A FESTA DE SÃO SEBASTIÃO SÓ DEIXOU SAUDADES
A Festa de São Sebastião em Condado, já foi uma das melhores da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Talvez a melhor. Em l988 tive a felicidade de fazer parte da Diretoria da Festa, juntamente com os amigos Luiz Fonseca Filho, Djalma Mendes e Deriva Lúcia, na ocasião, apresentamos a riqueza da cultura popular daquela região.
Essa festa sempre acontece no último final de semana de janeiro, e, naquele ano, já a partir da sexta-feira, as principais avenidas da cidade foram ocupadas por um enorme Parque de Diversões, como há muito tempo não se via, e por grande número de barracas de bebidas, prêmios e lanches. Além da Feira Típica, ao longo das Avenidas 7 de Setembro e 15 de Novembro.
Nas noites do sábado e do domingo tivemos a realização de grandiosos bailes no Clube Municipal – prédio que na atual gestão está abandonado.
Na noite do domingo, dia da Festa, tivemos a apresentação de Babau (mais conhecido em outros locais como Mamulengo), Cavalo Marinho, Pastoril Infantil, Tourada e Ciranda. Com exceção do Pastoril, que era da Chã do Esconso, distrito de Aliança, todas as outras agremiações eram do Condado.
Tivemos três retretas, tocadas, pela Banda da Polícia Militar de Pernambuco, do Recife, pela Filarmônica Saboeira, de Goiana e pela Filarmônica 28 de Junho, do Condado, todas ao mesmo tempo, em pontos estratégicos, ao longo das Avenidas 7 de Setembro e 15 de Novembro. Tivemos ainda a apresentação da Banda de Pífano de Itambé e uma passeata da Bandinha de Frevo do Pátio de São Pedro, Recife, que circulou toda a Festa durante duas horas.
Na parte religiosa, a Festa também foi uma das melhores que se fez até hoje, principalmente na realização da tradicional Procissão do domingo à tarde. Num fato inédito, a procissão foi acompanhada por três dessas bandas musicais, além do Coral da nossa paróquia de Nossa Senhora das Dores.
Foi um dos eventos mais bonitos que já vi. Era maravilhoso olhar a passagem da procissão pela Rua da Baixinha, ao lado da prefeitura. De lá podíamos observar, uma enorme multidão, “se arrastando que nem cobra pelo chão”, como diz o grande poeta e cantor Gilberto Gil.
Às cinco horas da manhã do domingo, tivemos a realização de uma girândola e repiques de sino, na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, acompanhados pelos desfiles das Filarmônicas 28 de Junho e Santa Cecília, ambas do Condado, pelas principais avenidas do município.
Infelizmente, hoje já não se organiza essa Festa como antigamente, esse ano, por exemplo, foi um desastre. Não sei se porque a prefeitura só se preocupou em cobrir os rombos da campanha do ano passado ou se porque a comunidade perdeu o tesão em valorizar a tradição de nossa terra e só pensa agora nas “bandas de fuleiragem music” que apresentam as bundas e os rebolados das mulheres.
É claro que isso é muito bom - me refiro às bundas e rebolados – e não às bandas, mas não valorizar nossa cultura é de partir coração. É um retrocesso intelectual da população.