LEGÍTIMA CONTRIBUIÇÃO À LITERATURA NORDESTINA
Este título não é de minha autoria, eu o roubei da professora da Universidade Federal de Minas Gerais, Constância Lima Duarte, em sua Apresentação, no livro “O Romance da Besta Fubana – Festa, utopia e revolução no interior do Nordeste”, de autoria da professora Ilane Ferreira Cavalcante, o qual é resultado de uma pesquisa apresentada como defesa de tese, da autora, no Curso de Pós-Graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Eu tive a satisfação de ser presenteado com essa obra pelo escritor Luiz Berto, autor do famoso livro “O Romance da Besta Fubana”, e editor do “Jornal da Besta Fubana - uma gazeta da bixiga lixa (Blog)”.
Foi através deste jornal que eu soube do lançamento do livro “Antologia Poética – Retratos do Sertão”, uma grande obra do poeta, declamador, apologista e produtor cultural, Marcos Passos, hoje um grande amigo meu. Eu tinha certeza que esse seria um ótimo livro, no entanto me surpreendi quando o vi, no seu lançamento no dia 28 de março, na Casa da Cultura de Pernambuco.
Folheando suas páginas, naquele momento, descobri que esse é mais do que um simples livro de poesias, e mais do que uma Antologia, é uma importante obra de resistência da cultura nordestina, dentro deste Brasil, que infelizmente é globalizado para divulgar o que não presta e viciar os cidadãos com porcarias, desprezando os trabalhos de arte que têm qualidade. E um dos maiores culpados por isso, são os meios de comunicação, com raríssimas exceções.
Esse livro é de tal modo importante, para quem conhece, admira e respeita a genialidade dos poetas nordestinos, que passou a ser, atualmente meu livro de cabeceira. Ou, para ser mais preciso, “meu livro de banheiro”, porque é nesse local onde estou sempre sozinho e consigo me concentrar em boas leituras. O leio diariamente, e a cada página me encanto com as lindas poesias, que os repentistas, cordelistas, poetas e escritores criaram. É uma leitura deliciosa! O recomendo a todos que curtem boas poesias.
Quem ainda não o adquiriu, não sabe o que está perdendo. Esse não é um livro para se “degustar” em uma só leitura. Ele é como uma paixão, que você curte a cada dia, e quanto mais curte, mais percebe que ela vai se transformando em amor, porque esse é o que fica, a paixão é temporária, passa.
Sei que nesse dia-a-dia corrido, onde os avanços tecnológicos facilitam as leituras, através da internet, pouca gente se dá ao prazer de uma boa leitura em um livro. Entretanto, é preciso entender que um livro desses - do qual uma única leitura não é suficiente para absorvê-lo e curtir suas maravilhosas poesias - mesmo que esteja na internet, é muito mais gratificante e prazeroso lê-lo em nossas mãos.
Em seu sumário, o livro contém uma relação com oitenta e oito poetas, dentre os quais, quinze saudosos e excepcionais. Mas ele não só tem isso, foi uma modéstia do autor, grande poeta, que não se incluiu nessa relação, apesar de presentear os leitores com grandes poesias suas.
Marcos Passos também não incluiu nesse sumário, dois grandes poetas que estão presentes no livro, Maciel Correia e Joselito Nunes. Pois, em suas declarações na orelha e no prefácio do livro, respectivamente, eles escreveram, não uns simples textos, mas duas grandes prosas poéticas, que não deixam de ser duas poesias.
Além de nós, que os conhecemos, e eu particularmente, que sou amigo dos dois há mais de vinte anos, sabemos que eles são ótimos poetas. Inclusive, Maciel Correia é um excelente glosador de improviso, quem duvida tente enfrentá-lo numa roda de glosa e vai ver o que lhe espera. Dentre as que eu já presenciei, só o poeta João Luiz tem se igualado a ele.
Para resumir, faço questão de divulgar aqui, parte do texto, escrito por Maciel Correia na orelha desse fabuloso livro, Antologia Poética – Retratos do Sertão.
“Com o mesmo poder de recuperação que tem o sertão – quando sacode do lombo ressequido pelo rigor do impiedoso verão os farrapos de uma roupa cinzenta e, como num gesto de proteção, se cobre com um manto verde que mais do que esperança, representa a certeza de fartura – a inspiração brota nas almas dos nossos cantadores, embalada pelos sopapos do trovão e pelo barulho dos riachos de bocas enfeitadas de espumas deixadas pelos sapos”.
“O caroço de milho germina e racha a cova, que ainda carrega no dorso o rastro do sertanejo esperançoso, e espera a rama do feijão de corda que em breve se enroscará no seu caule para formarem o mais belo par da paisagem sertaneja”.
“Foi pensando nesse cenário que Marcos Passos teve a idéia de juntar as pérolas que compõem este rosário e nos brindar com poesias que mostram o lado alegre e bonito deste imenso país chamado sertão”.