A BESTA QUE EMERGE DO ABISMO
Na atualidade, como nos tempos antigos, o número 666 representa o esforço dos seres humanos em atrair submissão e adoração a idéias e filosofias humanas. Por isto, ao tempo do fim (o tempo atual), a exemplo dos tempos anteriores, conforme descrito em Apocalipse, surgem três bestas, ou três números 6, que representam as filosofias idealizadas por humanos com vistas em governar e conduzir a humanidade. As três bestas fundamentam-se nas filosofias e forma de entendimento humanos, formando Estados, onde usam a irresistível força das leis e das armas para impor-se.
A besta que sobe do mar seguirá representada pelo poderio paquidérmico (bestial - desastroso) do Sacro Império, cuja primeira hegemonia papal durou de 538 a 1798 (1260 anos – desde o primeiro Papa não imperador, ao Papa Pio VI, morto pelo General Bertier a mando de Napoleão). Essa mesma besta agrega hoje as milhares de doutrinas deturpadas que compõem a cristandade, representando a coluna religiosa do número 666.
A Besta que sobe da terra é representada por um país cuja fundação baseou-se no pensamento verdadeiramente cristão de misericórdia e liberdade religiosa, parecendo inicialmente com o Cordeiro, mas falando, por fim, como o dragão, apoiada pelos paises mais poderosos e influentes da atualidade. Tal besta é mesclada de religiosidade e incredulidade, que se entrelaçam produzindo seu poder, que se consolidou e declarou ao ela fazer cair fogo do céu, quando jogou as bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Essa besta possui o maior poderio político, econômico e militar do momento do tempo do fim (o momento atual), o qual seduz e controla o mundo através da diplomacia, dos filmes, da moda, da música e da guerra, destruindo àqueles que a ele se opõe, mas pretendendo curar as feridas através da ajuda humanitária. Esta besta representa e comanda a coluna bélica do número 666. Com seu poderio econômico e militar confere crescente simpatia e autoridade a primeira besta, que também recebe o apoio dos outros países mais poderosos do mundo.
A besta que sobe do abismo durante a ascendência da que sobe da terra, compondo boa parte de sua base filosófica. Ela é fundamentada nas filosofias iluministas incorporadas nos intelectuais da Revolução Francesa e seus seguidores, cujo pensamento se espalhou pelo mundo através do Positivismo, capitalismo selvagem e Comunismo, pretendendo elevar a razão humana ao grau de Deus em oposição declarada e direta ao próprio Senhor.
Apocalipse 11:7 prevê que, ao final dos 1260 anos em que as duas testemunhas (o Velho e o Novo Testamento) deixassem de ser perseguidas pelos Papas, “quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará, (...)”.
Os papas não as conseguiram vencer, sendo que foram protegidas por pessoas pobres perseguidas como hereges pela Igreja, mas a besta que sobe do abismo, o ateísmo, conseguiu vencê-las e matar por três anos e meio. Essas duas testemunhas são os dois Testamentos da Bíblia, queimados na praça de Paris em 1793 e reavivados três anos e meio depois, no mesmo tempo em que terminou a hegemonia Papal, quando o Papa Pio VI foi morto e Napoleão confiscou a escritura do Vaticano, tirando da Igreja a qualidade de Estado.
Em que sentido o ateísmo surge do abismo e como a luz iluminista se torna em uma besta? A Idade das Trevas, que terminou juntamente com a Idade Média, é o abismo construído pelo poder destruidor e imobilizante do Sacro Império. O iluminismo, que culminou na Revolução Francesa, é justamente uma reação ao abuso de poder da Igreja, a qual autorizava e compartilhava que as monarquias cobrassem pesados impostos, além da opressão e repressão paquidérmica que praticavam. O iluminismo saiu desse abismo no sentido que reagiu a ele valendo-se da brecha aberta pelos reformadores, que deram o sangue pela liberdade de consciência, forçando uma abertura nas trevas hermeticamente fechadas produzidas pelo Sacro Império, pois a repressão a qualquer produção de conhecimento, seja bíblico ou científico, era um ofício do qual a Igreja se ocupou diligentemente. Então, com tranqüilidade para discutir ciência nas reuniões dos palácios franceses, um grupo de pensadores começou a produzir conhecimento filosófico e científico com base nas filosofias gregas, então desencavadas. E, a exemplo dos filósofos gregos, que criam em seus deuses humanos, mas duvidavam do Deus da Bíblia, determinaram que Deus não existia, que Cristo era um impostor e que doze homens terem fundado uma religião que durara tanto tempo era um ultraje. Por isto, os, então tidos por inteligentes e iluminados, que desprezavam a idéia de um Deus todo poderoso em favor da valorização da vontade e atuação humana, começaram a perseguir os religiosos, não distinguindo reformadores de inquisidores, fazendo uma bela carnificina com os protestantes franceses (antes ainda da Revolução francesa), tornando os mártires da liberdade em mártires da brutalidade dita iluminada, como os gregos se entendiam a tocha da humanidade e pretenderam disseminar sua luz através da guerra que Alexandre espalhou pelo mundo antigo.
E a carnificina iluminista (humanista, ateísta, intelectualizada) prosseguiu por mais dois séculos, chegando até nosso tempo, embora que atualmente de forma parda. Assim agiram (e ainda agem) de forma extremamente bestial, bastando que se confira as barbáries praticadas na Revolução Francesa, nas degolas da Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, em 1893, cujo líder e mandante, Júlio de Castilhos, tem um monumento ao Positivismo em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre, e outras tantas revoluções pelo mundo, que foram inspiradas na mesma. Entre elas, convém destacar as revoluções comunistas na União Soviética, China, Coréia, Cuba, entre outras, somando cem milhões de mortos em um século apenas, sem contar os cadáveres dos protestantes franceses mortos pelos sábios franceses antes da Revolução Francesa na França, dos franceses mortos pelos franceses durante a Revolução Francesa e das tantas outras revoluções por todo o resto do mundo que se seguiram imediatamente à Revolução Francesa inspiradas por ela.
Quanto ao Positivismo, pretendia ser uma forma de governo, estabelecida sem eleição com voto do povo, imposta à força, a favor de quem aderisse, mas a despeito de quem criticasse. Todavia, segundo seus idealizadores, seria a forma de governo perfeita, pois os donos dos meios de produção (os ricos, claro), os sábios e os artistas comporiam o governo, sendo que o povo (o proletariado) seria formado por uma única classe, a qual receberia ensino até o nível técnico, formando profissionais eficientes, sem o entreve de criticar e opor-se ao sistema. Seus filhos receberiam estudo igualmente, mas a eles jamais seria permitido cursar nível superior para que não aspirassem ao governo. Dessa filosofia incrementou-se a industria, que aos seus olhos pareceu a solução econômica desse comunismo de duas classes, pois produziria renda para todos. Entretanto, o egoísmo dos ricos sabotou o sistema, quando visaram lucro exacerbado, produzindo o capitalismo selvagem, que encanta a maior parte dos portadores de poder econômico, sejam crentes ou descrentes.
Estruturalmente o Comunismo quase não se difere do Positivismo. A diferença é que punha o proletariado no poder, se tornado esse, porém, uma classe distinta depois de estabelecida. De resto, o mecanismo é o mesmo – o povo recebe qualificação profissional e salários iguais, não sendo proprietário de nenhum meio de produção ou indústria, pertencendo tudo ao governo, como no Positivismo, no qual tudo pertenceria aos que compunham o governo.
O que há de mais comum nos dois, porém, é a visão humanista, decretando que a crença em Deus é uma fraqueza, sendo que essa crença, segundo eles, servira para dominar o povo. De fato fora, mas não a crença em Deus, sim, a exemplo do que ocorre no Positivismo e Comunismo, a crença na distorção que os homens deram às coisas de Deus.
Portanto, nessas duas formas de governo o conceito de Deus não só foi extinto, mas a extinção foi imposta pela lei e brutalidade, excluindo Deus, a liberdade de consciência e os direitos humanos.
Por tudo isso o Ateísmo sobe do abismo, porque se ensejou da abertura que a Reforma Protestante produziram, não cooperando com ela, mas oportunizando-se, surgindo em oposição ao abuso de poder e obscurantismo produzido pela a Igreja Católica, e por sua atuação desastrosa, mas tornando-se opressor como antes o Sacro Império era, também se tornou uma besta, um poder que age sem perícia, mas de forma desastrosa e destruidora.
Esta besta forma a coluna ateísta (o conhecimento humano em oposição a Deus) do número 666, tendo também os dois atributos da primeira besta, o ferro e o barro dos pés da estátua de Nabucodonosor, respectivamente a visão religiosa (que é o barro), pois o ateísmo nega a Deus pondo-se no lugar dele, o que lhe dá o caráter religioso, e a visão política, que no Sacro Império era representado pela força das armas, que é o ferro. E tais atributos estão também na besta que sobe da terra, na qual predomina o caráter econômico e militar, mas possui o caráter religioso.
A primeira besta é a cabeça religiosa do número 666, a besta que sobe da terra é a cabeça política e militar e a besta que sobe do abismo é a cabeça atéia, a que consolida o aspecto anti-Deus dessa formação. Juntas, as três formam o caráter da grande besta – negar a Deus, dominar o povo e impor-se através da força.
Para melhor compreensão, leia o artigo O ANTICRISTO, AS BESTAS, O ARMAGEDOM E O SINAL, publicado neste mesmo espaço do Recanto das Letras.