Família: a mais importante rede de proteção

Eu estava ministrando o curso "Educando a Inteligência Emocional dos Nossos Filhos" quando perguntei às mães presentes: se algo inesperado acontecesse com vocês, com quem poderiam contar para deixar seus filhos? Para minha surpresa as mães responderam que nunca haviam pensado nisso. Houve um tempo em minha vida, durante a primeira infância do meu filho mais jovem, que eu só pude contar com o apoio de uma babá e depois, de um jardim de infância em tempo integral. Se algo me acontecesse, meu filho só poderia contar com o pai e mais ninguém. Tanto eu como meu marido, na época não tínhamos nem parentes nem amigos próximos com quem pudéssemos dividir qualquer dificuldade. Foi uma época muito difícil da qual não guardo saudades.

Meu filho mais velho, hoje com quarenta anos teve uma primeira infância privilegiada. Morávamos em Fortaleza, em uma casa enorme com um quintal que ocupava quase uma quadra inteira de rua, com muitas árvores frutíferas, um imenso tanque para tomarmos banho em dias de calor e espaço à vontade para brincar e correr com segurança. Mesmo tendo que trabalhar durante o dia e estudar a noite, contei com pessoas que cuidaram dele com carinho e extrema dedicação, tanto que não precisei de babás nem jardins de infância.

Fiz esta breve introdução para abordar um assunto considerado importante para a formação de indivíduos emocionalmente saudáveis: as redes de proteção.

Entendo as redes de proteção como uma teia formada pela constelação familiar, pelos amigos, pelos espaços comunitários, pelos grupos dos quais os indivíduos participam e pelas instituições formalmente constituídas. Essas redes dão aos indivíduos, o sentimento de pertinência, segurança emocional e auto-estima elevada, conseqüência da confiança depositada no modo como essas redes funcionam e nos seus resultados.

A rede de proteção mais importante é a família, formada pelos pais, avós, tios e demais parentes. Quando os vínculos familiares são sólidos o lema é: "um por todos, todos por um", como é o exemplo dos quatro mosqueteiros. Nesse contexto, cada membro sabe que pode contar com o outro, seja nos bons ou maus momentos. A família é por excelência o porto seguro onde aportamos nossos barcos quando as tempestades da vida nos atingem.

Embora a convivência nos grandes centros urbanos force as famílias a viverem em apartamentos, onde não há espaço para reunir muita gente, é importante cultivar a convivência familiar, por mais que isto possa trazer à tona, conflitos, mal entendidos e diferenças de opinião. Conheço algumas famílias que não abrem mão do almoço semanal com todos os filhos e netos. Conheço outras em que primos não se conhecem. Outras ainda, em que só há encontros em situações que não podem ser ignoradas como casamentos e aniversários. Há outras, no entanto, que qualquer pingo d'água é motivo para encontros festivos. Penso que isso é muito bom, fortalece os vínculos familiares.

Se as pessoas entendessem o que significa a importância da rede de proteção familiar, não perderiam tempo em guardar mágoas por anos e anos, mesmo que fossem magoadas, estariam abertas para dar o primeiro passo em direção a quem os magoou. Penso também que os jovens casais em formação deveriam atentar para estas questões e não esperar o outono da vida para compreender o valor dos vínculos familiares. A vida é curta e perder tempo com "picuinhas" do cotidiano é perder oportunidades de viver com um pouco mais de felicidade, principalmente na família.

Profª Conceição Gomes

Pedagoga