Localizado na Costa Ocidental da África, Angola é um dos signatários da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) e que por conseqüência já é um dos que terão o esforço de equiparar sua língua com os demais membros: Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Ficaram de fora os outros dois países que admitem haver a presença da língua portuguesa, China (Macau) e Índia (Goa), porque nestas nações somente poucas pessoas ainda falam ou escrevem.
Juntamente com a Série Tríplice Fronteiras, que estou exibindo todo mês aqui no Irregular e no Recanto das Letras do UOL, também passarei a abordar os mais variados temas de cada uma destas nações que falam e escreve a velha língua lusitana, a Língua Portuguesa. O objetivo não é discutir o Novo Acordo Ortográfico, até mesmo por que em Portugal, os lusitanos afirmam que não darão a menor bola para o assunto, particularmente, eu também. A idéia desta série “Aqui se fala português” originalmente é do Zeca Camargo, mas não custa muito utilizarmos ainda mais a internet para instruir e apresentar as nações em que pouco ou nada ouvimos falar a respeito; são países em que qualquer brasileiro se sentiria um pouco em casa.
Para iniciar a série, pela ordem alfabética, República de ANGOLA; um pouco da história, dos costumes, da realidade contemporânea e das perspectivas de futuro desta nação brilhante que soube como ninguém a lidar com o terror da guerra e que até agora está sabendo lidar com um tema bastante procurado por muitos, a paz!
Angola geograficamente é limitada pelo Congo, Namíbia, Zâmbia e banhada pelo Oceano Atlântico; foi colônia de Portugal, assim como o Brasil e só conseguiu sua total independência em 1975, mais de 100 anos após o Brasil.
Pesquisas indicam que em Angola a maioria do povo vive em plena pobreza com altas taxas de miséria total, ainda assim o país é o segundo maior produtor de petróleo e o maior exportador de diamantes da região abaixo do Saara. Com tanto contraste em Angola a administração do país durante o início deste século é acusada de desviar algo em torno de R$ 8 bilhões.
Angola foi um importante entreposto comercial de Portugal, mas teve sérias intervenções da Holanda e foi um brasileiro, Salvador Correia de Sá que comandou a expedição de 15 navios de guerra que expulsaria os holandeses de Luanda, capital do país. Angola viveria outro inferno de 1975 até 2002 com a guerrilha entre os dois partidos que tentavam obter a plenitude do poder angolano; de um lado o Movimento Popular de Libertação de Angola e do outro lado a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola). Até hoje não se sabe ao certo o número de baixas, mas a ONU divulga que cerca de 4 milhões de pessoas foram diretamente afetadas, a mesma população de Luanda.
Por ainda esta vivendo momentos sensíveis pós-guerra Angola sofre para se reconstruir e manter uma harmonia interna. As grandes cidades como Luanda, Huambo, Lobito, Lubango e Benguela viraram grandes canteiros de obras com forte e maciça presença de brasileiros. O povo angolano composto em 98% de negros está empenhado desde 2002 em apagar os traços do terrorismo interno e voltam suas idéias para a criação de um país sólido, capaz e 100% soberano.
A lei de Angola somente garante o acesso da criança nas escolas até os 8 anos de idade, após isso ele terá que pagar pelos seus estudos. Ainda faltam estabelecimentos de ensino e professores, isso por conta dos saques e destruições das escolas ocorridas entre 1975 e 2002. Também foram mortos vários professores e outros envolvidos na educação didática daquela nação. Até hoje existe o medo das minas explosivas que foram plantadas em vários locais do país e este fator também contribui para que cerca de 50% das mulheres angolanas ainda não sabem ler. Angola possui uma das maiores taxas de analfabetismos entre os países que se rotulam em crescimento.
Em relação à língua o português atinge cerca de 60% da população e é a língua oficial, mas existem centenas de outras línguas tribais, dentre elas o umbundo que foi a língua mãe de 26% de todos os angolanos; outra língua amplamente falada é o quimbundo e foi justamente o quimbundo que mais influenciou na criação personalizada do que ouvimos hoje do português praticado em angola.
Em Angola, a dança distingue diversos gêneros, significados, formas e contextos, equilibrando a vertente recreativa com a sua condição de veículo de comunicação religiosa, curativa, ritual e mesmo de intervenção social. Não se restringindo ao âmbito tradicional e popular, manifesta-se igualmente através de linguagens acadêmicas e contemporâneas. A presença constante da dança no quotidiano é produto de um contexto cultural apelativo para a interiorização de estruturas rítmicas desde cedo. Iniciando-se pelo estreito contacto da criança com os movimentos da mãe (às costas da qual é transportada), esta ligação é fortalecida através da participação dos jovens nas diferentes celebrações sociais (Os jovens são os que mais se envolvem), onde a dança se revela determinante enquanto fator de integração e preservação da identidade e do sentimento comunitário.
Somente depois do Governo de José Eduardo dos Santos foi que Angola se abriu de corpo e alma para parcerias internacionais; o Brasil não ficou de fora desta atividade e da mesma forma que envia e vende, também compra alguns dos produtos produzidos por lá; o melhor desta parceria é a relação amigável de reciprocidade, ambos os povos se gostam muito e isso contribui para várias parcerias, várias colaborações recíprocas e uma perspectiva de futuro.
Para nós brasileiros, voar para Angola ainda é complicado e ainda muito caro; paga-se hoje por um vôo entre São Paulo e Luanda algo em torno de R$ 7,5 mil pela TAP, mas se o pretendente desejar ficar pelo menos um dia em Lisboa, pela mesma TAP o preço cai vertiginosamente. Ida e volta para Lisboa por qualquer companhia aérea não sai por mais que R$ 2,5 mil e de Lisboa para Luanda ida e volta o preço é de R$ 2,6 mil, uma redução de R$ 2,4 mil.
O turismo em Angola ainda é fraco e quase não se divulga os atrativos do país; a costa atlântica é rica em praias e lugares exóticos e o interior do país riquíssimo em cultura, mas aí voltam às velhas histórias de minas explosivas que ainda estão plantadas por lá, isso afugenta até o mais aguerrido militar linha dura.
Os hotéis ainda são tímidos e nada luxuosos, mas a estrutura já existente é satisfatória para um país que acabou de sair de uma guerra sangrenta; os preços agora ficaram salgados devido a alta procura de negociantes de diamantes, dos engenheiros civis das empresas que estão sediadas por lá e de aventureiros que buscam desesperadamente uma oportunidade de lucro com aquela economia. Um dos hotéis de destaque é o Vaxa N’Ngola Aldeamento da Mulemba que fica a 9 km de Luanda e cobra cerca de R$ 500,00 por noite; no centro de Luanda existem alguns, mas nenhum com preços abaixo da casa de R$ 200,00.
A moeda de Angola é o Kwanza, mas o Dólar Americano é o mais utilizado nas transações e o Euro a moeda mais forte nas ruas. A renda per capta dos angolanos está em U$ 5.500; apenas por comparativo, a do Brasil é de 10.326 dólares; quanto o tema é PIB é que nos destacamos com mais força, 90 milhões de dólares para Angola e 2 Trilhões de dólares para o Brasil, mais de 20 vezes.
A população de Angola é de 20 milhões de habitantes, o modelo de governo é república democrática parlamentarista, o Índice de Desenvolvimento Humano é baixo e a expectativa de vida segue o IDH, 42,7 anos; a mortalidade infantil atinge cerca de 11% dos nascimentos o que o deixa numa situação difícil em metodologias de saúde pública.
Com tudo isso Angola é linda, seu povo é sensacional e para mim continuará sendo a nação mais parecida com o Brasil na África; os angolanos merecem nosso respeito e nossa contribuição para sua recuperação e seu desenvolvimento.
Em Angola, como no Brasil, se fala português!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
www.irregular.com.br
Juntamente com a Série Tríplice Fronteiras, que estou exibindo todo mês aqui no Irregular e no Recanto das Letras do UOL, também passarei a abordar os mais variados temas de cada uma destas nações que falam e escreve a velha língua lusitana, a Língua Portuguesa. O objetivo não é discutir o Novo Acordo Ortográfico, até mesmo por que em Portugal, os lusitanos afirmam que não darão a menor bola para o assunto, particularmente, eu também. A idéia desta série “Aqui se fala português” originalmente é do Zeca Camargo, mas não custa muito utilizarmos ainda mais a internet para instruir e apresentar as nações em que pouco ou nada ouvimos falar a respeito; são países em que qualquer brasileiro se sentiria um pouco em casa.
Para iniciar a série, pela ordem alfabética, República de ANGOLA; um pouco da história, dos costumes, da realidade contemporânea e das perspectivas de futuro desta nação brilhante que soube como ninguém a lidar com o terror da guerra e que até agora está sabendo lidar com um tema bastante procurado por muitos, a paz!
Angola geograficamente é limitada pelo Congo, Namíbia, Zâmbia e banhada pelo Oceano Atlântico; foi colônia de Portugal, assim como o Brasil e só conseguiu sua total independência em 1975, mais de 100 anos após o Brasil.
Pesquisas indicam que em Angola a maioria do povo vive em plena pobreza com altas taxas de miséria total, ainda assim o país é o segundo maior produtor de petróleo e o maior exportador de diamantes da região abaixo do Saara. Com tanto contraste em Angola a administração do país durante o início deste século é acusada de desviar algo em torno de R$ 8 bilhões.
Angola foi um importante entreposto comercial de Portugal, mas teve sérias intervenções da Holanda e foi um brasileiro, Salvador Correia de Sá que comandou a expedição de 15 navios de guerra que expulsaria os holandeses de Luanda, capital do país. Angola viveria outro inferno de 1975 até 2002 com a guerrilha entre os dois partidos que tentavam obter a plenitude do poder angolano; de um lado o Movimento Popular de Libertação de Angola e do outro lado a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola). Até hoje não se sabe ao certo o número de baixas, mas a ONU divulga que cerca de 4 milhões de pessoas foram diretamente afetadas, a mesma população de Luanda.
Por ainda esta vivendo momentos sensíveis pós-guerra Angola sofre para se reconstruir e manter uma harmonia interna. As grandes cidades como Luanda, Huambo, Lobito, Lubango e Benguela viraram grandes canteiros de obras com forte e maciça presença de brasileiros. O povo angolano composto em 98% de negros está empenhado desde 2002 em apagar os traços do terrorismo interno e voltam suas idéias para a criação de um país sólido, capaz e 100% soberano.
A lei de Angola somente garante o acesso da criança nas escolas até os 8 anos de idade, após isso ele terá que pagar pelos seus estudos. Ainda faltam estabelecimentos de ensino e professores, isso por conta dos saques e destruições das escolas ocorridas entre 1975 e 2002. Também foram mortos vários professores e outros envolvidos na educação didática daquela nação. Até hoje existe o medo das minas explosivas que foram plantadas em vários locais do país e este fator também contribui para que cerca de 50% das mulheres angolanas ainda não sabem ler. Angola possui uma das maiores taxas de analfabetismos entre os países que se rotulam em crescimento.
Em relação à língua o português atinge cerca de 60% da população e é a língua oficial, mas existem centenas de outras línguas tribais, dentre elas o umbundo que foi a língua mãe de 26% de todos os angolanos; outra língua amplamente falada é o quimbundo e foi justamente o quimbundo que mais influenciou na criação personalizada do que ouvimos hoje do português praticado em angola.
Em Angola, a dança distingue diversos gêneros, significados, formas e contextos, equilibrando a vertente recreativa com a sua condição de veículo de comunicação religiosa, curativa, ritual e mesmo de intervenção social. Não se restringindo ao âmbito tradicional e popular, manifesta-se igualmente através de linguagens acadêmicas e contemporâneas. A presença constante da dança no quotidiano é produto de um contexto cultural apelativo para a interiorização de estruturas rítmicas desde cedo. Iniciando-se pelo estreito contacto da criança com os movimentos da mãe (às costas da qual é transportada), esta ligação é fortalecida através da participação dos jovens nas diferentes celebrações sociais (Os jovens são os que mais se envolvem), onde a dança se revela determinante enquanto fator de integração e preservação da identidade e do sentimento comunitário.
Somente depois do Governo de José Eduardo dos Santos foi que Angola se abriu de corpo e alma para parcerias internacionais; o Brasil não ficou de fora desta atividade e da mesma forma que envia e vende, também compra alguns dos produtos produzidos por lá; o melhor desta parceria é a relação amigável de reciprocidade, ambos os povos se gostam muito e isso contribui para várias parcerias, várias colaborações recíprocas e uma perspectiva de futuro.
Para nós brasileiros, voar para Angola ainda é complicado e ainda muito caro; paga-se hoje por um vôo entre São Paulo e Luanda algo em torno de R$ 7,5 mil pela TAP, mas se o pretendente desejar ficar pelo menos um dia em Lisboa, pela mesma TAP o preço cai vertiginosamente. Ida e volta para Lisboa por qualquer companhia aérea não sai por mais que R$ 2,5 mil e de Lisboa para Luanda ida e volta o preço é de R$ 2,6 mil, uma redução de R$ 2,4 mil.
O turismo em Angola ainda é fraco e quase não se divulga os atrativos do país; a costa atlântica é rica em praias e lugares exóticos e o interior do país riquíssimo em cultura, mas aí voltam às velhas histórias de minas explosivas que ainda estão plantadas por lá, isso afugenta até o mais aguerrido militar linha dura.
Os hotéis ainda são tímidos e nada luxuosos, mas a estrutura já existente é satisfatória para um país que acabou de sair de uma guerra sangrenta; os preços agora ficaram salgados devido a alta procura de negociantes de diamantes, dos engenheiros civis das empresas que estão sediadas por lá e de aventureiros que buscam desesperadamente uma oportunidade de lucro com aquela economia. Um dos hotéis de destaque é o Vaxa N’Ngola Aldeamento da Mulemba que fica a 9 km de Luanda e cobra cerca de R$ 500,00 por noite; no centro de Luanda existem alguns, mas nenhum com preços abaixo da casa de R$ 200,00.
A moeda de Angola é o Kwanza, mas o Dólar Americano é o mais utilizado nas transações e o Euro a moeda mais forte nas ruas. A renda per capta dos angolanos está em U$ 5.500; apenas por comparativo, a do Brasil é de 10.326 dólares; quanto o tema é PIB é que nos destacamos com mais força, 90 milhões de dólares para Angola e 2 Trilhões de dólares para o Brasil, mais de 20 vezes.
A população de Angola é de 20 milhões de habitantes, o modelo de governo é república democrática parlamentarista, o Índice de Desenvolvimento Humano é baixo e a expectativa de vida segue o IDH, 42,7 anos; a mortalidade infantil atinge cerca de 11% dos nascimentos o que o deixa numa situação difícil em metodologias de saúde pública.
Com tudo isso Angola é linda, seu povo é sensacional e para mim continuará sendo a nação mais parecida com o Brasil na África; os angolanos merecem nosso respeito e nossa contribuição para sua recuperação e seu desenvolvimento.
Em Angola, como no Brasil, se fala português!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
www.irregular.com.br