Na lista das Tríplices Fronteiras entre o Brasil e seus vizinhos da América do Sul já falei da fronteira com a Guiana Francesa, Suriname e Guiana e hoje chego ao ponto mais ao Norte do Brasil, na região do Monte Roraima onde está a 3ª Tríplice Fronteira, dividindo o Brasil da Guiana e da Venezuela, sem dúvida alguma, um dos pontos mais curiosos desta jornada insueta que eu não me canso de repetir, um tema que menos de 1% dos estudantes conhecem.
 
Todo mundo conhece a frase “do Oiapoque ao Chuí”, uma alusão aos extremos mais distantes do Brasil, mas o que pouca gente fez foi pesquisar; pesquisando e traçando linhas retas no mapa brasileiro podemos chegar à conclusão simples que o ponto mais ao Norte do Brasil está bem pertinho do Monte Roraima, exatamente no Monte Caburaí, 58 km da região da fronteira em questão; a mesma linha reta nos mostra que nosso ponto mais ao Norte está acima da localização de Caiena, na Guiana Francesa e muito acima de Oiapoque no Amapá, onde se fala até hoje que é a cidade mais setentrional brasileira. A distância em nível entre o Monte Caburaí e Oiapoque na altura do Cabo Orange chega a ser de 80 km em média, utilizando medições amadoras que eu mesmo fiz através do Google Earth.
 
Dizem os pesquisadores mais apaixonados, que se existe um Jardim do Éden aqui na terra, este com certeza está na região do Monte Roraima e o Monte Caburaí; todas as fotografias e imagens feitas por filmadoras desta região revelam a rara e exuberante beleza que ainda resta na Amazônia; plantas e animais totalmente desconhecidos ainda habitam o lugar e acredita-se que povos primitivos que jamais tiveram contato com humanos civilizados ainda morem por lá.
 
O ponto exato da fronteira dos três países está numa montanha fria e já está demarcado pelas autoridades das três nações; alguns aventureiros e pesquisadores devidamente credenciados pelos institutos de preservação da floresta e militares de defesa nacional dos três países já estiveram várias vezes no lugar, seja para colher dados científicos, seja para colher fotografias raras, de modo que mesmo após cada nova revelação, o lugar continua sendo um dos grandes mistérios deste lado da América, vergastando e alimentando os sonhos de mais pessoas que ainda desejam estarem lá um dia.
 
A região da 3ª Tríplice Fronteira está localizada a 1.465 metros de altitude em relação ao nível do mar; na região, tipicamente formada por um grande planalto foi demarcada oficialmente após uma expedição brasileira comandada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra Braz Dias de Aguiar em 1931, fato confirmado mais uma vez oficialmente em 1998 por outra expedição oficial brasileira comandada por Venceslau Braz de Freitas Barbosa, Prefeito de Uiramutã.
 
As distâncias mais uma vez podem parecer pequenas, mas tenho que lembrar que se trata da mais densa selva amazônica; 335 km até Georgetown (Guiana), cerca de 850 km de Caracas (Venezuela) e 270 km de Boa Vista (Roraima); chegar a esta tríplice fronteira exótica não é tarefa das mais simples, não há estradas e o acesso se dá somente através de embarcações de pequeno e médio portes pelos rios ou por meio aéreo; em ambos os casos o viajante terá muitas dificuldades.
 
A cerca de 200 km deste ponto de fronteira, do lado venezuelano na província de Bolívar, está um dos mais belos espetáculos da América do Sul, a queda d’água de Salto Angel com 807 metros de salto sem interrupção. Nos poucos roteiros turísticos que assiste um viajante para aquelas bandas do planeta, algumas operadoras oferecem vôos fretados com direito a sobrevoar o Salto Angel e a região do Monte Caburaí e Roraima, normalmente estas empresas fazem este tipo de pacote desde Caracas na Venezuela e com alguma sorte os turistas podem deliciar-se depois nas águas quentes do Mar do Caribe na Ilha Margarita ou em Trinidad e Tobago.
 
Infelizmente o nosso pouco conhecimento geográfico associada à baixa aplicação de dados como este nas salas de aula fazem com que cada vez menos as pessoas conheçam os pontos importantes de seu próprio país; os mitos que se perpetuaram por séculos enfim são explicados e provados.
 
E assim está quase encerrada a primeira etapa com as 4 tríplice fronteiras cuja civilização está muito distante; falta agora mostrar a última das fronteiras inacessíveis e no próximo capítulo estarei explicado onde o Brasil encontra com a Colômbia e a Venezuela, numa região cercada por lendas e violência, esquecimento e cocaína, onde assim como as anteriores as autoridades fazem vista grossa e praticamente as mantêm longe dos livros e longe do conhecimento.
 
Até a próxima aventura!
 
 
Carlos Henrique Mascarenhas Pires

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 08/06/2009
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