O Estado da Nação
O estado da Nação
Não vou usar palavras minhas para descrever o que penso acerca de algumas situações com que se depara a sociedade em que vivemos, face a algumas leis que lhe são impostas e, também me dispenso de tecer qualquer comentário limitando-me tão só a parafrasear Guerra Junqueiro a partir de um texto chamado Balanço patriótico inserido em “Pátria” escrito em 1896 portanto há mais de 110 anos e cujas palavras de pouco ou nada valeram para a mudança de mentalidades.
“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, – reflexo de astro em silencio escuro de lagoa morta…” Liberdade absoluta, neutralizada por uma desigualdade revoltante, – o direito garantido virtualmente na lei, posto, de facto, à mercê de um compadrio de batoteiros, sendo vedado, ainda aos mais orgulhosos e fortes, abrir caminho nesta porcaria, sem recorrer à influencia tirânica e degradante de qualquer dos bandos partidários….
Se o Nazareno, entre ladrões, fosse hoje crucificado em Portugal, ao terceiro dia, em vez do Justo, ressuscitariam os bandidos. Ao terceiro dia? Que digo eu! Em 24 horas andavam na rua, sãos como uns peros, de farda agaloada e grã-cruz de Cristo. “
As comparações, ilações ou comentários a este texto ficam ao critério de cada leitor.