A eterna juventude dentro da Literatura Infanto-juvenil
Prof. Edson Gonçalves Ferreira (Ms)
Quando lemos ou relemos alguns livros infanto-juvenis como Peter Pan ou “Alice no país das maravilhas” e, “O sítio do Pica-pau amarelo”, deparamo-nos com algumas coisas que são inquietantes para nós, adultos e, portanto, foram trabalhadas de modo encantador e fantástico pelos autores.
No livro Peter Pan, o personagem fica surpreso quando o seu pai decide que a irmãzinha Wendy não poderia mais dormir com os irmãos, porque estava ficando crescida. Na mesma hora, para evitar isso, Peter Pan quer levá-la, imediatamente, para a Terra do Nunca a fim de evitar esse transtorno.
Já no livro “Alice no país das maravilhas”, quando ela começa a crescer descontroladamente queria, na verdade, queria ficar pequena. Ela cresce tanto que, ao chorar, suas lágrimas formam um rio que, quando o efeito do remédio passa, ela corre o risco de se afogar nas águas dos seus próprios olhos. A imagem metafórica é linda! Às vezes, sofremos demais para crescer tanto física quanto emocionalmente.
No “Sítio do Pica-pau Amarelo”, existe a personagem Emília que faz um diálogo fantástico com todas personagens e consegue, de forma magnífica, conjugar a fantasia com a realidade, cruzar universos como a intertextualidade com a cultura greco-romana e outras. Ela, por si só, já mexe com nossa imaginação, porque será sempre uma boneca criança que fala e pensa e interage, fantasticamente.
Todos esses livros foram alvo de crítica, porque, quando lançados, eram avançados demais para a época. Por exemplo, “Alice no país das maravilhas” é uma crítica ao governo aristocrático da Inglaterra; a obra lobatiana prega um nacionalismo que, na época foi duramente criticado e, ainda, supervaloriza o folclore nacional o que, muitas vezes, causou certa cautela da Igreja Católica ao deparar com as crenças pagãs colocadas nos seus livros.
Esses autores trabalham, como muitos outros, com o fantástico de forma surpreendente, fazendo com que nós, leitores, viajemos nas páginas de seus livros e, muitas vezes, de forma quase mecânica, aliviamos o nosso sofrimento, pois todos nós, seres humanos, estamos em constante mutação e como dói mudar, não é?
Ler é fundamental mesmo!... Ler é alimentar a alma. Também não é só um exercício para o lado intelectual, mas um exercício que satisfaz o mais importante de tudo: o coração que – creiam em mim – deve permanecer sempre criança, ou seja, sempre disponível, sempre puro para aceitar as maravilhas que existem no mundo e que, muitas vezes, por estarmos preocupados demais com a dura realidade, esquecemos de admirar.
Nos livros citados: “Peter Pan” e “Alice no país das maravilhas”, “O Sítio do Pica-pau amarelo”, todo um universo é trabalhado e, se você reler esses livros, vai perceber quanta beleza existe dentro de nós, humanos, independentemente, da faixa etária, porque juventude é mesmo – quando o coração ainda é jovem – um estado de espírito. E, para deixar o coração sempre jovem, nada como a leitura. Acordemos as crianças e nossos amigos para o delicioso mundo dos livros.
Divinópolis, 2004