INTRODUÇÃO À INCLUSÃO DEMOCRÁTICA
A filosofia válida para uma análise realmente científica e humanista é aquela materialista e democrática. A ciência não é como a fé. Ataques contra a ciência vêm muitas vezes carregado de relativismo exagerado, e isso é uma bobagem; a ciência é o ponto para onde devem convergir não os lugares-comuns entre os pontos de vista simplesmente, mas a capacidade racional do homem de determinar, com a ajuda dos seus iguais, o que algo é além da simples percepção individual e apriorística. Ou seja, a ciência não é uma “acreditar” fechado em si, mas um constante processo de investigação que “nos leva a crer” – no qual essa crença é cada vez mais digna de acuidade, embora necessariamente passível de aprimoramento. O lugar-comum da ciência é a razão, que é também lugar comum das pessoas. Os interesses também são lugar-comum, mas o interesse em prover da melhor forma possível todos os interesses é o lugar-comum entre seres humanos democratas.
O interesse pela ciência é o interesse pela verdade. Não que a ciência nos a prontifique, e sim na medida em que há um jogo de aproximação entre nós e a verdade nesse processo. A primeira coisa a se conferir é que a verdade existe necessariamente; não é necessário que nos alonguemos nisto, porém, se pelo menos for verdade que não existe verdade, então existe verdade; é preciso também ressaltar que, se não houvesse verdade, esse artigo e todas as outras dissertações teriam caráter poético, apenas. O processo de trabalho em direção à verdade é essencialmente humano. A ciência não se move sozinha, e esse o motivo de que, de certa forma, o interesse pela ciência é uma auto-afirmação de nossa capacidade; e ela já nos deu muitas amostras práticas de eficiência.
Entretanto, isso não significa a auto-afirmação particular e própria por parte de cada indivíduo a respeito do seu pensamento. Essa unilateralidade é justamente o que afirma como verdade algo condicionado demais. Algo que eu penso e não discuto; ou, pior, que não discuta por achar ter validade como verdade tanto o que eu penso quanto o que outro pensa a respeito de determinado tema, mesmo que os pensamentos contrariem-se plenamente... Pensar assim é não observar o conceito de verdade; não há verdades dúbias – isso é uma contradição em termos. Interpretações variadas e todas com validade são antes elementos fundamentais da arte. Posto isso, a ciência aponta melhor à verdade quando um tema é investigado por mais pessoas; daí que aquela afirmação é auto-afirmação que repousa sobre a capacidade humanidade.
Do ponto de vista de uma análise material, para o melhor desenvolvimento de um ofício humano artístico ou técnico, assim como científico, conta positivamente o maior números de indivíduos em contato e em atividade neles. A inclusão científica – leia-se educacional –, a artística e tantas outras assumem sempre dois papéis complementares. O primeiro é aquele em que se incluem pessoas em seu ato, ou seja, indivíduos em sua realização – p. ex., formar professores, formar artistas; o segundo delega às pessoas os benefícios de determinada prática – p.ex., ensinar matemática, dar consultoria jurídica. Não só caso especial da arquitetura, é possível dizer que o segundo papel automatiza o primeiro. A prática social geral excelente do fazer arquitetônico lhe dará: 1. papel imediato de contribuição à sociedade; e 2. em forma de reconhecimento e interesse por parte das pessoas, o retorno como aprimoramento. O que, por sua vez, voltará em forma de mais benefício à sociedade.
Eis por que, em curto prazo, o processo de inclusão é democrático em seu objetivo e, em longo, em seu produto inevitável.