Imagem: Eu às margens do Lago de Bellaggio, um prosseguimento do Lago de Como, Itália.




Está nascendo um texto...

 

  

Vorrei essere com te quest’oggi. La solitudine non è buona per nessuno. Dove sei adesso? Tu puoi sentire la mia voce?



 
Hoje eu li uma crônica da Rejane Chica e muito do que ela diz no texto, tem a ver comigo. Na crônica a escritora questiona a qualidade de vida na cidade, o stress, o barulho, a falta de espaço para a vida normal. Questiona também os sabores das frutas, hoje, amadurecidas de maneira artificial.
 
Eu concordei com todos os pontos daquela crônica, mas pensei cá com meu egoísmo:
 
Ah, minha querida amiga poetisa, mesmo sem espaço você possui um cachorro dentro do apartamento, eu não. Também não tenho neto. Ah! Também não sei dirigir. Sou uma espécie de prisioneira dentro do meu apartamento. Não ouso sair sozinha. Aqui as pessoas observam quem está só. Bem que eu tentei sair, mas é chato, por exemplo, ir ao cinema e não ter com quem comentar o filme... Qual é a graça de sentar-se num café e tentar ler algo, se aqui os cafés são apenas lugares de consumo e barulho? Nos cafés das livrarias nunca tem lugar... Ah! E tem mais, mulher sozinha numa mesa é vista como “a cata de aventura”, isso é triste. O pior é quando chega um cara e oferece companhia.
 
Até que ser importundada pelos caras mal educados passa. O perigo eu eu sair só e começar a apaixonar-me por mim mesma. Esse é o grande risco (risos).
 
Quem não gostaria de ter uma casa no campo? Se eu tivesse uma, eu poderia ter um cachorro. Um daqueles cachorros  com cara de raposa. Sim, porque só os cães com cara de raposa sabem sorrir, como sorriam os que eu tive na minha infância; eram eles, Faraó e Moby Dick, nunca vou esquecer seus nomes. Meu marido não permite que eu tenha um cão. Ele disse que se eu entrar com um pela porta de serviço, o “cachorro velho” sairá do apartamento pela porta da frente. É chantagem ao extremo, eu sei.
 
É querida Chica, nada é perfeito! Já dizia a raposinha de Antoine de Saint Exupéry.
 
Eu já não questiono mais o sabor das coisas, eu queria mesmo era ter asas pra voar...

Que pena, o texto não nasceu.




(Hull de La Fuente)

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 03/05/2009
Código do texto: T1573001
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