A REVOLTA DA NATUREZA
Durante milênios o Homem conviveu harmoniosamente com o meio ambiente, saciando sua fome através da colheita de frutas e sua sede com águas puras e cristalinas de córregos e lagoas. Compartilhava pacificamente os recursos da natureza com outros animais - alguns dóceis, outros ferozes - até que, percebendo possuir uma inteligência superior, se impôs às demais espécies de vida. Ao criar armas rudimentares como lanças e tacapes, adquiriu superioridade em relação a animais hostis de grande porte - leões, crocodilos, tigres etc -, passando a enfrentar e vencê-los. Os animais dóceis eram abatidos facilmente para servirem de alimento. Já senhor do mundo, mas ainda nômade, o Homem buscou incessantemente novas fronteiras com o objetivo de saciar a fome da população que crescia constantemente, pela ausência de competidores. Nessa dispersão instintiva, atingiu regiões com climas e tipos de alimento bem diferentes daqueles de onde partira, que resultou, dezenas de milhares de anos depois, nos grupos raciais (diferenças anatômicas) e étnicos (diferenças culturais) hoje conhecidos. Entretanto, alguns grupos de humanos tiveram mais sorte em relação aos demais, ao ocuparem terras mais férteis, com abundância de água, de caça e de recursos minerais. Já os grupos menos favorecidos se viram diante de um dilema: ou sucumbiam ou invadiam domínios alheios em busca daquilo que precisavam. Ao optarem pela segunda alternativa provocavam guerras, onde o vencido era exterminado (caso do Homem de Neanderthal, há mais de 30 mil anos) ou absorvido culturalmente.
Explosão atômica
Mesmo na história contemporânea - fase considerada civilizada - temos inúmeros registros desse comportamento humano egoísta. Hoje, tendo resolvido no campo diplomático seus poucos litígios de fronteira, tendo desenvolvido tecnologia que lhe permite até explorar o cosmos e tendo adquirido, finalmente, mentalidade ecológica, o Homem começou a olhar com mais atenção para o planeta que lhe serve generosamente há milhares de anos. Percebeu, então, que vem cometendo erros terríveis no trato de sua grande morada. Em seu egoísmo insano, vem devastando florestas, extinguindo sem necessidade outras espécies de vida e poluindo a água, o ar e o solo. Com os recursos naturais não mais atendendo a demanda de uma super-população, busca desesperamente por soluções.
A situação fica mais crítica quando percebe que o ecossistema - a mãe Natureza - já não consegue compensar, corrigir ou reciclar "naturalmente" as disfunções que ele causa, com o seu comportamento mesquinho. Os danos na camada de ozônio, que o digam... A Humanidade está num impasse. Muitos cidadãos acham que os órgãos governamentais é que teem a responsabilidade de oferecer soluções, se abstendo de contribuir individualmente na missão de proteger e revitalizar o meio ambiente. Continuam, irresponsavelmente, a jogar lixo nos rios, a devastar reservas florestais, a construir ilegalmente em áreas de mananciais e a caçar (por esporte ou para negócios) animais ameaçados de extinção.
Desmatamento ilegal
É hora do Homem repensar profundamente seu papel de "Senhor do Mundo", pois, caso contrário, verá seu ciclo de domínio se encerrar rapidamente. Refletir é preciso...
Tornado sobre um centro urbano
Nilson Seizo Kobayashi
Conselheiro para assuntos de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, no Fórum Século XXI, realizado em 2000
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