O "crack" e os craques
O CRACK E OS CRAQUES
Os noticiários nacionais tem aberto significativos espaços, divulgando etapas na guerra contra o crack, apontado como a mais devastadora droga de todos os tempos. As campanhas que se vê por aí são meritórias e legítimas, mas, a meu ver pecam por atacar o inimigo pelo lado errado, ou seja, combatem os efeitos mas, via-de-regra se esquecem das causas que lhe dão origem. ]
Na verdade, grandes atitudes como esta, seja da parte do governo, das igrejas, das escolas, da mídia e de toda a sociedade civil deveriam começar a partir do fortalecimento das famílias, local onde a história de todos os indivíduos tem origem. Sem uma estrutura familiar sólida, social e moralmente válida, é impossível fazer frente aos grandes problemas. É imperioso dar condições antes do que tentar remendar depois. Aí estão as crises provocadas pele bebida, maconha, cocaína, extasy e agora o crack, considerado o novo flagelo.
Há cinco anos não havia no Brasil viciado nessa droga. Hoje são mais de 60 mil, só no Rio Grande do Sul. O vício do crack começa com a primeira cachimbada. A pessoa experimenta, e na segunda já está viciada. Dentro de um ano, depois da perda de todos os referenciais morais, seu cérebro entra em colapso e o organismo cai numa falência que vai levá-la à morte.
A sociedade brasileira está cheia de maus exemplos. Ora é o atleta que é flagrado cm dosagens de droga na urina, ou o artista de televisão preso quando comprava entorpecentes na favela. A família deve induzir (e seduzir) seus jovens, ao invés de experimentar as drogas, convidando-os a ir num domingo, com o pai ao estádio, assistir um jogo de futebol, ou outras experiências gratificantes, como ler um bom livro, ter uma atividade, praticar esportes, descobrir a Internet, ir ao shopping com a mãe, assar um churrasco para a família, ou simplesmente ficar em casa, mexendo no computador, tocando violão, dedicando-se a trabalhos domésticos ou batendo um papo com a família.
É a partir desse convívio que se instaura um regime de unidade na família, e que nenhuma crise ou praga será capaz de desestruturar. Fortaleça-se a família e teremos pessoas capazes de vencer os desafios.
Na contramão das epidemias de crack é possível identificar muitos craques, não os do esporte, mas quem se destaca na vida familiar e na virtude. Trata-se daqueles jovens cuja vida é um modelo para a sociedade, e que como os heróis apocalípticos, conseguiram passar pela tribulação das drogas sem se contaminar.
Nesses eu incluo meus filhos, genro, nora, os filhos dos amigos, os rapazes e meninas da minha comunidade, meus ex-alunos da universidade e tanta gente boa que vive sem se seduzir pela droga. Esses são craques! Nesse particular está implícita a boa índole das pessoas, a qualidade de suas amizades, mas também agregado o modelo familiar e as advertências morais das igrejas.