Patologia da Modernidade
O domínio do ato está presente em nosso cotidiano.
Desta forma, não seríamos nós a conceituar pessoas, sem ter uma opinião técnica e científica, levado apenas por parâmetros imprecisos.
Quem não se enquadra em alguns padrões comportamentais desmedidos que caracterizam as patologias do milênio! Internautas compulsivos que esquecem a vida que os rodeia para dedicar horas a fio na telinha, os loucos por videogames que competem de uma forma alienante, os malhadores “profissionais” das academias, buscando na forma física o seu objetivo primeiro, os que buscam no consumismo um refrigério para suas frustrações e vazios, os fanáticos por regimes que sacrificam a saúde em dietas da moda e visuais magérrimos de modelos fabricados pela mídia, os workaholics que deixam suas famílias, seus amigos e se embrenham num acirrado jogo de ganha-ganha (por vezes não só materialmente), os jogadores de cartas, os traidores compulsivos que mantém tórridos romances virtuais com homens e mulheres carentes só para se auto-afirmarem ou preencherem o vazio de relacionamentos reais frustrantes, os que escolhem as drogas, os mentirosos?
Esses sãos imperativos do ato, onde as pessoas ocupam-se de modo incessante e interminável como se fossem motos contínuos.
São esses os tempos da pressa, da impossibilidade da parada, das ajambrações, dos ouvidos moucos e da postergação!
Há que se contar assim, diante de tão corriqueiros “filhos da modernidade” os psicóticos clássicos, que como o grupo anterior, obviamente convivem, mesclam-se, interagem e interferem. Se, por meio de novos conteúdos representacionais e ideativos se expressam, nada vai além do que a criativa tecnologia e “evolução” lhes proporciona.
Convivemos com pessoas que se dizem chipadas ou lastimam ter suas mentes escaneadas.
Há pouco tempo li sobre uma paciente que dizia ter sua mente e sua vagina movidas por um mouse.
Essa desorganização psíquica entra e participa do progresso das ciências!
Quem não presenciou alguém a inventar personagens, mostra-se de forma atraente e totalmente diferente da sua figura real, construir amores impossíveis e intrincadas tramas de vida para angariar atenção, algum proveito material ou mais e principalmente: pedir socorro.
Tempos talvez onde devamos responder, sem sustos, se um poste nos cumprimentar em movimentos de mesuras! Rs
Assim não há julgamento cabível nem conceituações taxativas e assustadoras. Há apenas o convívio cuidadoso e humano de todos nós, mantendo a distância necessária para que não afoguemos as nossas próprias neuroses e psicoses com as dos que são descritas nos clássicos anais da psicologia e da psicanálise.
Uma conversa com o texto de Latife Yazigi, Marion Minerbo & Cecília Attux