O QUE E HERNIA DE DISCO?
O QUE E HERNIA DE DISCO?
A coluna vertebral é uma estrutura dividida a grosso modo, em parte anterior e posterior. A primeira consiste em corpos vertebrais cilíndricos, articulados por discos intervertebrais e unidos por ligamentos longitudinais anterior e posterior. Os elementos posteriores estendem-se a partir dos corpos vertebrais como pedículos e lâminas que formam, com as faces posteriores dos corpos vertebrais e ligamentos, o canal vertebral. Lateral e posteriormente, projetam-se processos espinhais e transversos onde os músculos se inserem. A estabilidade da coluna depende da integridade dos corpos vertebrais, discos intervertebrais, ligamentos e musculatura.
Uma unidade funcional vertebral (UFV) consiste de duas vértebras adjacentes com o disco interposto e todas as estruturas associadas: articulações, cápsulas, ligamentos, músculos e estruturas neuro-vasculares. Os discos intervertebrais são estruturas constituídas de um núcleo pulposo firme, cercado por anel de fibrocartilagem e tecido fibroso, que liga duas vértebras. A UFV forma um complexo triarticular com uma articulação cartilagínea ou sínfise anteriormente (disco intervertebral) e duas articulações sinoviais posteriormente (articulações facetárias). A segunda vértebra de uma UFV é ao mesmo tempo a primeira vértebra da UFV seguinte, e assim nenhum segmento da coluna vertebral é considerado independentemente e isolado. Alterações em uma estrutura ou articulação repercutem nas outras, com sobrecarga, maior desgaste e aceleração do processo degenerativo. A sobrecarga nas articulações facetarias resulta em desgaste da cartilagem articular, exposição do osso subjacente, que responde com formação óssea (osteófito), hipertrofia cápsulo-ligamentar e instabilidade da coluna. O traumatismo agudo ou crônico repetitivo ao longo da vida causa inicialmente fissuras no ânulo fibroso, envoltório do disco intervertebral, fragilizando-o e favorecendo herniação do núcleo pulposo (hérnia de disco), com possível compressão das estruturas nervosas adjacentes. Por sua vez, a diminuição do espaço intervertebral conseqüente a uma discopatia gera formação de osteófitos vertebrais e sobrecarga secundária nas articulações facetarias. Durante a ocorrência desses eventos pode haver aparecimento de sintomas resultantes da inflamação das estruturas degeneradas ou da compressão sobre as estruturas nervosas devido a instabilidade, hipertrofias ósseas ou cápsulo-ligamentares.
As regiões da com maior mobilidade são a lombossacra e a cervical e por isso, as mais sujeitas à lesão. A hérnia de disco Cervical acomete mais frequentemente os discos cervicais C4-C5, C5-C6 e C6 C7 são na maioria das vezes estão relacionadas a processo degenerativo e progressivo da coluna vertebral. Quando aguda, a causa geralmente é um traumatismo por flexão da coluna. Alterações degenerativas nos discos intervertebrais e ligamentos começam a ocorrer já na terceira década de vida. O quadro degenerativo inicial, representado por afinamento ou protusão discal (abaulamento do disco) é uma condição onde o anel fibroso que envolve o disco intervertebral permanece intacto e geralmente é silencioso ou pouco sintomático, mas progressivo. Um espirro, um solavanco ou movimento trivial, podem causar rotura da parede do anel fibroso enfraquecido com extrusão de massa discal/núcleo pulposo (hérnia de disco) para o canal medular ou em direção a emergência das raízes nervosas, provocando quadro clínico relacionado e incapacitante.
A degeneração discal é um evento multifatorial com fatores intrínsecos e extrínsecos afetando o seu curso, com forte influência genética. A hérnia de disco sintomática pode ser encontrada em qualquer faixa etária, porém é mais comumente diagnosticada entre 35 a 45 anos. A degeneração do disco tem sido atribuída ao acúmulo de efeitos ambientais, primariamente agressões e traumas, hábitos de vida, tabagismo, aterosclerose, acrescidas das mudanças que ocorrem com o envelhecimento. Achados recentes, no entanto, demonstram que esses efeitos influenciam modestamente a degeneração discal, o que reforça a importância da participação dos fatores genéticos nesse processo. A expressão de fatores hereditários conduz a alterações na estrutura ou meio bioquímico do disco, tornando-o mais suscetível à lesão e subseqüente herniação. Esta predisposição genética explicaria os casos de degeneração discal em indivíduos menores de 21 anos.
O diagnóstico é feito com tomografia computadorizada e ressonância magnética. O quadro clínico é de dor que se irradia para a região posterior do pescoço e para os membros superiores e mãos , panturrilhas e na dependência da raiz nervosa comprometida, postura rígida e antinatural da coluna, alterações de sensibilidade, diminuição de força muscular e reflexos prejudicados. As manobras que tracionam as raízes nervosas pioram muito a sintomatologia.
O tratamento inicial para hérnia de disco é conservador, com repouso absoluto por 2-3 semanas, analgésicos e relaxantes musculares. A grande maioria das hérnias discais são assintomáticos ou não precisam de tratamento cirúrgico, com remissão dos sintomas a partir de repouso, tratamento medicamentoso e fisioterapia, para fortalecimento de musculatura paravertebral, e medidas que diminuam a sobrecarga da coluna. Somente hérnias que produzam compressão severa, com dor intratável ou déficit neurológico progressivo tem indicação verdadeira de tratamento cirúrgico. A indicação cirúrgica fica limitada aos casos em que não há melhora do quadro após 6 semanas de tratamento conservador. As alterações neurológicas nem sempre regridem. Cerca de 25% dos pacientes operados, permanecem com sintomas problemáticos e 10% necessitam de outra cirurgia. A cirurgia pode consistir em hemilaminectomia com excisão do disco acometido; quando existe instabilidade na coluna cervical a artrodese vertebral é o tratamento de escolha, mas ela acarreta estresse mecânico aos níveis adjacentes à fusão, estimulando a instalação ou progressão rápida de processo degenerativo já instalado. Mais recentemente, as cirurgias que preservam a mobilidade, incluindo a prótese de disco e a fixação dinâmica posterior, têm ganhado o interesse de muitos cirurgiões. Os espaçadores dinâmicos interespinhosos, por exemplo, são implantados entre os processos espinhosos das vértebras cervicais, mantendo a mobilidade parcial do nível fixado; Promovem a distração do espaço interespinhoso reduzindo a pressão sobre as facetas articulares, "abrem" o forame de conjugação, diminuem a pressão sobre o disco intervertebral. No entanto, a literatura é pobre com relação aos resultados em longo prazo das técnicas que preservam a mobilidade da coluna e alguns trabalhos mostram resultados insatisfatórios, no que se refere à manutenção da mobilidade e estabilização da coluna.
COMENTARIOS RECEBIDOS:
Existe forma de parar ou desacelerar o processo de degeneração do disco tomamndo suplementos alimentares(glucosamina por exemplo)??? Obrigada Rita Veiga
Enviado por rita veiga (não autenticado*) em 06/11/2009 10:11
para o texto: O QUE E HERNIA DE DISCO? (T1618147)