A Crise no Mundo Cinematográfico
É interessante que a indústria do cinema ultimamente não tem tido idéias originais para fazer bons filmes. Os grandes cineastas têm apelado bastante para adaptações de livros. Vim eu aqui fazer uma breve análise dessas adaptações para o mundo das telas do cinema e dos dvds. Um dos primeiros filmes do gênero “catástrofe”, que deu várias seqüências posteriores, foi o filme Tubarão. Poucos sabem que o produtor e diretor deste filme, Steven Spielberg, inspirou-se no livro também intitulado “Tubarão”. O filme, na época, bateu recordes de públicos nas salas de cinema. O filme é bom, gostei bastante, na minha opinião foi o melhor de toda a seqüência que depois foi realizada depois. Porém achei o livro em questão melhor do que o filme. Alguém poderá objetar: “É claro que o livro vai ser sempre melhor do que o filme, pois o livro é mais descritivo, mais minucioso, mas esclarecedor”. Bem, nem sempre é assim. O filme “As Horas” baseado no livro de Michael Cunningham, que rendeu o oscar de melhor atriz a Nicole Kidman, o filme é melhor do que o livro. E olha que o livro ganhou os prêmios Pulitzer e PEN/faulkner. O filme é excelente, e na minha modesta opinião ultrapassou o próprio livro em questão. A trilogia “O Senhor dos Anéis” que ganhou onze estatuetas com o “O Retorno do Rei” foi soberbo, esplendido. Gostei até mais do que do livro.
Um dos grandes males dos escritores é quando eles se perdem em descrições exageradas, inúteis eu diria assim, ás vezes talvez para ficar enrolando o leitor, ou para tentar expressar “O Poder de observação analítico e meticuloso do autor”. Quando o filme capta a essência do livro, do enredo em si, e trabalha laboriosamente nessa essência, o filme tem tudo para ser bom. Por exemplo, o filme “O Silêncio dos Inocentes” baseado no livro de Thomas Harry, filme que ganhou cinco estatuetas, inclusive de melhor roteiro adaptado( o autor em questão, aproveitando o sucesso que seu livro ocasionou, transformou até então uma trilogia em tetralogia, só para ganhar mais dinheiro) . O filme foi e é excelente, cortou certas páginas do livro que eram irrelevantes para o dinamismo do filme, e se concentrou maravilhosamente nos tópicos centrais do enredo do livro. O filme só não foi melhor do que já é, porque eles não optaram em falar sobre a origem do serial Killer Buffalo Bill, pois no final do livro o autor discorre sobre a vida do psicopata. No resto, o filme é excelente. Outra adaptação que fizeram e que rendeu quatro estatuetas foi o filme “Onde os Fracos não tem vez”, sendo que foi mal traduzido, pois o livro em que eles adaptaram para o cinema chama-se “Onde os Velhos não tem Vez”. O filme foi quase fiel ao livro. A única coisa que deixou a desejar foram as partes em que o xerife Bell, que investigava o caso, monologava num fluxo de consciência bastante interessante. Indico aos meus queridos amigos que vocês possam ler este livro, ele é ótimo, é de tirar o fôlego. Você começa a lê-lo e não quer parar mais. Recentemente tivemos uma outra adaptação para as telonas que foi “O Curioso caso de Benjamin Button”. Amei o filme, amei até mais do que o próprio livro.
Você muitas vezes reconhece uma obra-prima pelo seu autor. Diretores e produtores como Oliver Stone, Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, George Lucas, Allan Parker, Quentin Tarantino, Gus Van Sant, geralmente os filmes destes caras são ótimos. Há diversos casos em que a adaptação superou, em minha opinião, o próprio livro, com por exemplo o clássico “O Exorcista”, “Forrest Gump- O contador de estórias”, “Roubando Vidas”, etc. contudo, o que estou querendo salientar precisamente é a total crise de idéias e de originalidade que vive a indústria cinematográfica atualmente. Uma coisa é você pegar uma idéia contida em um determinado livro, como por exemplo, o romance Crime e Castigo, e trabalhar esta idéia com novas estruturas e abordagens, como fez brilhantemente o cineasta Wodd Allen; e outra coisa é revelar ao público a total escassez de novos enredos, idéias e mensagens a serem criadas. O cinema, em seu âmbito mundial, tem e continua vivendo uma crise de novas concepções de idéias e mensagens a ser abordadas e repassadas ao público. Por isso que temos visto tanto e tanto, quando um filme faz sucesso, seqüências intermináveis, como por exemplo, Tubarão, O exorcista, Alien, O Poderoso Chefão, Star Wars, Indiana Jones, Rambo, Pânico, A Hora do pesadelo,Duro de matar, Missão Impossível, Blade, Piratas do Caribe, Identidade Bourne, etc.
Vemos dessa maneira, e essa mania atual de transformar todo filme em trilogias ou tetratologias, que o principal objetivo da indústria cinematográfica é o dinheiro, os bilhões que eles arrecadam e os salários exorbitantes que pagam a esses atores que passam na maioria dos filmes um estereótipo de “certinhos”, de fazer as coisas corretamente, e na vida real a maioria deles estão envolvidos com drogas, alcoolismo, e com quase tudo o que se critica e se ataca no enredo dos filmes. Sejamos francos; deveríamos transmutar o vocábulo “artista” e seus significados, pois nosso artistas atuais, falo da grande maioria, só possuem superfície, exterioridade; conteúdo autênticos e verdadeiros que é bom nada, são vazios e ocos em todos os sentidos.
Pra ser mais verídico, vivemos numa crise terrível de identidade, econômica, espiritual, religiosa, política, educacional, moral, musical, artística, e principalmente humana.
Os sistemas, que vem atuando até hoje na sociedade e no mundo como um todo, são verdadeiros parasitas antropófagos.
Gilliard Alves