"Fernandos e Outras Histórias ou Crônicas e Suas Inspirações".
Alguém já disse que crônica é a literatura sem tempo. Luis Fernando Veríssimo
"Os homens se dividem em duas espécies: os que têm medo de viajar de avião e os que fingem que não têm." Fernando Sabino
Se consultarmos algum dicionário de termos literários, teremos algo assim: Crônica, vem do Grego, krónos, que significa "tempo" e do Latim, annum, ano, ou ânua, significando, "anais".
A crônica se destina a publicação em jornal ou revista. Por isso mesmo, já se pode deduzir que deve estar relacionada com acontecimentos diários. Se diferencia evidentemente da notícia, pois não é feita por um jornalista e sim por um escritor, mas se aproxima de sua forma. É o acontecimento diário sob a visão criativa do escritor. Seus personagens podem ser reais ou imaginários. Não é mera transcrição da realidade, mas sim uma visão recriada dessa realidade por parte da capacidade lírica e ficcional do autor. Normalmente, por se basear em fatos do cotidiano, ela tende a se desatualizar com o passar do tempo. Nem por isso deixa de perder seu sabor literário quando agrupamos um conjunto delas em um livro.
O cronista é essencialmente um observador, um espectador que narra literariamente a visão da sociedade em que vive, através dos fatos do dia a dia.
O trabalho de crônicas em sala de aula tem como objetivo geral integrar os procedimentos do texto narrativo e da crônica no ensino de Língua Portuguesa, para que os alunos possam construir novos conhecimentos e produção de sentidos, e, como objetivo específico apresentar o resultado de uma proposta de seqüência didática de aplicação do texto narrativo e do gênero crônica, de forma mais comprometida com o contexto escolar.
Basicamente o trabalho com crônicas transformam os alunos em leitores mais atentos e observadores em relação a sua realidade, leitores que concebam o ato de ler como produção de sentido. Como professores, esperamos que o aluno- leitor goste do gênero por causa do conteúdo da obra, e que se identifique com do autor que cria oportunidades desse público- alvo de se relacionar com mais interesse à leitura envolvida em seu cotidiano.
De um ponto de vista mais amplo, quando tomamos referência autores como Luis Fernando Veríssimo e Fernando Sabino as crônicas ficam mais atrativas em que em estilo peculiar sob aparente sutileza, transparecem o humor e ironia de forma amplamente divertida.
Por ser considerada um gênero menos que a Literatura; infelizmente a crônica não tem status ou maiores reconhecimentos por parte da crítica. Carlos Drummond de Andrade é um belo exemplo disso, talvez pela grandeza de sua poesia, o grande cronista foi abafado dentre outros como Olavo Bilac, Rubem Alves, Machado de Assis. No entanto o que difere autores contemporâneos como Fernando Sabino e Luiz Fernando Veríssimo com os citados é que a linguagem crônica é descompromissada de palavras rebuscadas ou de tudo que torna distante da vida real e de certa forma mais compreensível ao leitor.
Cláudia Rodrigues.