A ciranda do emprego...

Em épocas de dificuldades financeiras, em épocas de dinheiro escasso, o tema emprego ganha maior peso, se torna moeda de troca, se transforma em argumento poderoso, ou seja, é usado para muitos fins.

É nessas situações que surgem todos os tipos de soluções e de idéias mirabolantes relacionadas ao tema emprego, alguns empresários que utilizam as dificuldades para fazerem ajustes em seus quadros funcionais que já deveriam ter feito há muito tempo, outros usam da palavra emprego, associada às dificuldades financeiras em que vivemos, para justificar atitudes e decisões, como se qualquer mudança no funcionamento de suas empresas fosse gerar o caos, fosse causar níveis de desemprego alarmantes.

Alguns empresários chegam a afirmar que se os supermercados voltarem a fechar no domingo isso acarretará um grande desemprego, mas o que temos visto, no entanto, são números que demonstram exatamente o contrário. Um estudo feito recentemente em São Paulo, demonstra que a cada 500 empregos gerados por um hipermercado aberto no domingo, são 550 desempregados à sua volta, pessoas que trabalham em panificadoras, farmácias, lanchonetes, mercearias e até restaurantes são afetados pela concentração de todas essas atividades em um hipermercado, não fosse assim, não estaria tramitando no legislativo paulista um projeto pedindo o fechamento das lojas de hipermercados aos domingos, para que se tente frear essa monopolização do setor, que aos olhos de qualquer pessoa esclarecida é extremamente nocivo à economia.

Outro dado importante a se ressaltar é a rotatividade de funcionários nas cidades onde essas empresas trabalham aos domingos e onde isso não acontece, a diferença é gritante, enquanto em cidades com lojas abertas aos domingos a rotatividade chega a atingir entre 4 e 5 por cento, em cidades com lojas fechadas gira em torno de 0,5 e 1 por cento, convenhamos, trata-se de uma diferença considerável.

Por parte dos empregados nos seguimentos que trabalham aos domingos, também é publica e notaria a total falta de interesse em permanecer nesses ramos de atividade, os jovens, pessoas que estão ingressando agora no mercado de trabalho, até por falta de opção ou mesmo de experiência, ainda aceitam prestar seus serviços a empresas que não preservam o domingo como dia de descanso, como dia de convívio familiar, mas já há muito tempo perdeu-se o medo de que uma dispensa de uma empresa poderia acarretar em dificuldade em se arranjar um novo posto de trabalho, esses trabalhadores entenderam que não há apenas uma empresa, que não haverá apenas uma oportunidade de trabalho e ao menor sinal, ao primeiro aceno de outra empresa que tenha por hábito ou norma manter o domingo com portas fechadas, lá se vão os empregados sem medo nenhum de aventurar-se nesse mundo fascinante que é a cirando do emprego. São novos tempos, outro perfil de empregados e é nessa nova realidade que os empresários devem estar focados, na hora de qualquer atitude que venha a trazer mudanças nas regras, em relação ao emprego nosso de cada dia.

Adilson R. Peppes.

Adilson R Peppes
Enviado por Adilson R Peppes em 08/05/2009
Reeditado em 21/11/2014
Código do texto: T1582992
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