Da mesma forma que milhares de pessoas decidem aleatoriamente ingressarem nos Estados Unidos da América como forma de valorização de suas mãos de obras, acabando por passar necessidade porque o país não comporta mais tanta gente de fora; milhares de pessoas de outras nacionalidades, dos cinco continentes, encontram no Brasil uma espécie de segunda chance, ou segundo plano, como se fosse uma alternativa fácil para quem não consegue nada lá na “América”.
 
Basta andar pelas ruas de São Paulo, numa tarde ensolarada para se encontrar chineses, coreanos, paraguaios, bolivianos, argentinos, libaneses, italianos, palestinos, japoneses, enfim, gente de várias nações que adotaram ou são obrigados a permanecer por aqui desempenhando todo tipo de função, inclusive a de mendigo.
 
Não é de hoje que o Brasil se tornou um expoente para as pessoas de outras nações, no início do século passado, com a escassez da mão de obra escrava, os italianos chegaram em massa para ocupar vários cantos do Brasil; alemães, poloneses e árabes também fizeram esta viagem sem volta há cerca de 100 anos.
 
Durante a Segunda Grande Guerra, por ser o Brasil um dos neutros ou um dos menos envolvidos, foi a vez de ingleses, mais uma vez dos italianos e mais japoneses. A geografia do Brasil acabou se acostumando, principalmente no Sudeste e Sul a conviver com outras raças, outros idiomas e isso influenciaram na atual culinária, costumes e em tudo que diz respeito ao que nós brasileiros fazemos.
 
O Rio de Janeiro e outras cidades praianas brasileiras, em algumas épocas do ano, como verão, se vê mais argentinos e uruguaios do que brasileiros; quem chega ao Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina o que não falta são ucranianos, poloneses, italianos e até grandes comunidades de nipônicos; isso é tão comum por lá quanto os brasileiros.
 
Esta imigração desenfreada e sem muito controle ajuda por um lado e prejudica por outro; o lado que ajuda o Brasil é o cultural, as pessoas de outras nações trazem consigo os mais variados hábitos e aqui, em terras brasileiras, acabam por influenciar as novas gerações no conhecimento geral de outras culturas, mas e o lado ruim? Com tanta gente chegando e ficando acabamos por perceber uma bagunça generalizada. Estes imigrantes ilegais não têm conhecimento de nossas leis, de nossos costumes e o pior, eles não sabem ao certo o que vão fazer e sequer sabem onde vão ficar, onde se hospedarão; está criado um problemão que todos nós temos que digerir.
 
Quando o General Alfredo Strossner, ditador paraguaio, se viu em maus lençóis por lá, na terra guarani, não pensou duas vezes e pediu asilo político em Brasília; o terrorista Batiste, que matou várias pessoas na Itália, também viu aqui um Eldorado e foi ficando, ficando até fazer residência; argentinos, paraguaios, bolivianos, colombianos, chilenos, uruguaios, venezuelanos, equatorianos, surinameses e guianeses se valem das frágeis fronteiras brasileiras e montam aqui seus circos. Até africanos e cubanos, fugidos da fome e das torturas acabam adotando o Brasil como casa.
 
A Polícia Federal, única capaz em administrar a imigração ilegal, não possui contingente e um política própria de combate a esta prática ilegal; o resultado de tudo isso é a traficância de armas, drogas, mercadorias adulteradas e o alto índice de roubo de veículos e cargas. O Governo simplesmente fecha os olhos e o problema só tende a crescer. Acredita-se que vivam aqui algo entre 1 e 2 milhões de imigrantes ilegais, que de fato não possuem nenhum direito interno, coisa que eles tiram de letra devido as nosso falido e inexistente sistema de comunicação governamental.
 
A coisa mais fácil do mundo é morar no Brasil de forma ilegal, basta de qualquer lugar do mundo voar até Buenos Aires ou Assunção e de lá, apanhar um ônibus simples para se chegar até uma das várias fronteiras entre o Brasil e a Argentina e Paraguai; depois disso, basta cruzar a fronteira e já estão livres para viver aqui sem o menor constrangimento. Todas as nossas polícias, do Arroio ao Chuí jamais suspeitarão de ninguém, pelo simples fato que eles não sabem discernir entre um japonês e um egípcio; nossas polícias não sabem nada sobre imigração, não sabem o que fazer e sequer suspeitam da autenticidade de qualquer documento.
 
Certa vez quando eu pretendi cruzar a fronteira do Brasil com o Paraguai utilizando um veículo alugado, perguntei a um guarda da fronteira se aquilo seria um problema; ele me disse que bastava colocar num papel escrito em português qualquer texto e colocar vários carimbos, poderiam ser de farmácias, bibliotecas e manicômios que as polícias paraguaias aceitariam como um passe livre; o mesmo eu falo daqui do Brasil; ninguém sabe de nada e ninguém entende nada e o canalhismo corre solto, transformando nosso país numa pocilga perante os olhos do resto do mundo.
 
Hoje eu recebi um e-mail intrigante; um homem que se diz colombiano me pediu uma ajuda financeira através de meu site para pagar seu aluguel; em qualquer outra circunstância similar, com certeza eu deletaria o e-mail e ignoraria a mensagem, mas neste caso eu fiquei curioso. Liguei para o número informado e logo de cara percebi que ele não falava português. Fiz-lhe algumas perguntas e descobri que ele é colombiano e que está aqui refugiado, vejam o e-mail:
BUENAS TARDES COMO LES DIJE MI NOMBRE ES JESUS ALBERTO VILLEGAS MOLINA. TODO EMPEZO HACE CERCA DE DOS AÑOS YO TRABAJABA EN MI PAIS COMO CHEF DE COCINA, TENIA UN RESTAURANTE DE MI PROPIEDAD QUE ME DABA LO SUFICIENTE PARA VIVIR CON MI MADRE(62 AÑOS) MI HERMANA (37 AÑOS, QUIEN PADECE RETRAZO MENTAL SEVERO) YO (44 AÑOS) TODO IBA MUY BIEN HASTA QUE PERSONAS AL MARGEN DE LA LEY QUE EXISTEN EN MI PAIS POR ESA ABSURDA GUERRA QUE TENEMOS DESDE HACE MAS DE 50 AÑOS, EN ALGUNOS SECTORES PUES BIEN ALGUNAS DE ESAS PERSONAS QUE NO DEJAN A OTROS VIVIR EM PAZ, EMPEZARON A LLAMAR Y A DECIRME QUE SI NO LES DABA DETERMINADA CANTIDAD DE DINERO ASESINARIAN A MI HERMANA Y A MI MADRE, YO POR MIEDO NO LOS DENUNCIE Y EMPEZE APAGARLES POR MUCHO TIEMPO, LUEGO CUAND DECIDI DENUNCIARLOS POR QUE YA NO PODIA PAGAR MAS EN UN DIA QUE ELLAS DOS IBAN A UNA CLASE , LAS ASALTARON LAS GOLPERON DEJANDO A MI HERMANA SORDA POR UN OIDO Y A MI MADRE CON LA PERDIDA DEL 70% DE LA MOBILIDAD DE UN BRAZO, ME DIO MIEDO DE NUEVO Y EMPEZE A PAGAR DE NUEVO, CON LAS LLAMADAS ADVIRTIENDO QUE SI LOS DENUNCABAN NOS MATARIAN. ME QUITARON CASI TODO LO MATERIAL QUE TENIAMOS, NO LE VOLVI A PAGAR, ENTRARON A LAS HORAS DE LA MADRUGADA Y NOS GOLPEARON DE NUEVO, AHI ME ARME DE VALOR Y LOS DENUNCIE,INFELIZMENTE NO TUVIMOS LA SUFICIENTE PROTECCIÓN Y ELLOS ME SECUESTRARON DURANTE 45 DIAS EN LOS CUALES ME GOLPEARON, ME VIOLARON, ME PROVOCARON TRES LESIONES EN LA COLUMNA, POR LO CUAL NO PUEDO CAMINAR BIEN, LOS DOLORES SON PERMANENTES, ME FRACTURARON E TOBILLO IZQUIERDO, ME PROVOCARON TROMBOFLEVITIS EN LA PIERNA DERCHA, ME GOLPEARON EL ANUS CON UN PALO PROVOCANDOME LA SALIDA DEL INTESTINO, FUE LO MAS HORRIBLE QUE USTEDES SE IMAGINEN ME DEJARON DEFICIENTE FISICO DEBO USAR UNA BENGALA PERMANENTEMENTE, PUDE ESCAPAR, DEJAR A MI MADRE Y HERMANA ESCONDIDAS EN UNA CASA DE UNA AMIGA PARA QUE ELLOS NO LAS ENCONTRARAN, PUDE LLEGAR A BRASIL, ME DIERON REFUGIO PERMANENTE, ME AYUDO MUCHO CARITAS TENGO TODOS MIS DOCUMENTOS EN REGLA, SOY LEGALIZADO. EN ESTE MOMENTO NO TENGO AYUDA DE CARITAS PUES NO ES POSIBLE POR QUE YA ME AYUDARON POR UN TIEMPO, LO POCO QUE COSIGO SE LO MANDO A MI MADRE, EL DOS DE FEBREO ME ASALTARON, ME ROBARON 1500 REALES Y DESDE ENTONCES EMPEZO MI AGONIA MUCHAS VECES NO TENGO NI PARA COMER. NO HE PODIDO PAGAR DOS MESES DE ALQUILER Y LAS PERSONAS DE LA INMOBILIARIA ME DIJERON QUE MAÑANA 25/05/2009 SI NO LES LLEVO EL DINERO ME LANZAN LAS COSAS A LA RUA YO MORO EN UN QUITINETE PUE SI MI MADRE Y MI HERMANA LLEGAN POR LO MENOS TENGO DONDE RECIBIRLAS YA QUE NO QUISIERA TENERLAS EN ALBERGUES PUES YO VIVI 8 MESES EN ELLOS Y AUNQUE YO ESTOY MUY AGRADECIDO NO DESEO LLEVARLAS A ELLAS DOS A UN LUGAR DE ESOS PUES ES TERRIBLE, LA FALTA DE HIGIENE, LO POCO QUE UNO TIENE SE LO ROBAN ES TERRIBLE. TENGO MAS PARA CONTARLES PERO SE ME ACABO EL TIEMPO YA QUE ESTOY EN UN LAN HAUSE ESPERO ME ENTIENDAN PERO LA STUACION ES TERRIBLE, ESTOY AL BORDE DE LA LCURA AYUDENME POR FAVOR, NO SE QUE HACER, MUITO OBRIGADO. MI ENDEREÇE É RUA OSCAR CINTRA GORDINHO, NUMERO 76, APARTAMENTO 14 GLICERIO-SP, CEP-01512-010. EN LA CIUDAD DE SÃO PAULO.
 
Não me restou alternativa senão encaminhar este problema à Embaixada da Colômbia no Brasil; pedi por ofício ao Embaixador Tony Jozame Amar que tomasse conhecimento deste caso e que oferecesse ao cidadão colombiano toda a assistência a qual ele tem direito; para o caso de ser interpretado como REFUGIADO, também encaminhei o texto para o Chanceler Celso Amorim, Ministro das Relações Exteriores; se este homem for um refugiado de fato, possui prerrogativas conforme acordos internacionais para os signatários da Convenção de Genebra; se não for, possui as prerrogativas agregadas a Embaixada de seu país; vejam o texto encaminhado:
À Embaixada da Colômbia no Brasil
Exmº. Sr. Embaixador
Tony Jozame Amar
 
Assunto: Solicitação (faz)
 
Excelentíssimo Senhor Embaixador,
 
Chamo-me CARLOS HENRIQUE MASCARENHAS PIRES, sou jurista e escritor da página virtual
www.irregular.com.br; escrevo sobre temas políticos e de justiça do Brasil e do exterior; também sou membro da Anistia Internacional e da Associação Brasileira de Imprensa.
 
Hoje eu recebi em meu correio virtual uma mensagem do SR. JESUS ALBERTO VILLEGAS MOLINA, o qual lhe encaminho em anexo. Este senhor se diz de nacionalidade colombiana e afirma ser um refugiado político que recebeu asilo no Brasil. Este senhor me escreveu para pedir ajuda financeira, pois segundo seu relato, possui uma deficiência física, está despejado e prestes a morar nas ruas de São Paulo, dentre outras necessidades.
 
Não importa Senhor Embaixador; se este cidadão colombiano é ou não um refugiado; todos os seres humanos merecem respeito e a dignidade de poderem viver na sua ou em outra nação sem ter que apelar para a mais baixa realidade que é a esmola.
 
Como cidadão brasileiro que respeita todos os povos, principalmente os que escolheram a minha pátria para morar; rogo-lhe, juntamente como o Itamaraty (que seguem em cópia), que ambos providenciem uma solução para o caso do Sr. Jesus Alberto, para que ele consiga viver no Brasil com a compostura e a decência que o Brasil oferece aos seus filhos, ou que ele retorne ao seio de sua família, na Colômbia, e goze ao menos da segurança necessária que lhe mantenha a vida e o decoro.
 
Estamos fartos por vermos pelas ruas, principalmente em São Paulo, povos de várias nações, que por força maior ou sonho, vêem no Brasil uma oportunidade de segurança, uma oportunidade de reconstruir a vida, mas que lamentavelmente perambulam pelas ruas pedindo mendigas ou estão escravizados em porões imundos servindo de lacaios para os déspotas que nasceram aqui ou ainda reféns de seus próprios irmãos que insistem em usá-los como máquinas humanas de fazerem dinheiro fácil.
 
Como cidadão brasileiro, jurista, jornalista e respeitador das Leis Internacionais, rogo-lhe e espero a mais breve providência para este caso.
 
Eu imagino que milhares de casos similares estão em aberto aqui no Brasil, mas este foi o primeiro que chegou ao meu conhecimento por meios tão intrínsecos; pelo Irregular.com.br eu já recebi mensagens pedindo até dentadura, mas nenhuma nestes três anos me rogando ajuda humanitária.
 
O Brasil não é e jamais será uma pátria segura para pessoas de outras nações; somos uma nação de miseráveis que até se esforçam para se manterem no caminho do bem, mas que na realidade, temos que fazer misérias para conseguirmos a brutal sobrevivência. Podemos até passar uma imagem de ascendente ou de país em franca expansão, mas a nossa pouca pujança mal dá para alimentar os nossos irmãos.
 
Da mesma forma que São Paulo envia os retirantes nordestinos de volta pra casa, para se verem livres da imagem pecaminosa, deveríamos assumir uma política mais séria de controle de imigração, nos moldes similares aos dos Estados Unidos; somente desta forma poderíamos tentar arrumar a nossa casa. Quem sabe um dia o Brasil não esteja de fato no cume da montanha e passemos a aceitar, contratar e irmanar estes povos carentes em nosso solo? Tudo é possível e a esperança é última que morre!
 
Precisamos ajudar não só o Jesus Alberto da Colômbia, mas todos os que estão vivendo aqui as margens da Lei; precisamos de mais políticas de imigração e fazer os outros povos entender que ainda não estamos gozando desta tranqüilidade econômica que o Estado tanto preceitua em suas mensagens da mídia.
 
Pode parecer palavras duras, mas na verdade, quando se trata de assuntos como este, devemos perder a capacidade poética de gerir os problemas e assumirmos a nossa realidade! Quem pretender ajudar o Jesus Alberto, basta ligar em seu celular: (11) 9267.9514; qualquer ajuda, segundo ele, será de bom tamanho e se sua história for verídica, ele merece!
 
 
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
www.irregular.com.br
 


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Enviado por CHaMP Brasil em 25/05/2009
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