Por que não devemos ler?

Por que não devemos ler?

Ler implica na ruptura do condicionamento da superficialidade, nos conduzindo a esfacelação da aparência e mediocridade, o que é letal para a convivialidade saudável.Quem sabe demais representa um perigo para a nação.

Ao ler nos aproximamos da verdade, da relevância dos fatos, a lógica perfaz a insensatez patética da alienação.

A consciência se sobrepõe, despregando a máscara da realidade, desnudada, nos transita a essência que reluta omitir-se nos devaneios do senso-comum lapidado pela sociedade frívola e dissimulada.

Ler é letal, na medida em que nos vislumbra a razão das coisas, a motivação genuína da podridão e vileza mundanas. É a realidade nua e crua, como a água cristalina que a consciência ainda não descobriu.

Definitivamente não devemos ler.Nos intera dos acontecimentos políticos e sociais sem eufemismos, transcreve a coerência factual e destreza humana para a perfídia e demagogia.

Ler impõe fluidez intelectiva, quebra de paradigmas. Uma maturação indesejável, o gozo do doce e enjoativo debruçamento da essência das coisas.

Quem lê alcança os mais altos níveis de insujeição e compreensão, não se deixa enganar por qualquer verborragia, qualquer discurso erudito, percebe as artimamanhas da dialética inscrustando o vazio e predileção pelo engano.

Ler é aguçar as contradições, descobrir a incoerência maquiada, as explicações e aforismos restritivos, é despreender-se de conceitos limitantes e ignominiosos que jazem a ignorância deliciosa que nos valseiam pela dúvida e pela felicidade irrefletida, arrebanhada pela condução da vida sob o ritmo da direção do acaso.

Ler é libertar-se, é enxergar além do óbvio, é despir as entrelinhas da verdade singular. É ver a realidade cuspir na sua cara e ter as mãos atadas por saber que qualquer esforço promoverá apenas uma comoção instantânea, arquivando-se no inconsciente coletivo, sangrando e acomodado, letárgico pelo conformismo e desesperança.

A leitura e o conhecimento motivaram grandes invenções podativas e castradoras, os instrumentos de tortura, os orçamentos bélicos, o livro já representou o diálogo entre a guilhotina e o pescoço de quem se atrevesse descobrir, criar.

Com o computador e televisão ligados, gritando sob decibéis alucinógenos e frenéticos nos rebaixamos ao desprezo de todos que lutaram pelo direito de conhecer e mais uma vez brindamos a necessidade da encenação e instinto primário da coação pelos sentidos.

Edivaldo de Oliveira Barbosa
Enviado por Edivaldo de Oliveira Barbosa em 12/06/2009
Reeditado em 22/06/2009
Código do texto: T1645256
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