Por que complicar as coisas simples?

Em uma oportunidade, cheguei a assistir a um programa de televisão que consiste em entrevistas com pessoas que tenham alguma desavença com certo parente ou amigo, a ser discutida em público, perante uma apresentadora e um psicólogo convidado, onde cada um apresenta seu ponto de vista, procurando-se chegar a um consenso. Cada programa apresenta um determinado tema a ser discutido, onde vários contendores são postos frente a frente, e nesse dia foi colocada em pauta a “bronca” de umas pessoas com o comportamento antissocial de outras, de sua convivência.

Deus do Céu! É de cair o queixo o que aconteceu nessa apresentação. Confesso nunca haver presenciado antes tanta demonstração de ignorância, de insensatez e de selvageria por parte de pessoas que se dizem cidadãs – é inacreditável como o ser humano pode chegar a certas atitudes próprias de bestas desvairadas! Acho que começa a ficar mais claro o porquê de haver aqueles que se propõem a “botar a boca no trombone”, seja pela escrita ou pela palavra oral, com o fito de tentar mudar a desordem social, política, familiar, profissional, e sentimental dos povos, que está atingindo a situações insuportáveis para a convivência humana.

Vimos ali pessoas que agem de forma a desrespeitar grosseiramente, de maneira acintosa e até irresponsável, pessoas amigas ou familiares que as acolheram em seus lares, porque não têm onde morar e se encontram em situação financeira delicada, mostrando o quanto o homem pode chegar a tanta falta de noção do que seja o sentimento de gratidão para com o próximo. A convivência social torna-se muito mais fácil quando nos acostumamos a usar constantemente as palavras: muito obrigado, com licença, por favor, bom dia, parabéns etc., porque elas sempre abrem o caminho para o retorno de gentilezas, dando continuidade a harmonia e trocas de energias positivas, que mantêm a nossa vivência pacífica, mesmo no meio de ambientes estressantes. Daí então a pergunta: _Pra que complicar a vida?

Um exemplo escabroso foi o de uma moça, que está morando de favor na casa de sua cunhada, juntamente com uma filha pequena, e que declarou, abertamente, tratar mal de propósito as amigas dessa mesma cunhada porque “não vai com a cara delas”, simplesmente. Além disso, pelo fato da casa ser muito pequena, ela pouco se incomoda se a cunhada está com visitas ou com o marido no cômodo onde se encontra a TV e liga o aparelho no programa de seu interesse, no volume alto, ainda declarando que “os incomodados que se mudem”!

Outro caso deprimente foi com relação a outra mulher, que já tinha sido detida por razões de comportamento antissocial com vizinhos, assim envergonhando todos os familiares, mas que declarou em alto e bom tom que não tem medo da polícia, porque "ela é assim mesmo” e fim de papo, portanto os outros é que teriam de se acostumar com as suas atitudes, porque ela mesma não vai mudar. Outra então deixou bem explícito que pra ela não tem nada dessa “história” de ceder o lugar ou a ordem na fila para um idoso, uma gestante, um deficiente ou para mulher com criança no colo, porque o que é "dela" é dela por direito, por isso não abre mão de maneira nenhuma!

Francamente, tudo isso é digno de pena, pois todas essas pessoas estão no “limbo”, fora da realidade, por essa razão não sabem que estão complicando cada vez mais a própria vivência, se autodestruindo voluntariamente, porque essas atitudes só atraem negatividades e pensamentos rancorosos, que são o caminho mais curto para a infelicidade, a solidão e a depressão.

O que será que leva muitos a fazerem de tudo para complicarem as coisas simples, sendo que o melhor mesmo para todos seria despendermos nossos esforços para simplificar as complicações naturais da vida?

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 13/06/2009
Reeditado em 21/12/2010
Código do texto: T1647488