Você...

Aos onze anos em diante, todos estamos entrando na fase de adolescência e já começam a aflorar os desejos, já pensamos em ter uma namoradinha, é por “Deus” mesmo. Destaco que comigo não foi diferente, já de onze para doze anos tinha um “amor”, quando frequentava a escolinha da roça a mais ou menos 5 km de casa, onde íamos estudar diversos meninos e meninas da vizinhança e também meus irmãos. Na frente de nossa casa morava outra família, a mais ou menos uns 3 km, que também tinha três crianças que iam à escolinha, sendo dois meninos e uma menina e o nome dela era igual ao de minha mãe. Naquela época a nossa timidez era muita, tanto a minha como a dela, e mesmo assim passei a gostar imensamente dela e ela também de mim. Muitas vezes só através de olhares. Eu a achava linda. A sua mãe, muito caprichosa no arrumar das roupas, sendo que, nesta escola, os meninos usavam a tradicional calça curta tipo bermuda azul e camisa branca, e as meninas saia azul com blusa branca. A mãe dela comprava ou confeccionava as roupas do uniforme. A saia da dela tinha um toque especial, feitas de preguinhas, muito caprichada e bem passada, que ainda lhe tornava mais linda, e seus cabelos, em forma de caracóis, a fazia uma princesa. Muitas vezes ela e seus irmãos vinham de carona com a professora que passava em frente à sua casa num trator daqueles importados, da marca Farmall, e todos de pé em cima de um assoalho de tábuas colocados sobre o hidráulico. Ela tinha dez anos e eu, onze. O meio que encontramos de nos comunicar era a troca de lanches no recreio. Ela trazia para mim bolos e eu sempre levava algo para ela. Muitas vezes eu ficava parado no pátio da escola esperando ela chegar e a gente só falava “oi” e íamos para a aula. Assim terminou o período escolar, passados três anos e meio, já que éramos bons de escola, passamos todos os anos sem repetir. Fiquei triste por não vê-la e quando se passou mais ou menos seis meses resolvi ir vê-la, mas não pude, pois fiquei o tempo todo conversando com seu pai na sala e só a vi de relance e de ouvir a sua voz conversando com a mãe na cozinha parecendo que lavavam louças e preparavam o almoço. Meses depois me mudei para a cidade de Barretos/SP para trabalhar e estudar, tomei outro rumo e nunca mais a vi, ficando somente esta historinha de um amor de crianças adolescentes que passou, gravado nas lembranças e nas memórias.

José Pedroso

Josepedroso
Enviado por Josepedroso em 30/05/2009
Reeditado em 23/09/2009
Código do texto: T1622583
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