Fé, razão, paixão e puxa-saquismo nas organizações
Fé, Razão, Paixão e Puxa-saquismo: de forma resumida, essas são as quatro formas pelas quais o colaborador de uma organização adere a ideologia da instituição, ao seu plano de trabalho, missão e metas.
O objetivo deste artigo é conceituar cada um destes quatro “adjetivos” profissionais ou estes propulsores de recursos humanos.
A fé é a convicção da verdade sem prova alguma, mas que se calca na absoluta confiança que depositamos em algo, em alguém, em uma ideologia, crença ou um sistema qualquer. A fé nem sempre é baseada nas evidências adotadas pela ciência. Muitos colaboradores de organizações trabalham movidos pela fé sobre aquilo que estão fazendo. Acreditam no discernimento e no bom senso de seus dirigentes sem ter a necessidade de raciocinar acerca dos fatos. Confiam que aquilo que estão fazendo está contribuindo para o melhor de todos e que apostando na continuidade do rumo que costumam trilhar tudo dará certo. Geralmente esta forma é aderida de forma gradativa pelos colaboradores e conquistada após um período de experiência e adaptação.
Razão. Na filosofia, a palavra razão comporta vários significados. Neste caso, adotaremos a razão no sentido de “real”, que se prende aos fatos, na experiência e na verificabilidade, mas também no seu sentido lógico, além do sensorial, no pensamento a partir da coerência de idéias. Kant, por exemplo, tem na razão a libertação do homem e da sociedade. Nas organizações, os colaboradores que são guiados por este impulsor são facilmente identificados. Vale lembrar que o excesso de razão pode deixar passar desapercebidas oportunidades só percebidas pela paixão, por exemplo.
A paixão é pura arte! Carlos Drummond de Andrade disse que "Vinicius de Moraes é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão”. Detectamos isto em passagens da vida de Vinicius quando ele deixa a poesia em segundo plano para se tornar músico, quando vive intensamente cada um dos nove casamentos, quando atravessa a vida viajando. Pela paixão somos envolvidos por uma espécie de sedante que leva ao engajamento da causa de forma visceral. Os colaboradores que são movidos pela paixão tendem a pecar pelo excesso, mas devem ser absolvidos quando a causa for passional.
O quarto motivo que leva colaboradores a aderir a causa da empresa é o popular “puxa-saquismo”. Neste caso, a adesão não é pelo fundamento lógico racional, nem por acreditar no proposto (fé), nem paixão pela causa. Reinaldo Pimenta no livro A Casa da Mãe Joana conta que esta expressão surgiu a partir de uma gíria militar: na época, os oficiais possuíam sacos de viagem no lugar de malas. Quem carregava, obedientemente, esta bagagem (sacos) dos oficiais eram os soldados. Logo, o termo puxa-saco passou a definir todos que bajulam superiores. No caso das organizações, ser movido pelo puxa-saquismo é ser movido pelo retorno do ato de puxar o saco, ou seja, os benefícios obtidos pelo puxador de saco o movem a continuar puxando. Para concluir, é importante dizer que todas as combinações são possíveis: paixão com puxa-saquismo, razão com paixão, paixão com fé e assim por diante. Afinal, cada um tem seus motivos.