AO MÉDICO DO REINO
Como menestrel do povo faço desta lira meu delírio e minha luta, nas tabernas, aldeias e prostíbulos deste imenso reino, onde os calabouços morais andam sempre cheios daqueles que estão sempre a dizer: O rei está nu!
Nas minhas sendas pela província de São Bernardo uma figura peculiar me chamou a atenção, talvez pela situação cômica porque não dizer beirando a tragédia.
Um médico candidato a arauto da Corte, só que entre os servos e a realeza há um abismo profundo, não tem como agradar a gregos e troianos ao mesmo tempo, isso requer um exercício sobre humano de dramaticidade, precisa ser um ator dos bons.
Nas minhas lembranças de poeta errante lembro-me que tal médico foi expulso do partido do atual rei, o mesmo se aventurou no passado a concorrer a uma vaga na “Caixa de Pensões dos Serviçais da Província” não obteve sucesso nesta empreitada, não satisfeito candidatou-se ao “Sindicato dos Serviçais da Província” encabeçando uma chapa, onde sofreu uma derrota esmagadora, não satisfeito deu posse para a segunda colocada, chapa está apoiada pelo rei deposto.
A terceira chapa vencedora em números de votos tomou a sede do Sindicato e garantiu a vitória na Justiça.
Mais um candidato no reino, agora desta vez pela disputa para a “Câmara de Vereadores da Província”, nas eleições passadas o médico do reino teve uma votação inexpressiva.
Neste momento o médico do reino se coloca enquanto arauto da nova realeza recém empossada, os motivos que o move a ter tal postura não consigo visualizar.
Será que tal médico espera ser agraciado pelos bons serviços prestados em defesa do rei e ser contemplado com um bom cargo na futura reforma da saúde na província?