Suficiente

Aquele que nutre um amor verdadeiro, quando não recebendo em troca o esperado, e por amar tanto, contenta-se com as migalhas que sobram do sentimento alheio.

Esse contentamento não é exclusivo do amante; está latente na sociedade e, a cada solicitação, pulsa arritmicamente, desenvolve-se, convence, e tudo passa a uma normalidade, intrinsecamente normal a todos, que a predisposição humana à queixa esvai-se.

É assim quando nos contentamos, mesmo vivenciando o estado de insegurança pública, com a prisão de pequena fração de meliantes, concursados ou não, eleitos ou elegíveis; ocorre ao nos contentarmos com uns poucos "Cristóvãos" e "Jefersons" que conhecemos. Contentamo-nos com um ou outro caso “anormal” de heróica honestidade daquele que devolve o achado que não é seu. E no país do futebol – onde já se viu? -, contentamo-nos em a seleção perder de pouco para a fortíssima seleção paraguaia ou empatar maravilhosamente na agora temível altitude boliviana.

Enfim, nos momentos em que tudo parece perecer, o mínimo, o ínfimo passa a ser o suficiente

Rogerio Bandeira
Enviado por Rogerio Bandeira em 27/05/2009
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