(de Salvador – Bahia) Há 460 anos, 49 anos depois de Pedro Álvares Cabral aportar lá pelas bandas de Porto Seguro (há controvérsias da mesma forma que a própria história de que Cabral foi o descobridor do Brasil), Tomé de Souza, Primeiro Governador Geral do Brasil, fundou oficialmente a cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos (nome oficial); primeira Capital do Brasil e hoje a cidade mais mística e alegórica deste lado de cá do hemisfério sul. A fundação e história de Salvador são tão confusas quanto à própria história do Brasil, aliás, legado maldito que temos que sustentar até hoje e deixamos nossos livros de história sempre a contar outra história enganadora e temerária, do ponto de vista da didática educacional.
Certeza mesmo, afirma os historiadores mais renomados como Capistrano de Abreu, é que Salvador começou seu processo de povoamento em 1510 após o naufrágio de um galeão francês. Relatos daquela época já contam que a localidade onde hoje se situa Salvador havia diversos moradores que não eram indígenas. Um dos ilustres moradores daquela época remota era o famoso Diogo Álvares, o Caramuru. Em 1534, 12 anos antes do relato de fundação, já havia inclusive uma capela erguida em homenagem a Diogo Álvares e Catarina Paraguassu. Em 1536 chegava Francisco Pereira Coutinho, primeiro donatário da Capitania Hereditária da Bahia, o qual recebera do próprio Dom João III; portanto, se contarmos desde o primeiro relato, Salvador fez em 2009, na verdade, 499 anos.
Depois de toda esta reviravolta da história, entre Caramuru e Antonio Carlos Magalhães, Salvador da Bahia passou por várias invasões holandesas, deslizamentos de terra, revoltas dos escravos mulçumanos, pequenos e grandes motins, conspirações e até um bombardeio ocorrido em 1912; depois de tudo isso chegou enfim o carnaval!
Salvador é sem a menor sombra de dúvida a cidade mais diferente do Brasil; não há Ouro Preto, São Luís, Blumenau ou Manaus que chegue aos pés desta que detêm o maior número de seitas religiosas, miscigenação, festividades e culturas diversificadas a começar por estar localizada no meio do mapa do Estado que é possuidor da maior costa marítima brasileira, a Bahia.
Do lado histórico Salvador e a Bahia ainda podem exportar para os estudantes brasileiros os fatos desconhecidos até de alguns pesquisadores, como por exemplo, o mito do 7 de setembro; Dom Pedro I fez aquela pantomima às margens do Ipiranga em 1822, mas foi a 2 de julho de 1823 que se desfez o último foco da resistência portuguesa no Brasil e onde isso ocorreu? Na Bahia! A partir da Conjuração Baiana (1799), pode-se afirmar que na Bahia, mais até que em Minas Gerais, estava arraigado no povo o sentimento de independência em relação a Portugal. Em Minas o conciliábulo se deu entre as famílias gradas, ao passo que na Bahia gente humilde participou ativamente, colando cartazes nas ruas concitando o apoio de todos. Salvador mais uma vez seria palco de um episódio de importância relevante para a história do Brasil, mas infelizmente a maioria de nós sequer nos fez sabedores.
Hoje, em pleno século 21, quando ouvimos falar de Salvador, geralmente está relacionado ao carnaval, ao candomblé e a preguiça irrefragável do “povo baiano”; mas será mesmo que todo o povo baiano é preguiçoso? De onde será que partiram os primeiros rumores que atestaria esta lassidão deste povo?
Segundo Elisete Zanlorenzi em tese de doutorado pela USP, os baianos em época de carnaval faltam menos ao trabalho do que os paulistas. Segundo a pesquisadora, a caracterização do baiano como preguiçoso começa com as grandes migrações de nordestinos, genericamente chamados de "baianos", para o sul do País. Os recém chegados ainda sem emprego alojavam-se em cortiços ou favelas. Estas condições contribuíram para que o termo baiano fosse associado a outros como sujo, desorganizado, não produtivo e, finalmente, preguiçoso, o que na verdade já se verificou ser apenas mito.
Outros fatores também foram importantes para a perpetuação deste paradigma; Dorival Caymmi, carioca de alma baiana, juntamente com Jorge Amado, sempre enfatizou a morosidade do povo da Bahia, mas um dos poucos pés de verdade que existe nesta história é que os negros das senzalas e os lacaios dos senhores abastados quando instalados no Pelourinho, em Salvador, caiam na gandaia durante dias, semanas e até meses até serem capturados e castigados pela insubordinação. Enquanto eram castigados, alguns feitores lhes perguntavam se voltariam ao Pelourinho e eles afirmavam que “era melhor a festa com o risco do castigo ao trabalho escravo”.
A pura verdade é que uma viagem curta entre Itapuã e a Ribeira são quase 40 km de uma vista que raras cidades do mundo possuem; as praias não são tão convidativas ao banho, mas a paisagem neste trajeto convida sim a todos os mortais a parar, contemplar, fotografar e contemplar mais ainda, chega a ser um convite a preguiça e ao deslumbre. De uma ponta a outra, se observa no maio do trajeto pontos como a famosa Praia de Itapuã, Jardim dos Namorados, Rio Vermelho, Boca do Rio, Pituba, Ondina; toda a beleza da Barra com seu farol, forte e ladeira; Corredor da Vitória e uma das mais belas vistas da Baía de Todos os Santos com a Ilha de Itaparica, Campo Grande onde se faz o mais tradicional carnaval e seus monumentos históricos, Praça Castro Alves, Rua Chile e Pelourinho que dispensa as apresentações. Na Praça Cairu se desce o Elevador Lacerda e avista-se o porto e o Mercado Modelo; pelas ruas da cidade baixa segue-se em direção a Igreja do Bonfim até se chegar à contemplação do bairro mais bucólico da cidade, a Ribeira.
Falta em Salvador uma estrutura mais confiável de receptividade ao turista; o turista moderno está limitado à visita restrita a Praia do Forte e a Costa do Sauípe que investiram em divulgação internacional, os hotéis ao longo destes quase 40 km de costa de Salvador estão envelhecendo e perdendo clientes a cada ano. Não há um compromisso entre os governos municipal e estadual de se fazer uma força tarefa em torno do turismo de Salvador; a situação é crítica nas áreas de segurança pública, saúde e transporte e isso afugenta até o diabo desta bela cidade.
Uma bela surpresa e uma forte luz neste campo; foi à transformação do Convento do Carmo no Pelourinho em um hotel de primeiríssimo mundo, ilustrado nas melhores publicações do planeta de excelentes hotéis, mas a divulgação deste empreendimento é tímida e ineficaz, não atinge as camadas emergentes, muito menos proporciona a segurança que deveria. Visitar o Pelourinho já foi uma grande aventura macabra, mas ainda hoje é chato, inconveniente e intranqüila. Por mais dedicação que a Delegacia de Proteção ao Turista (DELTUR) possa oferecer, andar pelas ruas deste bairro é simplesmente malacafento; não há muito respeito pelo visitante e a estrutura que envolve o turismo como estacionamentos, sanitários e informações, simplesmente quase inexistem.
Em cidades mais preocupadas com a boa impressão do visitante, como Lisboa e Rabat no Marrocos, existe inclusive uma linha regular de ônibus que percorre todos os pontos turísticos com guias que falam vários idiomas e que não está preocupada em levar “um a mais” pelos seus serviços; taxistas e vendedores de artesanato fazem questão que seus clientes levem para casa à melhor fotografia do lugar e os hotéis estão sempre com pessoas preparadas; isso faz com que as pessoas gostem, divulguem e retornem.
Salvador possui dois dos maiores Shopping Center do Brasil e neste aspecto ela dá um banho em qualquer outra do mundo, mas poderia ser ainda melhor. Um dos projetos que deixaria até Miami de queixo caído, o Aeroclube Plaza Show, está entregue as moscas e virou ponto de vadiagem noturna. O Aeroclube é um projeto pioneiro na cidade onde se construiu um shopping ao ar livre, frente mar, que reunia lojas convencionais, boates de renome, cinemas, bares e restaurantes de ponta; há cerca de seis anos que já não funciona como o programado e a comunidade local que deveria ser beneficiada acabou por ficar decepcionada e frustrada. O mais engraçado é imaginar que uma cidade como esta, linda em todos os aspectos e rica em potenciais turísticos investe tanto em locais restritos para compras convencionais!
No terreno da religiosidade a coisa é ainda mais grave; do lado tido como sagrado, ligado as igrejas seculares pertencentes à Santa Sé, o que há de descaso e abandono entristece até o mais fervoroso católico. As centenas de igrejas católicas que sobreviveram as amarguras do tempo e a ação de bandidos estão caindo aos pedaços; nestas igrejas, como a de Boa Viagem, uma das mais antigas das Américas os cupins tomaram conta das naves e dos altares. A atenção maior sempre foi pela igreja do Bonfim e nela se resume boa parte das visitas atuais.
Os terreiros de Candomblé, antes venerados pelos baianos e procurados por gente do mundo inteiro, hoje ninguém sabe onde há um sério e as poucas mães de santo que ainda temos notícia, são charlatãs oportunistas que vivem do codilho e da pilantragem. Depois de Mãe Menininha, do Arcebispo Dom Avelar Brandão Vilela e de Irmã Dulce a Bahia passou a viver em franca decadência desta espiritualidade contígua e extravagante.
É triste, principalmente para mim, baiano orgulhoso pelo nascimento neste Estado, ver de perto que Salvador, cidade querida de minha infância deliciosa, estar vivendo apenas das migalhas do carnaval; que me desculpe às pessoas de minha época de Salvador, como o próprio Governador Wagner, mas Salvador está feia, mal cuidada e totalmente delicada. Em parte a culpa é de alguns soteropolitanos que insistem em avançar sinal, dirigem mal, são mal educados e viciosos; a outra parte da culpa é do Governo que não a programa para ser um potencial grandioso de turismo, perdendo de 10 a zero do Rio de Janeiro, mesmo com todos os problemas da cocaína e das mortes atrozes de todos os dias.
A história é confusa e quase ninguém conhece; o turismo está enfraquecendo ao ponto de preocupar e ninguém faz nada para executar alguma idéia que lhe dê uma saída a curto e médio prazo; deste jeito Salvador poderá ser em breve um mito como Atlântida, se lhe couber a sorte, ou terá um destino reservado no rol das cidades fantasmas.
Alguém precisa mudar tudo isso!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
Foto: Flash – Gustavo Menezes / Ilustração de texto – (capa) Carlos Henrique Mascarenhas Pires e Miguel Valle de Figueiredo.
Certeza mesmo, afirma os historiadores mais renomados como Capistrano de Abreu, é que Salvador começou seu processo de povoamento em 1510 após o naufrágio de um galeão francês. Relatos daquela época já contam que a localidade onde hoje se situa Salvador havia diversos moradores que não eram indígenas. Um dos ilustres moradores daquela época remota era o famoso Diogo Álvares, o Caramuru. Em 1534, 12 anos antes do relato de fundação, já havia inclusive uma capela erguida em homenagem a Diogo Álvares e Catarina Paraguassu. Em 1536 chegava Francisco Pereira Coutinho, primeiro donatário da Capitania Hereditária da Bahia, o qual recebera do próprio Dom João III; portanto, se contarmos desde o primeiro relato, Salvador fez em 2009, na verdade, 499 anos.
Depois de toda esta reviravolta da história, entre Caramuru e Antonio Carlos Magalhães, Salvador da Bahia passou por várias invasões holandesas, deslizamentos de terra, revoltas dos escravos mulçumanos, pequenos e grandes motins, conspirações e até um bombardeio ocorrido em 1912; depois de tudo isso chegou enfim o carnaval!
Salvador é sem a menor sombra de dúvida a cidade mais diferente do Brasil; não há Ouro Preto, São Luís, Blumenau ou Manaus que chegue aos pés desta que detêm o maior número de seitas religiosas, miscigenação, festividades e culturas diversificadas a começar por estar localizada no meio do mapa do Estado que é possuidor da maior costa marítima brasileira, a Bahia.
Do lado histórico Salvador e a Bahia ainda podem exportar para os estudantes brasileiros os fatos desconhecidos até de alguns pesquisadores, como por exemplo, o mito do 7 de setembro; Dom Pedro I fez aquela pantomima às margens do Ipiranga em 1822, mas foi a 2 de julho de 1823 que se desfez o último foco da resistência portuguesa no Brasil e onde isso ocorreu? Na Bahia! A partir da Conjuração Baiana (1799), pode-se afirmar que na Bahia, mais até que em Minas Gerais, estava arraigado no povo o sentimento de independência em relação a Portugal. Em Minas o conciliábulo se deu entre as famílias gradas, ao passo que na Bahia gente humilde participou ativamente, colando cartazes nas ruas concitando o apoio de todos. Salvador mais uma vez seria palco de um episódio de importância relevante para a história do Brasil, mas infelizmente a maioria de nós sequer nos fez sabedores.
Hoje, em pleno século 21, quando ouvimos falar de Salvador, geralmente está relacionado ao carnaval, ao candomblé e a preguiça irrefragável do “povo baiano”; mas será mesmo que todo o povo baiano é preguiçoso? De onde será que partiram os primeiros rumores que atestaria esta lassidão deste povo?
Segundo Elisete Zanlorenzi em tese de doutorado pela USP, os baianos em época de carnaval faltam menos ao trabalho do que os paulistas. Segundo a pesquisadora, a caracterização do baiano como preguiçoso começa com as grandes migrações de nordestinos, genericamente chamados de "baianos", para o sul do País. Os recém chegados ainda sem emprego alojavam-se em cortiços ou favelas. Estas condições contribuíram para que o termo baiano fosse associado a outros como sujo, desorganizado, não produtivo e, finalmente, preguiçoso, o que na verdade já se verificou ser apenas mito.
Outros fatores também foram importantes para a perpetuação deste paradigma; Dorival Caymmi, carioca de alma baiana, juntamente com Jorge Amado, sempre enfatizou a morosidade do povo da Bahia, mas um dos poucos pés de verdade que existe nesta história é que os negros das senzalas e os lacaios dos senhores abastados quando instalados no Pelourinho, em Salvador, caiam na gandaia durante dias, semanas e até meses até serem capturados e castigados pela insubordinação. Enquanto eram castigados, alguns feitores lhes perguntavam se voltariam ao Pelourinho e eles afirmavam que “era melhor a festa com o risco do castigo ao trabalho escravo”.
A pura verdade é que uma viagem curta entre Itapuã e a Ribeira são quase 40 km de uma vista que raras cidades do mundo possuem; as praias não são tão convidativas ao banho, mas a paisagem neste trajeto convida sim a todos os mortais a parar, contemplar, fotografar e contemplar mais ainda, chega a ser um convite a preguiça e ao deslumbre. De uma ponta a outra, se observa no maio do trajeto pontos como a famosa Praia de Itapuã, Jardim dos Namorados, Rio Vermelho, Boca do Rio, Pituba, Ondina; toda a beleza da Barra com seu farol, forte e ladeira; Corredor da Vitória e uma das mais belas vistas da Baía de Todos os Santos com a Ilha de Itaparica, Campo Grande onde se faz o mais tradicional carnaval e seus monumentos históricos, Praça Castro Alves, Rua Chile e Pelourinho que dispensa as apresentações. Na Praça Cairu se desce o Elevador Lacerda e avista-se o porto e o Mercado Modelo; pelas ruas da cidade baixa segue-se em direção a Igreja do Bonfim até se chegar à contemplação do bairro mais bucólico da cidade, a Ribeira.
Falta em Salvador uma estrutura mais confiável de receptividade ao turista; o turista moderno está limitado à visita restrita a Praia do Forte e a Costa do Sauípe que investiram em divulgação internacional, os hotéis ao longo destes quase 40 km de costa de Salvador estão envelhecendo e perdendo clientes a cada ano. Não há um compromisso entre os governos municipal e estadual de se fazer uma força tarefa em torno do turismo de Salvador; a situação é crítica nas áreas de segurança pública, saúde e transporte e isso afugenta até o diabo desta bela cidade.
Uma bela surpresa e uma forte luz neste campo; foi à transformação do Convento do Carmo no Pelourinho em um hotel de primeiríssimo mundo, ilustrado nas melhores publicações do planeta de excelentes hotéis, mas a divulgação deste empreendimento é tímida e ineficaz, não atinge as camadas emergentes, muito menos proporciona a segurança que deveria. Visitar o Pelourinho já foi uma grande aventura macabra, mas ainda hoje é chato, inconveniente e intranqüila. Por mais dedicação que a Delegacia de Proteção ao Turista (DELTUR) possa oferecer, andar pelas ruas deste bairro é simplesmente malacafento; não há muito respeito pelo visitante e a estrutura que envolve o turismo como estacionamentos, sanitários e informações, simplesmente quase inexistem.
Em cidades mais preocupadas com a boa impressão do visitante, como Lisboa e Rabat no Marrocos, existe inclusive uma linha regular de ônibus que percorre todos os pontos turísticos com guias que falam vários idiomas e que não está preocupada em levar “um a mais” pelos seus serviços; taxistas e vendedores de artesanato fazem questão que seus clientes levem para casa à melhor fotografia do lugar e os hotéis estão sempre com pessoas preparadas; isso faz com que as pessoas gostem, divulguem e retornem.
Salvador possui dois dos maiores Shopping Center do Brasil e neste aspecto ela dá um banho em qualquer outra do mundo, mas poderia ser ainda melhor. Um dos projetos que deixaria até Miami de queixo caído, o Aeroclube Plaza Show, está entregue as moscas e virou ponto de vadiagem noturna. O Aeroclube é um projeto pioneiro na cidade onde se construiu um shopping ao ar livre, frente mar, que reunia lojas convencionais, boates de renome, cinemas, bares e restaurantes de ponta; há cerca de seis anos que já não funciona como o programado e a comunidade local que deveria ser beneficiada acabou por ficar decepcionada e frustrada. O mais engraçado é imaginar que uma cidade como esta, linda em todos os aspectos e rica em potenciais turísticos investe tanto em locais restritos para compras convencionais!
No terreno da religiosidade a coisa é ainda mais grave; do lado tido como sagrado, ligado as igrejas seculares pertencentes à Santa Sé, o que há de descaso e abandono entristece até o mais fervoroso católico. As centenas de igrejas católicas que sobreviveram as amarguras do tempo e a ação de bandidos estão caindo aos pedaços; nestas igrejas, como a de Boa Viagem, uma das mais antigas das Américas os cupins tomaram conta das naves e dos altares. A atenção maior sempre foi pela igreja do Bonfim e nela se resume boa parte das visitas atuais.
Os terreiros de Candomblé, antes venerados pelos baianos e procurados por gente do mundo inteiro, hoje ninguém sabe onde há um sério e as poucas mães de santo que ainda temos notícia, são charlatãs oportunistas que vivem do codilho e da pilantragem. Depois de Mãe Menininha, do Arcebispo Dom Avelar Brandão Vilela e de Irmã Dulce a Bahia passou a viver em franca decadência desta espiritualidade contígua e extravagante.
É triste, principalmente para mim, baiano orgulhoso pelo nascimento neste Estado, ver de perto que Salvador, cidade querida de minha infância deliciosa, estar vivendo apenas das migalhas do carnaval; que me desculpe às pessoas de minha época de Salvador, como o próprio Governador Wagner, mas Salvador está feia, mal cuidada e totalmente delicada. Em parte a culpa é de alguns soteropolitanos que insistem em avançar sinal, dirigem mal, são mal educados e viciosos; a outra parte da culpa é do Governo que não a programa para ser um potencial grandioso de turismo, perdendo de 10 a zero do Rio de Janeiro, mesmo com todos os problemas da cocaína e das mortes atrozes de todos os dias.
A história é confusa e quase ninguém conhece; o turismo está enfraquecendo ao ponto de preocupar e ninguém faz nada para executar alguma idéia que lhe dê uma saída a curto e médio prazo; deste jeito Salvador poderá ser em breve um mito como Atlântida, se lhe couber a sorte, ou terá um destino reservado no rol das cidades fantasmas.
Alguém precisa mudar tudo isso!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
Foto: Flash – Gustavo Menezes / Ilustração de texto – (capa) Carlos Henrique Mascarenhas Pires e Miguel Valle de Figueiredo.