ESPIRITUALIDADE

ESPIRITUALIDADE

Vocês sabem definir o que significa espiritualidade? É notório que uma gama de pessoas já ouviu falar desta palavra e sabem o significado. Algumas a define por experiência própria, outras com suas próprias palavras e a maioria através do estudo sistematizado da religião. Antes de entrarmos no assunto propriamente dito, vamos explicitar o que seja espiritualismo. O Espiritualismo é usado em sentido oposto ao de materialismo; crença na existência da alma espiritual e imaterial. O espiritualismo é à base de todas as religiões. Acoplando definições vamos agora ao espiritualista. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. O que se refere ao espiritualismo, adepto de espiritualismo. É espiritualista aquele que acredita que em nós nem tudo é matéria, o que de modo algum implica a crença nas manifestações dos Espíritos. Todo espírita é necessariamente espiritualista, mas pode-se ser espiritualista sem ser espírita, o materialista não é uma coisa nem outra.

Espiritualista, aquele - ou aquela pessoa cuja doutrina é oposta ao materialismo. Todas as religiões são necessariamente fundadas sobre o espiritualismo. Aquele que crê que em nós existe outra coisa, além da matéria, é espiritualista, o que não implica a crença nos Espíritos e nas suas manifestações. (Espiritismo de A - a- Z) Já a palavra espiritualizar é mudar o campo de interesse, vivendo no mundo sem a ele prender-se. Lemos em determinada oportunidade a seguinte frase: “Espiritualidade Restauradora” - ficamos curiosos - para decifrar o porquê da frase. “Estudos tentam compreender o impacto da fé em vítimas de traumas psicológicos e a relação entre espiritualidade e saúde mental.

Afinal, práticas religiosas e espirituais são capazes de diminuir os sintomas pós-traumáticos? Tentamos reunir opiniões de diversos religiosos a respeito da espiritualidade. Espiritualidade vem de espírito. Para entendermos o que seja espírito precisamos desenvolver uma concepção de ser humano que seja mais fecunda do que aquela convencional, transmitida pela cultura dominante. Esta afirma que o ser humano é composto de corpo e alma ou de matéria e espírito. Ao invés de entender essa afirmação de uma forma integrada e globalizante, entendeu-a de forma dualista, fragmentada e justaposta.

Assim surgiram os muitos saberes ligados ao corpo e à matéria (ciências da natureza) e os vinculados ao espírito e à alma (ciências do humano). Perdeu-se a unidade sagrada do ser humano viva que é a convivência dinâmica de matéria e de espírito entrelaçados e inter-retro-conectados.

O grande Leonardo Boff que teve sérios atritos com a igreja católica repassa os seguintes postulados. “Espiritualidade concerne ao todo ou à parte? Espiritualidade, nesta segmentarização, significa cultivar um lado do ser humano: seu espírito, pela meditação, pela interiorização, pelo encontro consegue mesmo e com Deus. Esta diligência implica certo distanciamento da dimensão da matéria ou do corpo. Mesmo assim espiritualidade constitui uma tarefa, seguramente importante, mas ao lado de outras mais. Temos a ver com uma parte e não com o todo. Como vivemos numa sociedade altamente acelerada em seus processos histórico-sociais, o cultivo da espiritualidade, nesse sentido, nos obriga a buscar lugares onde encontramos condições de silêncio, calma e paz, adequados para a interiorização. Esta compreensão não é errônea. Ela contém muita verdade.

Mas é reducionista. Não explora as riquezas presentes no ser humano quando entendido de forma mais globalizante. Então aparece a espiritualidade como modo de ser da pessoa e não apenas como momento de sua vida. Daí, no termo, predominar o sentimento de irrealização e, consequentemente, o vazio existencial. O ser humano precisa sempre cuidar e orientar seu desejo para que ao passar pelos vários objetos de sua realização – é irrenunciável que passe - não perca a memória bemaventurada do único grande objeto que o faz descansar, o Ser, o Absoluto, a Realidade frontal, o que se convencionou chamar de Deus.

O Deus que aqui emerge não é simplesmente o Deus das religiões, mas o Deus da caminhada pessoal, aquela instância de valor supremo, aquela dimensão sagrada em nós, inegociável e intransferível. Essas qualificações configuram aquilo que, existencialmente, chamamos de Deus. A interioridade é denominada também de mente humana, entendida como a totalidade do ser humano voltada para dentro, captando todas as ressonâncias que o mundo da exterioridade provoca dentro dele. A profundidade: o espírito. Por fim o ser humano possui profundidade. Tem a capacidade de captar o que está além das aparências, daquilo que se vê, se escuta, se pensa e se Ama “O Reino de Deus está dentro de vós” proclama Jesus. Estas afirmações remetem a uma experiência vivida e não a uma doutrina.

A experiência é que estamos ligados e re-ligados uns aos outros e todos à Fonte Originante. Um fio de energia, de vida e de sentido perpassa a todos os seres, constituindo-os em cosmos e não em caos, em sinfonia e não disfonia. A planta não está apenas diante de mim. Ela está como ressonância, símbolo e valor dentro de mim. Há em mim uma dimensão montanha, vegetal, animal, humana e divina. Espiritualidade não consiste em saber disso, mas em vivenciar e fazer disso tudo conteúdo de experiência. Bem dizia Blaise Pascal: “crer em Deus não é pensar em Deus, mas sentir Deus”. A partir da experiência tudo se transfigura. Tudo vem carregado de veneração e de sacralidade.

A singularidade do ser humano consiste em experimentar a sua própria profundidade. Auscultando a si mesmo percebe que emergem de seus profundos apelos de compaixão, de amorização e de identificação com os outros e com o grande Outro, Deus. Dá-se conta de uma Presença que sempre o acompanha, de um Centro ao redor do qual se organiza a vida interior e a partir do qual se elaboram os grandes sonhos e as significações últimas da vida. Trata-se de uma energia originária, com o mesmo direito de cidadania que outras energias como a sexual, a emocional e a intelectual. Pertence ao processo de individuação acolher esta energia, criar espaço para esse Centro e auscultar estes apelos, integrando-os no projeto de vida.

É a espiritualidade no seu sentido antropológico de base. Para ter e alimentar espiritualidade a pessoa não precisa professar um credo ou aderir a uma instituição religiosa. A espiritualidade não é monopólio de ninguém, mas se encontra em cada pessoa e em todas as fases da vida. Essa profundidade em nós representa a condição humana espiritual, aquilo que desígnios espiritualidade. Mesmo dentro das tarefas diárias da casa, trabalhando na fábrica, andando de carro, conversando com os amigos, vivendo a intimidade com a pessoa amada, a pessoa que criou espaço para a profundidade e para o espiritual está centrado, sereno e pervadido de paz.

Irradia vitalidade e entusiasmo, porque carrega Deus dentro de si. Esse Deus é amor que no dizer do poeta Dante move o céu, todas as estrelas e o nosso próprio coração. Esta espiritualidade tão esquecida e tão necessária é condição para uma vida integrada e singelamente feliz. Ela exorciza o complexo mais difícil de ser integrado: o envelhecimento e a morte. Para a pessoa espiritual o envelhecer e o morrer pertencem à vida, não matam a vida, mas transfiguram a vida, permitindo um patamar novo para a vida. Assim como ao nascer, nós mesmos não tivemos que nos preocupar, pois, a natureza agiu sabiamente e o cuidado humano zelou para que esse curso natural acontecesse, assim analogamente com a morte: passamos para outro estado de consciência sem nos darmos conta dessa passagem.

Quando acordamos nos encontraremos nos braços aconchegantes do Pai e Mãe de infinita bondade, que desde sempre nos esperavam. Cairemos em seus braços. E então nos perdemos para dentro do amor e da fonte de vida. “Os mosaicos de variáveis constituintes da natureza humana não completamente conhecido pela ciência promovem uma ampla gama de respostas cognitivas comportamentais entre as vítimas de traumas psicológicos”. O certo é que psiquiatras, psicólogos clínicos, só aceitam aquilo que foi estudado e comprovado pela ciência. (Existem exceções) Será que a ciência teria condições em afirmar e comprovar pelos estudos a existência de Deus? Pesquisadores mostraram uma forte relação entre trauma psicológico e o desenvolvimento de Transtornos de Estress Pós-Traumático (TEPT). Transtornos depressivos transtorno de personalidade, transtornos somatoforme, fobias específicas, automutilação, suicídio, comportamento de alto risco e abuso de substâncias como drogas e álcool.

As nomenclaturas em sua maioria aqui enunciadas são síndrome da matéria e outras sofrem influência dos espíritos obsessores. Obsessão deriva latim obsessione que apresenta os sintomas de impertinência, perseguição, vexação. Já na psiquiatria a sinonímia quer dizer pensamento, ou impulso, persistente ou recorrente, indesejado e aflitivo, e que vem à mente involuntariamente, a despeito de tentativa de ignorá-lo ou de suprimi-lo; idéia fixa, mania. Claro que sendo humano o trauma vai nos trazer sofrimento e subjetividade, visto que esta subjetividade é relativa a sujeito, existente no sujeito individual, pessoal; particular, passado unicamente no espírito de uma pessoa, diz-se do que é válido para um só sujeito e que só a ele pertence, pois integra o domínio das atividades psíquicas, sentimentais, emocionais, volitivas, deste sujeito, na filosofia provém de um sujeito enquanto agente individual, ou coletivo.

Sendo o homem um ser espiritual e imperfeito o trauma vai mexer com suas emoções que devem ser enfrentadas com esperança e resiliência (Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica. Resistência ao choque). Outras definições de espiritualidade: “Espiritualidade é reconhecer nossa própria sabedoria interior, reconhecer o oráculo que existe dentro de nós. Se escutarmos a essa sábia voz interior, poderemos aprender como dar sentido às coisas e entender o que está acontecendo ao nosso redor. Quando vamos para dentro, a mente começa a se acalmar e assentar.

A vida se torna mais ordenada e nos sentimos mais contentes. Começamos a sentir que agora podemos ir em frente nessa jornada que irá nos preencher. Jim Ryan – Depois vem: “Quanto maior for a sua transformação, mais leve e luminoso será o brilho da sua espiritualidade. Ser espiritual é tornar-se preenchido com todas as virtudes e poderes e utilizá-los na hora certa. Aqueles que têm a experiência de permanecerem na companhia de pensamentos puros e elevados, nunca precisarão da bengala dos falsos suportes. António Sequeira, Virtudes para uma nova consciência, Centro de Raja Yoga Brahma Kumaris.Espiritualidade vem da alma, por isso o meio que concede esta primazia é o amor e a fé e partindo de um bom coração, caridoso, fraterno, e repleto de amor. A espiritualidade está acima da religiosidade. Pensem Nisso!

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E DA ALOMERCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 01/06/2009
Reeditado em 01/06/2009
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