Que se desprendam voluntariamente da dor dos corpos que não mais lhes servem como veículo de expressão no trajeto findo nesta esfera densa de experiências, para que se permitam ser auxiliados e cuidados por esses amigos, que os haverão de situar em cenários outros, alentadores e propiciadores de descanso, de consolo e de estímulo para prosseguir!

Deus Todo-Poderoso! Dá-lhes força, dá-lhes fé! Dá-lhes o devido despertamento para a continuidade pura e simples das suas trajetórias! No momento propício, que encontrem reconforto na certeza do reencontro com os seres amados que deixaram na materialidade! Que tenham a capacidade de refletir de si e em si mesmos as realidades maiores da Vida na Eternidade!

Deus Todo-Poderoso! E que a Sua Essência, presente em cada um de nós, e em cada ser e cada coisa da Criação, rechace para longe as eventuais sombras ameaçadoras quiçá atraídas nos instantes de pavor e de desespero! Que o jorro irresistível da Sua Luz varra do seu derredor as energias sombrias do temor do vácuo inexistente, talvez cultivado nos seus espíritos, para que reconheçam tão só as presenças reais e amigas; a presença do Amor com que são distinguidos por muitos! A Sublime quão amorosa Proteção da Tua Presença, Senhor! E que sigam em paz, para um novo raiar do dia! Para uma alvorada que há de rechaçar todo o temor, todas as lágrimas e todas as recordações tristes, descortinando dias de inebriamento, de bençãos e de felicidade!

Assim seja!...