E para o chão foi o almoço...

Vendo na televisão, no Jornal Nacional, mulheres coreanas espécie de entregadoras, carregando enormes bandejas com refeições, quentinhas a ser entregue em casas e empresas, enfrentando a modernidade dos fast food americanos como os Mac Donalds e outros que invadem o mundo vendendo seus produtos, principalmente onde há a concentração de milhões de pessoas.

Por aí é que o comércio local tem que modernizar e se desdobrar em melhor qualidade para a sobrevivência, dentro da competitividade, para sobressair às economias gigantes dos Estados Unidos. O interessante que elas fazem o trabalho a pé, com o máximo de rapidez e o cuidado para não derrubar o grande volume.

Lembrei-me quando eu, menino de nove anos, e o meu irmão de sete anos fomos levar o almoço para o meu pai e mais alguns peões. Deviam ser quatro ou mais pessoas que trabalhavam na colheita de arroz. Os peões eram primos e tios, parentes de meu pai. Eu estava levando o almoço numa bacia grande, onde estava o arroz, o feijão, colocados no sistema de bandeja, lado a lado, e as misturas por cima. O meu irmão levava os pratos, o irmão mais novo de cinco anos, uma garrafa com café, e minha mãe, prevendo que ia esquentar, colocou uma espécie de trouxa entre a minha cabeça e a bacia com as refeições.

Lá fomos nós levar, sendo que já esperavam e com fome, sendo comum ficar olhando pelas trilhas por onde vem o almoço, principalmente quando bate a fome. A distância me foge da memória, pois já faz cinquenta anos, mas acho que era de 1 a 3 km, e o calor começara a passar para minha cabeça. Foi ficando pesado, mas não tinha jeito de descer e cada vez esquentando mais, até que chegando, já a poucos metros onde eles trabalhavam me descontrolei com o peso que já doía o pescoço e queimava a cabeça.

Um pequeno tropeção e foi tudo pró chão, misturado à terra. Esperei uma enorme bronca do meu pai, que não aconteceu. Acalmaram-me, pegaram por cima o que sobrou e almoçaram assim mesmo, em quantidade menor, e mais tarde ganharam um lanche mais reforçado. Eu não tive que pagar como fazem as coreanas que, se deixarem cair, será descontado dos seus salários. Minha mãe foi quem levou uma pequena bronca porque não colocou nas marmitas, como era de costume e mais fácil de carregar, pois facilitava descansar no caminho.

José Pedroso

Uma publicação antiga

Josepedroso
Enviado por Josepedroso em 27/05/2009
Reeditado em 23/09/2009
Código do texto: T1618573
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