O ERRO DE DESCARTES
O povo do oriente sempre teve uma compreensão muito profunda da vida. Possuem um conhecimento milenar, que parece ter sido adquirido em sua maior parte pelo alto índice intuitivo de seus homens. Mas, o hoje em dia, as declarações dos novos cientistas da mente e da micro-biologia estão se aproximando cada vez mais dessas descobertas milenares, de uma forma espantosa. Os hindus possuem um ensinamento antigo que chama-se Vedanta. Vedanta é a última parte dos Vedas, escrituras deixadas por sábios há mais de 5.000 anos. Ali, eles constatam que a matéria pode ser caracterizada por dois tipos: matéria grosseira e matéria sutil. Matéria grosseira é tudo aquilo que podemos ver com os nossos sentidos, como os objetos fora de nós, nosso corpo, etc. E por matéria sutil eles caracterizam tudo aquilo que existe como que invisível a nossa volta, mas que influencia o modo como vivemos a agimos. A eletricidade seria um bom exemplo de matéria sutil. Você não pode vê-la, mas ela está aí, e você sabe disso. Os raios-x, raios ultravioleta, raios beta, os impulsos que movem nossos computadores, tudo isso pode ser um exemplo de matéria sutil. Mas os hindus vão mais longe. Eles consideram também matéria sutil o pensamento e o sentimento. Interessante que você pode saber que um pensamento existe, mas não pode vê-lo ou comprovar sua existência. Você pode abrir um cérebro (matéria grosseira), mas você não verá os pensamentos lá dentro (matéria sutil). Os estudos da moderna ciência ainda se questionam da relação existente entre o cérebro e a mente (pensamentos). Seria no cérebro que os pensamentos são feitos, ou seria apenas o cérebro um processador, e não o criador dos pensamentos ? Os cientistas não sabem disso. É possível que a mente esteja em todo o corpo, e que não se situe apenas na cabeça. Os hindus diziam isso há milhares de anos. Pois agora, Antonio Damásio, cientista estudioso das Ciências da Cognição e micro-biologia, autor do livro “O erro de Descartes”, traz novas pinceladas sobre a questão, dizendo que “uma das coisas mais curiosas que está a acontecer é uma modificação da forma como os físicos concebem a matéria. A matéria não é apenas cimento e pedra, é também energia e fluxos. Assim, o nível de fenômeno biológico em que se desenrola a Mente é de um nível físico que ainda está por definir completamente. O que lhe posso dizer é que tenho a convicção que há uma matéria do pensar, da mente consciente, matéria essa que é biológica e altamente complexa, que está ligada ao funcionamento de redes nervosas — e que permite a própria perspectiva da primeira pessoa EU — e que nada tem a ver com a nossa concepção da matéria e dos objetos de pedra e cal e aço que temos à nossa volta.”
Esta definição de matéria sutil coloca a ciência a um passo das descobertas milenares. E permite também aqueles chamados “espiritualistas” de plantão lembrar que o pensamento é matéria, e portanto, nada tem a ver com a essência da inteligência divina que permeia o universo. Os Vedanta diz que tudo que existe na vida é sujeito mudança constante. O Vedanta Hindu disse que tudo muda, menos aquilo que faz tudo mudar, que não aparece, e fica por trás dos bastidores da mudança e da transitoriedade das coisas. Pra ficar mais claro, Deus seria algo que não é nem matéria sutil, nem matéria grosseira, mas uma inteligência misteriosa que ampara, que permeia, que sustenta essas duas matérias. Na verdade nem são duas matérias. Parecem duas porque nossa mente é limitada. São apenas níveis diferentes da mesma energia. O que acredito é que os diferentes planos de existência de que falam muitas religiões são oriundos desses níveis, ainda não estudados profundamente no ocidente. As curas, os milagres, os efeitos da parapsicologia, espíritos, nada mais seriam que níveis vibratórios diversos da matéria, uma matéria sutil, invisível aos olhos humanos. As superstições acabarão. O mundo verá renascer as portas de uma nova percepção da vida, baseada na ciência interior e exterior do homem.
SWAMI SAMBODH NASEEB - Terapeuta holístico, músico, escritor, palestrante e professor de meditação.