De Monstro a Santo...
(Reflexão sobre o texto "O discurso da servidão Voluntária", de La Boetie)
..."é o povo que se sujeita, que se degola, que, tendo a escolha entre ser servo ou ser livre, abandona sua franquia e aceita o jugo"...
Dia destes, mesmo, estive debatendo este assunto com uma amiga, que antes de mim, trabalhava no mesmo local que hoje ocupo. Quem ler minha assinatura ao final do texto, verá, sou aluna do curso de jornalismo, e acabei ganhando de quebra, um estágio em uma Câmara Municipal, prestando assessoria de imprensa. Pois bem. Muitas pessoas chamam de covil. Tem quem abomine política, tem quem não viva (ou sobreviva) sem ela.
A população vinculou muito o termo "política" à pessoas, e esqueceu do que realmente significa.
Política, na verdade, é organização, e tomando até uma certa dose de extremismo, uma estratégia de sobrevivência. Quem abomina política, não deve ter nem suas roupas guardadas em um roupeiro, ou senta na cadeira do padre, quando vai à Igreja. Ou, pior ainda: mata o próprio pai.
Quem ler este parágrafo, se em situação de ignorância, como grande parte do povo vive, E SE DEIXA VIVER, vai, com certeza se questionar: "o que minha casa tem a ver com aquele bando de corruptos?"
A resposta é bem simples: Política, é algo que se vive desde o momento em que se abre os olhos pela manhã. E o erro que faz com que as pessoas não a vejam desta forma, está lá no jardim de infância, quando nos livros de Estudos Sociais, estudamos capítulos chamados: "minha casa", "meu bairro", "minha cidade", "minha escola", e os nomes não são dados aos bois. Se desde a alfabetização, o educador colocasse a devida importancia da organização governamental (Logicamente, utilizando termos adequados à idade do aluno.), todos estariam acostumados com a liberdade e as opções que tem em mãos. Os capítulos estudados pelas crianças na ocasião dos Estudos Sociais (SOCIAIS, leiam bem!), nada mais são do que orientações de como se organizar, mas como em nosso país quanto menos se pensa, melhor, a corrida em direção a conteúdos relacionados à parte racional da Geografia é mais valorizada que a humana, que nos arrasta até os conteúdos de História, por exemplo.
Aliás, quando falamos em Geografia, o que relacionamos á ela? Coordenadas geográficas, mapas... sim, mapas. Sempre de divisão territorial, e nunca demográficos, ou com indicativos dos asapectos humanos da região em questão.
A partir do momento em que o povo é obrigado a escolher quem vai fazer o que ele nem sabe o que é, é óbvio que vai se subjugar e aceitar o jogo.
Quem sabe se desde pequenos os brasileiros soubessem que podem sim, entrar em uma Câmara Municipal, e serão bem recebidos pela maioria vereadores ( E é do gabinete deles que sai a dita política, é lá que tudo começa, após a mobilização popular...), ao contrário de um "Leviatã" (Monstro bíblico, com o qual o Filósofo Thomas Hobbes compara a política.), teríamos um "São Francisco de Assis".
Caroline Garcia
Acadêmica em Jornalismo.
(A verdadeira Informante de Lugarnenhum)