Bases Para o Crescimento Sustentavel.
O homem muda o meio onde vive e o meio muda o homem. Essa frase talvez seja de forma sucinta a melhor definição da trajetória do homem e sua relação com o meio ambiente desde sua origem ate os dias atuais em que muitas são as preocupações ecológicas.
O homem por ser um animal racional usou e tem usado, creio que da melhor forma, dois dos seus instintos básicos de sobrevivência: a curiosidade e o medo. Por ter medo do escuro criou a eletricidade. Por temer ficar sem espaço projetou prédios e estradas para seus carros. Temendo acabar os alimentos iniciou pesquisas e temos hoje os trangênicos. Antecipando-se ao fim das reservas petrolíferas surgiram os biocombustiveis. O que nos faz pensar que no futuro será diferente? Perderemos a capacidade de criar?
O parecer da ONU de que as mudanças ambientais é um processo irreversível se baseia nos meios que temos hoje e nos moldes dá civilização moderna. Vale lembrar que irreversível não significa que não possa ser retardado. Confio na capacidade humana de se adaptar e reprogramar. Como exemplo, basta dizer que há 100 anos era utópico pensar que o homem se comunicaria a distancia e sem fios. Hoje é fato inquestionável.
As cidades ocupam hoje cerca de 5% da superfície terrestre, embora consumam aproximadamente 75% dos recursos naturais. Sei que 5% é pouco e 75% muito. Mas o que estamos fazendo aqui não é educação ambiental? Se realmente acreditarmos que já estamos condenados de que vale esse esforço?
Talvez o homem tenha compreendido com atraso que o meio ambiente não é apenas flora e fauna como era entendido e ensinado até pouco tempo atrás, mas todo espaço social em que vive. E infelizmente é notório que muitos ainda não “acordaram” para a realidade de que a preservação é uma responsabilidade unânime e quando digo isso me refiro a todos, do simples cidadão às grandes empresas, inclusive é claro governos de paises desenvolvidos que relutam em assinar tratados ambientais como o de Kyoto (emissão de poluentes).
Devo dizer que não podemos esperar que somente os governantes busquem soluções. Seremos hipócritas se pensarmos que deixaram de lado questões politico-econômicas e outras de imediatismo absoluto em favor de soluções para problemas futuros não relacionados a seus mandatos. Mesmo quando há boa vontade em relações ambientais eu pergunto: De que adianta elaborar leis se não serão seguidas a rigor e muitas vezes sequer existe fiscalização? Leis seriam quase desnecessárias em uma sociedade em que o homem entendesse e cumprisse seu papel de preservador. Afinal, não é essa a proposta do Gênesis quando impõe que o homem governe sobre os animais e sobre tudo o que na Terra existe?
Acredito que uma sociedade educada é ainda a melhor forma de retardarmos o processo de crescimento desordenado e conseqüente mau uso dos recursos ambientais, mas que essa educação tenha como base a preservação e não restauração, pois muito do que tem sido feito hoje se baseia nesse principio. Como exemplo, basta dizer que muitos acreditam que plantar árvores é preservação, mas na verdade isso é um equivoco, pois plantar é restauração. Não derrubar seria preservação.
Creio que uma sociedade educada possa eleger futuramente representantes com essa convicção e assim estarem mais preparados para os desafios de crescer sócio-economicamente de forma sustentável. Talvez os governantes possam financiar mais pesquisas tecnológicas relacionadas à questão ambiental e assim nos garantir uma sobrevivência sem sacrifícios; entendendo que também somos parte da biodiversidade, portanto dependentes da natureza.