O Besta Fubana aumenta o poder da criação poética!
Eu sempre soube que todo repentista pode ser um cordelista, mas nem todo cordelista consegue ser um repentista. O repente é feito no improviso e essa capacidade de raciocínio rápido é um dom de poucos. Ser repentista é algo divino ou sobrenatural. Faz alguns anos que eu escrevo cordéis e poesias, no entanto algumas vezes a gente gasta horas debruçado sobre um birô e não consegue escrever nada. Outras vezes, quando a gente menos imagina, a poesia flui e se transforma em algo bonito e gostoso de se ler.
Minha participação na política em Condado me afastou muito dos amigos ligados à poesia e me tornou ocioso neste campo. Agora que resolvi abandonar a política, passei a explorar mais minha veia poética e percebi que perdi muito em não ter feito isso antes, pois no momento eu estou muito mais feliz e convivendo muito melhor com meus amigos e minha família.
Outro fato que achei interessante, foi aumentar a minha capacidade de escrever poemas quase de improviso, mesmo brincando, depois que ingressei na Unicordel e no Jornal da Besta Fubana. Neste pouco tempo, proporcionalmente, eu já fiz mais poesias do que durante os doze anos que passei na política. Hoje eu acredito que o meio no qual a gente vive, influi bastante na nossa vida.
Neste curto período, eu escrevi alguns sonetos e fiz diversos poemas nos comentários dos artigos da “Gazeta da bixiga lixa”. Fiz também duas poesias para participar do 1º Concurso de Poesias de Cordel de Caruaru, e com uma delas tirei o sétimo lugar entre cinqüenta e dois poetas concorrentes.
Quando fui ao encontro dos amigos da Unicordel, no Mercado da Boa Vista, após ir ao sanitário, peguei um guardanapo e escrevi:
Atendi à Unicordel
E vim parar no Mercado
Fiquei tão emocionado
Quase me senti no céu
Só foi ruim o papel
Na hora de urinar
Pois tive de enfrentar
Fila de um quarteirão
Só faltou ter inscrição
Pra gente poder mijar.
Fiz um comentário no JBF elogiando a poesia “As quatro velas’, do poeta Dedé Monteiro e, aproveitando o ensejo, solicitei dele dois de seus poemas: “A porca preta pelada” e “A tampa do tabaqueiro”, ele me respondeu em poesia:
Amigo Ismael Gaião,
Minha gratidão é plena.
A “Porca” não, mas a “Tampa”
Tem numa obra pequena,
Lá no Box Sertanejo,
Mercado da Madalena.
Se me enviar seu e-mail
Ou me escrever de caneta,
Juro que não faço feio
E lhe mando a “Porca Preta”.
Tentando fazer bonito, assim que li seu comentário, o respondi de imediato:
Muito obrigado poeta
Gostei da sua proposta
Pra mandar a Porca Preta
Escreva ismaelgcosta
Use vermelho ou azul
Bote arroba Yahoo
Pra me mandar a resposta
Para o email chegar
Escreva certo, não erre
Digite o email todo
Pra que ele não emperre
Eu vou ensinar a tu
Faça após o yahoo
Ponto com ponto br.
Li na COLUNA DE ALLAN SALES, o Menestrel do Cariri, do Jornal da Besta Fubana, algumas glosas que ele fez com o mote: “Como posso um sujo ver, falar mal do mal lavado”, se referindo ao senador Jarbas Vasconcelos, de imediato, escrevi no comentário:
Com Jarbas a dois três dois
Virou quatro meia quatro.
Mas foi pouco o seu teatro,
Pois fez bem pior depois.
Nunca deu nome aos bois
Nem aqui nem no Senado
Mas hoje tá apagado
Tá querendo aparecer
Como posso um sujo ver
Falar mal do mal lavado.
Houve um verso de “pé quebrado” (retrato rimando com quatro), mas faz parte da tentativa do improviso.
Quando li uma CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA do PADRRE ARNALDO MASSARI, enviada ao Jornal da Besta Fubana, e o comentário do Papa Berto, Editor desse Jornal, eu brinquei com seus palavreados com o seguinte poema:
Fique quieto não se bula
Meu caro “eclesiástico”
Vocabulário “fantástico”
Esse que Arnaldo “açula”
Sei que ele gosta de Lula
E é muito inteligente
Não sei se foi coerente
Na sua concepção
Pois a sua “meteção”
Foi o que entendi somente
Eu li o seu “espaldar”
Bem “alectoromaquista”
Mas o “cruciaverbista”
Não consegui decifrar
Talvez precise estudar
Pra ler com objetivo
Esse seu “defectivo”
E a sua “inquerustice”
Porque na minha burrice
Eu me senti morto vivo
Arnaldo “sobejamente”
Falou de alguns “Mulás”
Você não ficou pra trás
Nem “desconfiltradamente”
Eu como simples vivente
Nessa conversa platônica
Quando li a “pitombônica”
Levei um carão do chefe
Porque o seu “imbafefe”
Virou a peste bubônica.
De qualquer forma eu estranho
Esse seu “E ha de ô”
E digo deu o estoupô
Com a palavra “d’antanho”
É melhor eu tomar banho
Do que ir “persepatando”
Porque mesmo estudando
Nesse meio cultural
Quando leio “gutural”
Não sei do que estão falando
Até me deu um entojo
Quando eu li “incorbúvel”
Não sei se é algo volúvel
Ou se é igual a “antojo”
Só sei que fiquei com nojo
E de nada entendia
Vou procurar outro dia
Olhar de maneira afável
Essa “descamaraitável”
Nessa nova ortografia.
Na CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA do CARDEAL LEONARDO LEÃO, encontrei uma linda poesia, que ele fez, chamada: “Vizinhança”, dedicada a uma amante. Ao terminar de ler completei:
Satisfaze-me de prazer
Nessa linda cavalgada
Fazendo-me chegar ao êxtase
Dessa hora tão sonhada
Ás vezes nem acredito
Que hoje, és minha, amada.
Ao ler a coluna SÓ SEI QUE FOI ASSIM de GEORGE MASCENA, com o artigo: BEBER, VOMITAR, DORMIR, onde ele diz que Colô Cordeiro soube do ocorrido, fuxicou a Dedé Monteiro e propôs o mote:
“Beber, vomitar, dormir, pra depois Beto limpar”, eu lembrei que conheci os personagens de sua história em l978, quando vim morar no Recife, e escrevi:
George Mascena inspira
Quem está acomodado
Pois se não tô enganado
Conheço Cil de Tabira
A minha cabeça gira
Pois quando aqui vim morar
Eu me lembro de encontrar
Beto e Cil a discutir
Beber, vomitar, dormir
Pra depois Beto limpar
Eu morei numa pensão
Num antigo casario
Beto, Djalminha e Cil
Lá faziam refeição
De Nildinho num lembro não
Mas lembro de escutar
Djalminha reclamar
Cil só bebe pra cair
Beber, vomitar, dormir
Pra depois Beto limpar
Eu fiquei meio cabreiro
De mexer no mexerico
Porque quem fez o fuxico
Sei que foi Colô Cordeiro
Mas vendo Dedé Monteiro
Fazer versos e brincar
Resolvi aproveitar
E também me divertir
Beber, vomitar, dormir
Pra depois Beto limpar.
Na coluna REPENTES, MOTES E GLOSAS de PEDRO FERNANDO MALTA, encontrei várias glosas de José de Sousa Dantas com o mote: “Quero amar essa morena, que eu não sei viver sem ela”, e completei:
Sinto que fazia falta
Ver tão bela poesia
Só quem acha todo dia
É Pedro Fernando Malta
Pelo que o poeta exalta
De sua morena bela
Eu vou correr atrás dela
Com toda gota serena
Quero amar essa morena,
Que eu não sei viver sem ela.
Essa tentativa de versejar de imediato, nos comentários dos artigos da Besta, eu fiz imitando os poetas Dedé Monteiro e Abílio Neto, e não é que está dando certo.
Quero aproveitar a oportunidade para agradecer ao amigo poeta Honório, ao Papa Berto e aos colaboradores da Besta, pelo apoio e incentivo nesta minha empreitada na Gazeta da bixiga lixa.