NOVA YORK 2001 - SÃO PAULO 2006

Não sei por que senti um impulso de assistir novamente, após anos, e talvez pela segunda vez apenas, a fita que guardei com o documentário de Gerald Thomas, da época em que o terror barbarizou Nova York em 11 de setembro de 2001. Quando acabei de assistir compreendi mais ou menos a razão. A fita é, até certo ponto, profética – principalmente nas frases finais enunciadas pelo seu narrador.

Ao fim daquele macabro documentário – que até hoje me deixa em estado de choque ao assisti-lo – Gerald Thomas diz, bem lúcida e claramente, que o ataque do terror às torres gêmeas não foi um fato isolado. Que abriu uma era em que possivelmente o terrorismo se alastraria sem zonas neutras, constituindo a nova guerra que haveria de ser travada e que, se não devidamente vencida, eliminando-se toda a expressão do terror no mundo, provavelmente veríamos este mal se alastrando, indiscriminadamente, sem fronteiras, constituindo sofrimento calamitoso para todos os povos nos anos do porvir.

São Paulo, maio de 2006. Nunca vi uma confirmação tão contundente do que foi dito por aquele jornalista no seu documentário, cinco anos atrás.

Meus caros leitores: que armas foram usadas, tão sofisticadamente, pelo crime organizado nestes sete dias de inferno na maior capital brasileira? Que métodos?! Quais recursos, tão incomodamente parecidos com os utilizados pela Al Qaeda, há apenas poucos anos? Métodos fulminantes, produzindo pânico e estupor na população de uma megalópole completamente despreparada, de todas as maneiras, para enfrentar o insólito, este elemento surpresa mortífero, desencadeado por métodos extremos de violência contra autoridades e contra a população civil?!

Atentem na semelhança da organização, orquestrada habilmente por inteligências de modo algum primárias. O uso esquematizado de celulares; o cálculo patenteado, agora confirmado através da escuta das gravações telefônicas; o ataque simultâneo e maciço em frentes diversas – um fator extremo de desnorteamento para as autoridades despreparadas, que dispunham, ao que parece, apenas de indícios, e não de dados conclusivos que lhes permitissem uma reação efetiva no sentido de sufocar na nascente a tragédia...

Por favor, atentem! E tirem daí suas próprias conclusões. Não é necessário nenhum brilhantismo de intelecto - apenas uma capacidade de observação mais aguçada. Não sou, de minha parte, nenhuma analista política ou militar, tecnicamente preparada para a avaliação global desta intrincada situação. Mas há fatores que são gritantes: a própria imprensa tratou o episódio, várias vezes, sob o epíteto de “ação terrorista”, dados os números alarmantes dos ataques, dignos de cenário de guerra; dado o volume impressionante de mortos; o número ultrajante de depredações ao patrimônio público, como ônibus e metrô, fora os ataques diretos às forças policiais.

Tudo isso simultaneamente; em semelhança flagrante com os métodos terroristas utilizados à farta pelo mundo afora desde 2001. Será isto uma coincidência?!

Claro que não...

E será que, constatado o óbvio, por temor e desnorteamento, devemos, acuados, nos calar, e deixar de expor o que, estranhamente, a despeito do tumulto da hora que passa, a mídia pouco comenta?!

O mal não constituí a essência da vida, meus queridos, sendo fugaz e transitório, ao ritmo da passagem vertiginosa dos anos – porém, mobilizado por inteligências acuradas e voltadas às ações destrutivas, toma corpo - e adquire aparências de inexpugnabilidade, se a ordem correta das coisas não se impõe e assume o seu devido lugar, ganhando espaço sobre a desordem e o caos. Imprescindível que autoridades e cidadãos se conscientizem muito rápido do crescendo com que, alimentados por móbeis diversificados de um para outro país, aumentam os indícios de como o terrorismo - este mal do século - vem tomando corpo no lindo mundo em que vivemos. Não apenas em Nova York, ou na Espanha, Inglaterra, ou em países que, continuamente, vêm sendo vitimados por seus ataques ensandecidos – mas já aqui, agora, na nossa pátria do verde e amarelo dos ingênuos e imprevidentes superstars "futebol e carnaval"...

Este artigo, sem pretensões alarmistas, é, antes de tudo, todavia, um brado de solidariedade a paulistas e aos meus outros compatriotas da nação. Uma extrema demonstração de ternura e de união aos que sofreram nestes últimos sete dias, e em relação ao que haveremos de enfrentar em tudo o que ainda está por vir.

Com amor,

Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 20/05/2006
Reeditado em 20/06/2006
Código do texto: T159543
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