Viva a Destruição da Humanidade!

Houve um dia, em que o mundo parecia sorrir pra agente, em que a vida a cada dia ficava mais satisfeita com o fato de ser vivida, em que cada passo era dado ainda que com insegurança, com tranqüilidade e com enorme prazer.

Houve um dia em que o céu era tão claro, em que a luz era tão agradável, a chuva era tão mágica, as árvores tão belas, os pássaros tão lindos, a terra tão viva, a água tão límpida, o mar tão esplêndido, por ser tão misterioso.

Houve um dia, em que cada dia era um novo dia, um dia de coisas novas, um dia de aprendizados, um dia especial, de modo que a avidez por se viver outro dia era tão clara, tão comum, tão indissociável de nós.

Hoje no entanto, os dias parecem sempre iguais, e o que é pior, são igualmente ruins, deprimentes, sem sentido, tão hostis para conosco, tão vazios, tão sem vida, talvez porque nem sabemos mais o que é vida.

As árvores se tornaram tão comuns, que não existe mais qualquer prazer em admirá-las, tanto que se prefere devastá-las; os pássaros se tornaram tão simplórios, que o mais curioso é vê-los morrer que vivos; o mar, de tanto que foi explorado, já não encanta mais com seus mistérios, já não amedronta mais por sua magnitude; os animais se tornaram tão banais, que tanto faz vê-los ou não, de modo que suas vidas pouco interessam.

O mundo perdeu seu sentido, tudo é tão efêmero, tão passageiro, tão banal, tão desimportante. Na vida, não existem mais momentos reais para sorrir, o mundo não sorrir mais para nós, talvez porque lhe faltam “dentes”, e agora, ele tem vergonha de “abrir a boca”. A vida não encontra mais nenhuma satisfação no que faz, tudo é desmotivador.

Passar décadas e décadas exercendo uma determinada profissão, ignorando o fato de que está não condiz com o que você é ou sempre quis ser, porém evidenciando o fato de que a mesma permite a você adquirir uma quantidade de dinheiro necessária para seu sustento e daquelas pessoas com quem você vive. Você nem se cansa mais, a final de contas, não há com o que se cansar, você sabe quais são suas funções e como exercê-las, já as-internalizou, exerce-as mecanicamente, elas não representam absolutamente nada de novo, e se de repente você se depara com algo de novo, vem à insegurança, a inquietude, o descontentamento, porque você é tão medíocre, tão patético, acostumado com essa vida irracional que lhe é inerente.

Passar décadas e décadas em contato com as mesmas pessoas, dizendo as mesmas coisas, fazendo as mesmas coisas, aprendendo absolutamente nada de novo, pois você se acostumou com isso, não consegue vislumbrar algo diferente disso, isso está bom para você, e você é capaz de passar mais décadas com essas pessoas, dizendo e fazendo as mesmas coisas.

Passar décadas e décadas sempre planejando ou sonhando, mas já acostumado em não realizar nada do que se sonha ou se planeja, porque você se convenceu de que sonhar é coisa de criança, e que as crianças são pobres coitadas que não sabem e nem entendem nada do mundo, ou seja, você não passa de um imbecil que se acha superior aos mais superiores dos seres, e para completar age somente no sentido de impossibilitar o desenvolvimento dessas crianças capazes de mudar o mundo, sempre para melhor, porém, você não quer mudanças, porque você não passa de um velho, que como tal, já está no fim da sua vida, ainda que tenha apenas uns trinta anos, mas que não vislumbra mais a possibilidade de mudanças, porque sua vitalidade já se esvaiu, ou pelo menos é nisso que você acredita, já que não faz mais nada, acomodou-se, lamentavelmente.

Passar décadas e décadas no mesmo lugar, sem a perspectiva de conhecer lugares novos, acreditando sempre e sempre, que o mundo é só esse lugar em que você vive, e que esse lugar onde você habita está ótimo, ainda que ele seja um pouco feio, um pouco violento, um pouco pobre, um pouco pequeno, um pouco, um pouco, sempre um pouco, tendendo para o nada, mas você se pergunta “idaí”, “é nesse lugar que eu vivo e é isso o que importa”.

Você não é um ser humano, você não é um ser racional, você é um animal irracional, com instintos, instintos esses que determinam toda a sua vida, desde a sua gênese até o seu fim, que dada essas condições deploráveis em que você mesmo, na condição de animal irracional se permite viver, até que não é mal, muito pelo contrário, “já vai tarde”.

Na verdade você é pior do que um animal irracional, você é um pedaço de madeira fincada no chão, ainda irracional é claro, porque não pensa, e ainda por cima está ali, sempre fixo, imóvel, salvo quando é arrancado da terra por forças naturais ou pelo o uso de ferramentas.

Você é um merda, um bosta, e para aqueles que são tão medíocres a ponto de se ofenderem com meras palavras, o que os impelem a inventar outras, ainda mais idiotas, porque um idiota só pode inventar coisas idiotas, posso dizer que você é um cocô, o que é a mesma coisa, porém com um toque de frescura, seus hipócritas nojentos.

Atualmente falar que o ser humano é um ser racional, é algo que me faz rir, não de felicidade, naturalmente, porque se trata de um sorriso sarcástico, que desmente tal afirmativa, porque como posso eu acreditar que um ser dotado apenas de incompreensão, movido por um pedaço de papel denominado dinheiro, extremamente egoísta, individualista, sem um mínimo de solidariedade, um ser tão desprezível, tão impuro, dentre outros adjetivos que apenas desqualifica esse ser, trata-se de um ser racional, de um ser que pensa. Pensa em que? Se pensasse não entraria nessa condição deplorável a qual se encontra, ou sairia da mesma, no entanto, seres que não pensam são incapazes de tamanhas proezas.

Talvez a capacidade de pensar, assim como a riqueza, ou pelo menos o que dizem ser a riqueza – um monte de papel (dinheiro) e materiais demasiado luxuosos e por tanto inúteis, fúteis, fruto apenas da vaidade -, esteja concentrada nas mãos de poucos, ou melhor na mente de poucos, pois as cabeças pensantes estão ficando cada vez mais raras, a final de contas, é mais cômodo aceitar tudo calado, mudar pra que, se daqui a algum tempo, todos, absolutamente todos, deixarão de pensar e não passarão de um bando de animais, assim como eram no principio, animais estes que por ficarem tanto tempo sem usarem a razão, de repente irão se deparar com um mundo estranho cheio de coisas estranhas, que na verdade foram eles que criaram, e por verem que tudo é estranho, irão se desfazer de tudo isso que os-cercam – roupas, casas, móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, dentre outros -, por não saberem como usá-los, para que servem, de modo que o que teremos posteriormente, será um bando de macacos, um bando de animais irracionais, andando curvados, cheios de pêlos, emitindo sons nada complexos (em relação a fala humana), enfim, pelo menos toda essa estupidez que é a humanidade irá se esvair, mesmo porque, se formos analisar essa situação a qual nos encontramos, melhor um mundo habitado apenas por animais, do que por seres ditos “humanos”, que só matam e destroem, não perdoando nem se quer, a si mesmos.

Itaci Silva Camelo

Itaci ISC
Enviado por Itaci ISC em 27/04/2009
Código do texto: T1563161
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