O que é Etnobiologia?
Apresenta-se, neste texto, uma síntese sobre a etnobiologia, enfocando seus principais conceitos e ramificações. Sendo uma disciplina relativamente nova, ainda há controvérsias acerca de seus alcances e problemas.
Como conceituar etnobiologia? Trata-se de uma mera descrição zoológica e botânica de animais e plantas usados por diferentes grupos humanos? É a etnobiologia, na realidade, um ramo a mais da Ecologia Humana?
Seguramente, a etnobiologia é uma disciplina transdisciplinar, onde a biologia e antropologia se unem para explicar a forma como comunidades tradicionais (aliás, temos aqui uma expressão de difícil conceituação) percebem, classificam, usam e estabelecem outras interações com o mundo vivo ao seu redor. Embora seja uma área transdisciplinar, frequentemente, antropólogos e biólogos costumam dar enfoques diferentes aos estudos, gerando uma controvéria que será melhor discutida posteriormente.
Quanto às pouco conclusivas definições de comunidades tradicionais, a “Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais”, em seu decreto N°. 6040, de 7 de fevereiro de 2007, define comunidades tradicionais como grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. Muitos Órgãos governamentais, porém, consideram comunidades tradicionais populações vivendo há pelo menos duas gerações em um determinado ecossistema, em intima relação com o entorno natural, e que dependem dos recursos naturais à sua reprodução sociocultural e econômica, por meio de atividades de baixo impacto ambiental. Perceba que no primeiro conceito, a ênfase recai sobre a diferenciação cultural da comunidade em relação à cultura social dominante, ao passo que, no segundo caso, recai sobre o modo de vida sustentável de comunidade. Conhecimentos tradicionais não são privilégios apenas das ditas comunidades tradicionais, de forma que os estudos etnobiológicos não se restringem a estas comunidades, mas podem começar "dentro de casa".
Embora o Homem venha acumulando conhecimento empírico a respeito do seu entorno natural desde sua própria origem, a etnobiologia (ou seja, o estudo das formas como diversos povos se relacionam à biodiversidade), talvez veja em naturalistas europeus os seus primórdios. A partir do século XV, com as grandes navegações, os europeus passaram a se interessar pelos conhecimentos de povos até então desconhecidos sobre as riquezas naturais das terras onde chegavam, a fim de explorar seus recursos. No século XVIII, Carlos Lineu contatou com diversos povos a fim de desenvolver seu Sistema de Classificação dos Seres Vivos. Um século depois, Charles Darwin, viajando no Beagle, também demonstrou grande interesse em conhecimentos biológicos locais sobre a biodiversidade.
Ainda hoje, parte do interesse nos conhecimentos locais visa o desenvolvimento de novos produtos medicinais ou até mesmo o descobrimento de novas espécies, visto que, muitas espécies conhecidas por populações remotas são desconhecidas pela ciência. Uma outra tendência nos estudos é correlacionar os conhecimentos e atitudes frente à biodiversidade com sua conservação.
Neste último caso, a Educação tem um relevante papel, como poderoso instrumento de socialização e de direcionamento social, capaz de provocar a libertação ou a opressão e a mudança social e, portanto, ecológica. No entanto, esta mudança apenas é possível quando se consideram os conhecimentos, atitudes e comportamentos prévios dos alunos, que trazem consigo suas heranças culturais e conhecimentos diversos acerca da biodiversidade, para as aulas de Ciências e Biologia. Refiro-me à contextualização do ensino de biologia, onde mais do que meros espectadores de aulas expositivas, os alunos passam a ser parceiros nestas aulas, na medida em que o professor também adquire conhecimentos acerca da biodiversidade, porém um conhecimento popular, passível de ser dialogado com o que é veiculado nos livros de biologia, na maioria das vezes, distantes da realidade dos alunos, já que não conseguem valorizar as peculiaridades biológicas de cada região onde chegam, na maioria das vezes, apenas às mãos do professor.
Exemplo disso se encontra em Baptista e El-Hani (2009), que tiveram por objetivo promover um diálogo entre conhecimentos científicos e etnobotânicos, no contexto do ensino de biologia, com intervenções através do uso de material didático elaborado com base nos conhecimentos dos estudantes sobre as plantas, mas também textos de livros de biologia.
Assim, reconhecer e usar os conhecimentos prévios pode ser um excelente mecanismo para a Educação Ambiental, de fato, aliando etnobiologia e educação, com o objetivo de tornar mais efetivas a conservação e a presevação da natureza, tema alardeado por todos os documentos educacionais, especialmente pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's).
Sob a perspectiva ocidental e, portanto, "etnocêntrica", o estudo de conhecimentos locais é fragmentado em vários ramos, dependendo do objeto de análise.
Etnobotânica:
Estuda as relações entre o Homem e as plantas; como os seres humanos usam as plantas na comida, medicina, rituais religiosos, tecnologia local, etc. No caso de estudos de interações entre plantas e povos pré-históricos, fala-se em paleoetnobotânica. Sem dúvida, a área da etnobiologia mais bem estudada é a etnobotânica.
Etnomicologia:
Dedica-se ao estudo das interações entre o homem e os fungos. Os fungos podem ser usados como isca, remédios, alimento. Muitos têm efeitos psicoativos e por isso são usados em rituais religiosos.
Etnozoologia:
É o estudo transdisciplinar de conhecimentos e usos de animais por populações humanas. Dependendo do grupo estudado, a etnozoologia está subdividida em vários ramos. Esta "fragmentação" etnobiológica é, por vezes, alvo de críticas da Antropologia.
Etnomiriapodologia: Esta área inclui o estudo transdisciplinar das relações homem-miriápodes, como embuás (diplópodes), centopéias (quilópodes) e criaturas similares. No Brasil, o primeiro trabalho publicado com esta temática é de autoria do Dr. Eraldo Medeiros Costa Neto, da Universidade Estadual de Feira de Santana.
A ramificação da etnobiologia (etnozoologia, etnobotânica, etnoornitologia) é duramente criticada por alguns antropólogos, que consideram problemático o uso da expressão "Etno-x". No geral, este emprego parte principalmente de profissionais da biologia, interessados no estudo de conhecimentos tradicionais sobre a biodiversidade. Pois bem, lançemos um exemplo breve, claro e prático para entender melhor do porquê da rejeição das "Etno-x" por correntes antropológicas. Consideremos a Etnoentomologia, conceituada anteriormente como o estudo de conhecimentos tradicionais sobre os insetos. Veja que, a própria disciplina já parte do conceito biológico de insetos, ao incorporar a terminação "entomologia" ao prefixo "etno". Além disso, antropólogos advogam que as comunidades tradicionais, ao contrário da biologia, não possuem, em seu universo cognitivo, compartimentos do saber por unidade natural em foco, como por exemplo, insetos (no exemplo citado). Ou seja, não possuem uma entomologia própria (etnoentomologia). Logo, é prudente deixar claro que, as "Etnobiologias" são construções que, muitas vezes, têm como ponto de partida conceituações científicas, e não "etnocientíficas". Todavia, manterei o uso da terminologia criticada pela Antropologia como forma de facilitar a leitura daqueles interessados naquilo que chamamos, equivocadamente, de etnobiologia (segundo a Antropologia).
Um estudo etnobiológico, para ter validade, deve fazer-se em função do grupo humano que usa os recursos naturais e situar tal grupo em seu complexo cultural correspondente. O etnobiólogo (ou antropólogo) não deve se limitar ao aspecto ecológico ou taxonômico da exploração da natureza, visto que trata-se de apenas uma face do problema. Ao mesmo tempo, disciplinas como a botânica, a zoologia e a ecologia são fundamentais, caso não se deseje apenas uma abordagem êmica.
Begossi (1993) considera a etnobiologia uma das linhas contemporâneas da Ecologia Humana, ciências responsável pelo estudo das relações Homem-Natureza, sob o ponto de vista da ecologia e disciplinas afins, como a antropologia,
A etnobiologia é uma ciência nova no Brasil: há poucos pesquisadores da área, e pouco material científico publicado em periódicos especializados e anais de eventos. Porém, este cenário está começando a se modificar e a disciplina vem ganhando força no mundo acadêmico. Em tempos de crise ambiental, é cada vez maior o interesse dos pesquisados pelas diferentes maneiras como a biodiversidade é vista por comunidades locais.
Sugestões de Leitura
AMOROZO, M.C.N; MING, L. C; SILVA, S. M. P. Métodos de coleta e análise de dados em etnobiologia, etnoecologia e disciplinas correlatas. Rio Claro: Sociedade Brasileira de Etnobiologia, 2002.
BAPTISTA, G. C. S; EL-HANI, C. N. The contribuition of ethnobiology to the construction of a dialogue between ways of knowing: A case study in an brazilian public high school. Science & Education, (18): 1-18, 2009.
BEGOSSI, A. Ecologia humana: Um enfoque das relações homem-ambiente. Interciencia, 18 (1): 121-132, 1993.
GALLOIS, D. T. Patrimônio cultural imaterial indígena. São Paulo: IEPÉ, 2006.
KOERDELL, M. M. Estudios etnobiológicos: Definición, reacciones y métodos de la etnobiología. Revista Mexicana de Estudios Antropológicos, 4(3): 195-202, 1940.
Apresenta-se, neste texto, uma síntese sobre a etnobiologia, enfocando seus principais conceitos e ramificações. Sendo uma disciplina relativamente nova, ainda há controvérsias acerca de seus alcances e problemas.
Como conceituar etnobiologia? Trata-se de uma mera descrição zoológica e botânica de animais e plantas usados por diferentes grupos humanos? É a etnobiologia, na realidade, um ramo a mais da Ecologia Humana?
Seguramente, a etnobiologia é uma disciplina transdisciplinar, onde a biologia e antropologia se unem para explicar a forma como comunidades tradicionais (aliás, temos aqui uma expressão de difícil conceituação) percebem, classificam, usam e estabelecem outras interações com o mundo vivo ao seu redor. Embora seja uma área transdisciplinar, frequentemente, antropólogos e biólogos costumam dar enfoques diferentes aos estudos, gerando uma controvéria que será melhor discutida posteriormente.
Quanto às pouco conclusivas definições de comunidades tradicionais, a “Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais”, em seu decreto N°. 6040, de 7 de fevereiro de 2007, define comunidades tradicionais como grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. Muitos Órgãos governamentais, porém, consideram comunidades tradicionais populações vivendo há pelo menos duas gerações em um determinado ecossistema, em intima relação com o entorno natural, e que dependem dos recursos naturais à sua reprodução sociocultural e econômica, por meio de atividades de baixo impacto ambiental. Perceba que no primeiro conceito, a ênfase recai sobre a diferenciação cultural da comunidade em relação à cultura social dominante, ao passo que, no segundo caso, recai sobre o modo de vida sustentável de comunidade. Conhecimentos tradicionais não são privilégios apenas das ditas comunidades tradicionais, de forma que os estudos etnobiológicos não se restringem a estas comunidades, mas podem começar "dentro de casa".
Embora o Homem venha acumulando conhecimento empírico a respeito do seu entorno natural desde sua própria origem, a etnobiologia (ou seja, o estudo das formas como diversos povos se relacionam à biodiversidade), talvez veja em naturalistas europeus os seus primórdios. A partir do século XV, com as grandes navegações, os europeus passaram a se interessar pelos conhecimentos de povos até então desconhecidos sobre as riquezas naturais das terras onde chegavam, a fim de explorar seus recursos. No século XVIII, Carlos Lineu contatou com diversos povos a fim de desenvolver seu Sistema de Classificação dos Seres Vivos. Um século depois, Charles Darwin, viajando no Beagle, também demonstrou grande interesse em conhecimentos biológicos locais sobre a biodiversidade.
Ainda hoje, parte do interesse nos conhecimentos locais visa o desenvolvimento de novos produtos medicinais ou até mesmo o descobrimento de novas espécies, visto que, muitas espécies conhecidas por populações remotas são desconhecidas pela ciência. Uma outra tendência nos estudos é correlacionar os conhecimentos e atitudes frente à biodiversidade com sua conservação.
Neste último caso, a Educação tem um relevante papel, como poderoso instrumento de socialização e de direcionamento social, capaz de provocar a libertação ou a opressão e a mudança social e, portanto, ecológica. No entanto, esta mudança apenas é possível quando se consideram os conhecimentos, atitudes e comportamentos prévios dos alunos, que trazem consigo suas heranças culturais e conhecimentos diversos acerca da biodiversidade, para as aulas de Ciências e Biologia. Refiro-me à contextualização do ensino de biologia, onde mais do que meros espectadores de aulas expositivas, os alunos passam a ser parceiros nestas aulas, na medida em que o professor também adquire conhecimentos acerca da biodiversidade, porém um conhecimento popular, passível de ser dialogado com o que é veiculado nos livros de biologia, na maioria das vezes, distantes da realidade dos alunos, já que não conseguem valorizar as peculiaridades biológicas de cada região onde chegam, na maioria das vezes, apenas às mãos do professor.
Exemplo disso se encontra em Baptista e El-Hani (2009), que tiveram por objetivo promover um diálogo entre conhecimentos científicos e etnobotânicos, no contexto do ensino de biologia, com intervenções através do uso de material didático elaborado com base nos conhecimentos dos estudantes sobre as plantas, mas também textos de livros de biologia.
Assim, reconhecer e usar os conhecimentos prévios pode ser um excelente mecanismo para a Educação Ambiental, de fato, aliando etnobiologia e educação, com o objetivo de tornar mais efetivas a conservação e a presevação da natureza, tema alardeado por todos os documentos educacionais, especialmente pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's).
Sob a perspectiva ocidental e, portanto, "etnocêntrica", o estudo de conhecimentos locais é fragmentado em vários ramos, dependendo do objeto de análise.
Etnobotânica:
Estuda as relações entre o Homem e as plantas; como os seres humanos usam as plantas na comida, medicina, rituais religiosos, tecnologia local, etc. No caso de estudos de interações entre plantas e povos pré-históricos, fala-se em paleoetnobotânica. Sem dúvida, a área da etnobiologia mais bem estudada é a etnobotânica.
Etnomicologia:
Dedica-se ao estudo das interações entre o homem e os fungos. Os fungos podem ser usados como isca, remédios, alimento. Muitos têm efeitos psicoativos e por isso são usados em rituais religiosos.
Etnozoologia:
É o estudo transdisciplinar de conhecimentos e usos de animais por populações humanas. Dependendo do grupo estudado, a etnozoologia está subdividida em vários ramos. Esta "fragmentação" etnobiológica é, por vezes, alvo de críticas da Antropologia.
Etnomiriapodologia: Esta área inclui o estudo transdisciplinar das relações homem-miriápodes, como embuás (diplópodes), centopéias (quilópodes) e criaturas similares. No Brasil, o primeiro trabalho publicado com esta temática é de autoria do Dr. Eraldo Medeiros Costa Neto, da Universidade Estadual de Feira de Santana.
A ramificação da etnobiologia (etnozoologia, etnobotânica, etnoornitologia) é duramente criticada por alguns antropólogos, que consideram problemático o uso da expressão "Etno-x". No geral, este emprego parte principalmente de profissionais da biologia, interessados no estudo de conhecimentos tradicionais sobre a biodiversidade. Pois bem, lançemos um exemplo breve, claro e prático para entender melhor do porquê da rejeição das "Etno-x" por correntes antropológicas. Consideremos a Etnoentomologia, conceituada anteriormente como o estudo de conhecimentos tradicionais sobre os insetos. Veja que, a própria disciplina já parte do conceito biológico de insetos, ao incorporar a terminação "entomologia" ao prefixo "etno". Além disso, antropólogos advogam que as comunidades tradicionais, ao contrário da biologia, não possuem, em seu universo cognitivo, compartimentos do saber por unidade natural em foco, como por exemplo, insetos (no exemplo citado). Ou seja, não possuem uma entomologia própria (etnoentomologia). Logo, é prudente deixar claro que, as "Etnobiologias" são construções que, muitas vezes, têm como ponto de partida conceituações científicas, e não "etnocientíficas". Todavia, manterei o uso da terminologia criticada pela Antropologia como forma de facilitar a leitura daqueles interessados naquilo que chamamos, equivocadamente, de etnobiologia (segundo a Antropologia).
Um estudo etnobiológico, para ter validade, deve fazer-se em função do grupo humano que usa os recursos naturais e situar tal grupo em seu complexo cultural correspondente. O etnobiólogo (ou antropólogo) não deve se limitar ao aspecto ecológico ou taxonômico da exploração da natureza, visto que trata-se de apenas uma face do problema. Ao mesmo tempo, disciplinas como a botânica, a zoologia e a ecologia são fundamentais, caso não se deseje apenas uma abordagem êmica.
Begossi (1993) considera a etnobiologia uma das linhas contemporâneas da Ecologia Humana, ciências responsável pelo estudo das relações Homem-Natureza, sob o ponto de vista da ecologia e disciplinas afins, como a antropologia,
A etnobiologia é uma ciência nova no Brasil: há poucos pesquisadores da área, e pouco material científico publicado em periódicos especializados e anais de eventos. Porém, este cenário está começando a se modificar e a disciplina vem ganhando força no mundo acadêmico. Em tempos de crise ambiental, é cada vez maior o interesse dos pesquisados pelas diferentes maneiras como a biodiversidade é vista por comunidades locais.
Sugestões de Leitura
AMOROZO, M.C.N; MING, L. C; SILVA, S. M. P. Métodos de coleta e análise de dados em etnobiologia, etnoecologia e disciplinas correlatas. Rio Claro: Sociedade Brasileira de Etnobiologia, 2002.
BAPTISTA, G. C. S; EL-HANI, C. N. The contribuition of ethnobiology to the construction of a dialogue between ways of knowing: A case study in an brazilian public high school. Science & Education, (18): 1-18, 2009.
BEGOSSI, A. Ecologia humana: Um enfoque das relações homem-ambiente. Interciencia, 18 (1): 121-132, 1993.
GALLOIS, D. T. Patrimônio cultural imaterial indígena. São Paulo: IEPÉ, 2006.
KOERDELL, M. M. Estudios etnobiológicos: Definición, reacciones y métodos de la etnobiología. Revista Mexicana de Estudios Antropológicos, 4(3): 195-202, 1940.