A morte.

A morte, por mais que seja certa, raramente é esperada. Temos certeza absoluta de sua existência e de sua inevitabilidade, porém relutamos em nos prepararmos para ela. Tanto a nossa morte quanto as de quem nos cerca jamais vai ser aceita de braços abertos, com alegria ou com, pelo menos, naturalidade.

Em um perído de tempo não maior que trinta dias vi duas pessoas próximas partirem para junto do Pai de maneiras bem diferentes. Um jovem assassinado em um assalto e uma senhora de idade por problemas de saúde. Um de forma abrupta e inesperada, a outra não poderia nos causar nenhuma surpresa mediante o fato de já estar doente há algum tempo e de sua idade avançada.

Então porque a surpresa, o despreparo e o sentimento de desamparo é igualmente forte em ambos os casos?

A verdade é que, mesmo sendo a única certeza da vida, a morte é única opção que nunca está em nossos planos.

Só me resta orar pela família do rapaz, para ter resignação e força para não desmoronar diante do fato de ter perdido um filho, um irmão, um neto, de maneira tão banal. Por causa de um telefone celular dos mais simples, por causa de um mundo que não valoriza mais a educação (nem básica, nem média, nem superior e, principalmente, nem doméstica). Que faz com que um adolescente entre em uma loja munido de um revólver disposto a tirar a vida de quantos precisem para levar o que quer (neste caso um celular que não custa mais que R$99,00 quando novo, pois o do caso em tela já era bastante usado). Uma vida por um celular, um irmão por um celular, um filho por um celular, um noivo por um celular. Três tiros por um celular velho (não que fizesse diferença se ele fosse novo).

Só me resta orar pelo viúvo da senhora falecida no hospital após longa luta na UTI. A dor dele é tão grande quanto a da outra família. Porém ele teve a chance de se preparar para o inevitável.

INEVITÁVEL. Acredito ser essa a questão principal a ser encarada. Nós vamos partir deste mundo e pode ser a qualquer momento. Nossos entes queridos vão partir deste mundo e pode ser a qualquer momento.

Precisamos viver o agora de maneira absoluta, buscando tirar o máximo de cada momento. Aproveitar a companhia das pessoas que nos cercam ao máximo e amá-las ao máximo. Quem pode ter certeza se este não será o último momento?

Eu não tenho.

Henrique Barros
Enviado por Henrique Barros em 08/05/2009
Código do texto: T1582293
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