O chapéu e os hinos...
Nos filmes mais antigos de faroeste era comum o ator usar chapéu, o que acontece ainda na atualidade. Por volta da década de 60 era comum o representante comercial viajante usar ou ser obrigado a usar o chapéu que fazia acompanhar o terno e a gravata, traje também obrigatório para se adentrar nos cinemas. Não permitiam entrar sem este traje, principalmente aos sábados e domingos. Existem histórias deslumbrantes sobre este adorno protetor da cabeça e que podemos lhe qualificar com diversas finalidades; desde protetor da saúde contra os raios solares, para quem trabalha diretamente ao relento do sol o dia todo e que seu uso torna-se obrigatório, pode também servir de enfeite tanto masculino como feminino, quando se trata dos chapéus das madames, das damas em eventos especiais. No deslumbre das histórias dos chapéus há verdadeiros amores por aqueles que os usam por vários anos tornando seu pertence de estimação e verdadeira adoração, além das qualidades acima mencionadas com relação à proteção. Historiando o chapéu, me lembrei que dos oito aos dezessete anos, período em que morava com meus pais em fazendas de cafezais e trabalhava com meu pai usando o chapéu como protetor solar e que ele exigia que todos o fizessem, meus irmãos menores e também minha mãe quando trabalhávamos juntos na lavoura no plantio e tratos culturais e na colheita do café, do arroz, do feijão, do algodão e do milho e também na fabricação do melado e da rapadura, que era uma sucessão de tarefas, ora tratos culturais, ora colheita, ora fabricação de rapadura e melado de cana, alternando o ano todo. Naquela época, ganhei um chapéu Panamá de meu pai, que era muito usado nas festas do peão em Barretos. Por sinal, as primeiras festas daquele evento que hoje se tornou internacional e moda da época nos anos 60 é lembrado que tínhamos um funcionário (peão) por nome de Joaquim Paraguaia que, na época da festa, montava em cavalos nas preliminares e ficava o ano todo comentando e se preparando para as montarias e festas, quando sumia só aparecendo ao término da mesma. Satisfazendo meus ideais e sonhos, insisti em mudar a profissão e aprender mecânica? Ser motorista de caminhão? Auxiliar de almoxarifado de uma oficina mecânica? Auxiliar de escritório? Quando surgiu a oportunidade de auxiliar de almoxarifado de uma oficina mecânica em Barretos/SP próximo de onde morávamos, fui mais do que depressa deixando sem nenhum apego o meu Panamá e também meu chapéu de trabalho que esqueci por completo, porém não me esqueci do chapéu do meu pai que ficava pendurado na porta ou em cima das pilhas de sacos de grãos que eram ali armazenados, e volto a lembrar do meu pai e de minha mãe que muitas noites cantarolavam em duetos, enquanto faziam trabalhos domésticos belos hinos por horas a fio e sem perceber, nós dormíamos para no outro dia despertar para a nova jornada.
José Pedroso
Auto Peças Pedroso
Já publicado em jornais locais há anos