A DIVINA PROVIDÊNCIA
 
“Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós.” (Mt 10,30-31).
 
A confiança é um meio pelo qual o Espírito Santo realiza em nós a vontade de Deus. Com ela nos pomos à sua disposição e nos abrimos para a ação da graça santificante que nos capacita para o céu. É por meio dessa virtude que permanecemos com o nosso olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus Cristo; pois, como diz a Escritura: “O justo vive da fé.”
 
Viver em Deus, por Deus e para Deus é o sentido último de nossa existência; creio que seja por isso que Jesus diz no Evangelho de São Mateus: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça e todas as coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado.” (Mt 6,33-34). A isto chamamos Providência Divina.
 
O novo Catecismo da Igreja Católica (CIC) assim se refere a este assunto: “Chamamos de divina providencia as disposições pelas quais, Deus conduz sua criação para a perfeição última: Deus conserva e governa com providencia tudo que criou; ela se estende “com vigor de um extremo a outro e governa o universo com suavidade”. (Sb 8,1). Pois “tudo está nu e descoberto aos seus olhos” (Hb 4,13), mesmo os atos dependentes da ação livre das criaturas.
 
Com efeito, o testemunho da Sagrada Escritura é unânime: a solicitude da divina providência é concreta e direta, toma cuidado de tudo, desde as mínimas coisas até os grandes acontecimentos do mundo e da história. Com vigor, os Livros Sagrados afirmam a soberania absoluta de Deus no curso dos acontecimentos: “O nosso Deus está no céu e faz tudo que deseja”(Sl 115,3); e de Cristo se diz: “O que abre e ninguém fecha, e, fechando, ninguém mais abre” (Ap 3,7). “Muitos são os projetos do coração humano, mas é o desígnio do Senhor que permanece firme” (Pr 19,21).
 
Caríssimos, Jesus pede que nos entreguemos confiantemente à providência do Pai Celeste, que cuida das mínimas necessidades de seus filhos e filhas: “Por isso, não andeis preocupados, dizendo: Que iremos comer? Ou, que iremos beber? ...Vosso pai celeste sabe que tendes necessidade de todas essas coisas.” (Mt 6,31-33). Em outras palavras, confiar na divina providência é entregar-se sem vacilar nas mãos d’Aquele que tudo pode e quer sempre a nossa salvação.
 
Às vezes, diante dos acontecimentos adversos de nossa história ou da nossa vida, ficamos a nos perguntar: Se Deus Pai Todo Poderoso, Criador do mundo ordenado e bom, cuida de todas as criaturas, por que então o mal existe? Somente o conjunto da fé cristã responde a esta pergunta: pela bondade da criação, o drama do pecado, o amor paciente de Deus que se antecipa ao homem por suas alianças; pela Encarnação redentora de seu Filho; pelo dom do Espírito Santo; pelo congraçamento da Igreja; pela força dos sacramentos; pelo chamado a uma vida bem-aventurada à qual as criaturas livres são convidadas antecipadamente a assentir; mas da qual podem, por um terrível mistério, abrir mão também antecipadamente.
 
“Ó abismo de riqueza, de sabedoria e de ciência em Deus! Quão impenetráveis são os seus juízos e inexploráveis são os seus caminhos! Quem pode compreender o pensamento do Senhor? Quem jamais foi o seu conselheiro? Quem lhe deu primeiro, para que lhe seja retribuído? Dele e por Ele e para Ele são todas as coisas. A ele a glória por toda eternidade! Amém!” (Rm 11,33-36).
 
Portanto, quem em Deus espera e Nele confia plenamente, saber-se protegido contra as ciladas do mal, que tenta a todo custo dizimar a bondade e o bem presente nas criaturas. Por isso, sejamos vigilantes e compassivos, trilhemos o caminho da justiça e do amor, conservando em nossa vida o temor do Senhor até que Ele venha.
 
Paz e Bem!