MEIO AMBIENTE: MAIS UMA REFLEXÃO (2)

No artigo anterior, falávamos que o desperdício d’água, o desmatamento e o hiperconsumo, aliado à grande produção de lixo são problemas que podem levar ao fim da espécie humana dentro de alguns milhares de anos. Sobre o desperdício d’água já comentamos. Agora nos detemos aos outros problemas enumerados.

É inadmissível continuarmos derrubando o que ainda resta de árvores por este país. Só para ilustrar este comentário, lembramos que o desmatamento das florestas brasileiras foi iniciado há exatos 509 anos, logo que os portugueses colocaram os pés na 'Terra Brasilis', em 1500. Começou pela Mata Atlântica (hoje um dos biomas mais ameaçados de extinção do Planeta), com o corte do pau-brasil para o mercado europeu. De lá para cá não parou mais.

Depois da Mata Atlântica a devastação chegou ao cerrado, à caatinga, aos manguezais e à Floresta Amazônica, com a exploração ilegal de madeiras de lei como o jacarandá, o mogno, o cedro e o jequitibá.

No ano de 2000, segundo relatório produzido pela ONG ambiental WWF, a Amazônia já havia perdido 13% da sua mata nativa. A situação da Mata Atlântica era muito pior: restava apenas 9% da cobertura original encontrada na época do ‘descobrimento’. A outrora segunda maior floresta tropical úmida do Brasil, com uma área de 1.306.421 quilômetros quadrados, conta hoje com apenas 52 mil quilômetros quadrados, ou pouco mais de 6% da área.

Mas também assistimos desmatamentos nas chamadas 'frentes agrícolas'. Em nome da produção de alimentos e do desenvolvimento (predador, diga-se de passagem) são derrubados milhões de hectares de árvores. O êxodo rural e a ocupação das áreas urbanas são outros fatores que desencadeiam a redução das áreas verdes.

Infelizmente, o homem se esquece que as matas servem, entre outras coisas, para garantir o ciclo de produção de água doce; são o habitat natural de diversas espécies animais e responsáveis pela absorção de gases como o dióxido de carbono (CO2) – um dos responsáveis pelo aquecimento global. As árvores e plantas também são fontes para a produção de remédios e substâncias utilizadas na higiene pessoal e no tratamento de inúmeras enfermidades.

O homem deveria se conscientizar de que desmatar é um dos piores crimes que ele pode praticar contra a natureza. Muito bom se pudéssemos fazer cumprir a lei nº 9.605/98 (Art. 38 e 39) e a lei nº 4.771/65, que no seu artigo 2º estabelece as áreas de preservação permanente.

Já com relação ao hiperconsumo, faço questão de citar o professor de filosofia da Universidade de Grenoble/França e teórico da ‘hipermodernidade’, Gilles Lipovetsky, autor de inúmeras obras sobre as sociedades contemporâneas. No seu recente livro, “A felicidade paradoxal – Ensaio sobre a Sociedade do Hiperconsumo”, Lipovetsky faz uma reflexão sobre essa nova sociedade e a nova fase do capitalismo, surgida com o nascimento do Homo consumericus – um ser imprevisível, imediatista, extremamente consumista e defensor da idéia de que viver melhor é uma grande paixão.

Nos últimos 30 anos, o mundo convive com a oferta permanente de produtos em escala e intensidade jamais observadas. As pessoas consomem irresponsavelmente e essas ações afetam diretamente o meio ambiente, com o descarte, sem qualquer cuidado, de celulares, computadores e aparelhos eletrônicos. Esquecem-se, por exemplo, que os componentes eletrônicos e baterias desses aparelhos contêm metais pesados, como o cádmio, o chumbo e o mercúrio – nocivos à natureza e à saúde humana.

Na próxima segunda-feira (01/06/2009) tem início a Semana do Meio Ambiente. Esperamos que os leitores possam discutir sobre essas questões. É inadiável a proteção do meio ambiente.

Reflitamos todos sobre o assunto!

ALEXANDRE ACIOLI

alexandreacioli@yahoo.com.br

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