ESTAMOS ENVELHECENDO!

Parece idiota o título deste artigo, pois isto faz parte do ciclo natural de qualquer espécie e o contrário, que seria rejuvenescer, sabemos que cronologicamente é impossível.

Mas o que pretendo enfatizar é que esse envelhecimento decorre de uma série de fatores positivos que se desencadearam nas duas últimas décadas no Brasil. Dentre eles destacamos a melhoria nos níveis de moradia, saúde e educação.

Os meios de comunicação são, em maior grau, os grandes responsáveis pelo aumento da conscientização da população em relação ao planejamento familiar. Há vinte anos ou mais, se um pai dissesse para o filho que no próximo final de semana ele visitaria o tio, certamente perguntaria qual deles. A maioria dos casais teve grande quantidade de filhos. Exemplo eu tenho em casa com meu pai, que possui onze irmãos. Hoje a mesma frase seria dita, mas o filho nem perguntaria qual tio visitaria, pois sabe que só tem um. A média de filhos no Brasil, atualmente, é pouco superior a dois filhos por casal.

Inúmeras são as campanhas na mídia que alertam sobre as DST e a gravidez na adolescência e, aliado a isto, temos a melhoria nos programas de educação, que qualificaram profissionais para atuarem em instituições de ensino e diretamente nas casas e discutir tanto assuntos relacionados à sexualidade quanto ao planejamento familiar.

Aliada à diminuição da taxa de natalidade, tivemos também a diminuição da taxa de mortalidade, tanto infantil quanto adulta. Contribuíram para isso tanto fatores relacionados acima como também os projetos de inclusão social, as melhorias nas condições de saneamento básico e, conseqüentemente, de moradia, as campanhas de combate à criminalidade, à fome, à miséria, etc.

Durante o ensino fundamental aprendemos sobre as pirâmides etárias. No chamado Primeiro Mundo, onde temos Estados Unidos, Japão e Europa, entre outros, a amplitude percentual entre determinadas faixas etárias é baixa, ou seja, não existe grande diferença de população dentro de uma faixa etária em relação à outra. Como dizia minha professora de Geografia, a pirâmide desses países é “gordinha”. Já no Terceiro Mundo, onde temos América Latina, África e quase toda a Ásia, ocorre extrema disparidade na população de cada faixa etária. Enquanto a base da pirâmide é larga, ou seja, a população infantil é grande devido à alta taxa de natalidade, o meio e o topo são estreitos, evidenciando alta taxa de mortalidade e baixa estrutura de melhorias na saúde. Em alguns desses países a expectativa de vida mal ultrapassa a casa dos 40 anos, enquanto que no Japão esse mesmo índice chega a 80 anos.

Mesmo ainda pertencendo ao Terceiro Mundo, o Brasil já ultrapassou a barreira dos 70 anos como expectativa de vida. Estamos envelhecendo sim, mas com maior qualidade e dignidade. É claro que estamos longe do ideal. Ainda convivemos com violência, fome, miséria, desemprego e falta de esperança, mas é bom saber que nossa pirâmide está “engordando” e revelando que, em alguns pontos, nosso país já pode ser considerado de Primeiro Mundo.