OS HOMENS E OS RATOS
Creio que nossa principal missão neste mundo, seja fazê-lo melhor para nós, nossos semelhantes e para as gerações futuras. Fazê-lo melhor, significa fazê-lo, mais justo, mais humano e mais limpo. Se conseguirmos fazer nossa parte nisso, mesmo desapegados de qualquer espiritualidade, teremos cumprido o que de nós espera a providência.
Para tal, teremos que nos desvestir de nossos erros, de nossa arrogância, este manto de obscuridades e da rigidez de nossos valores a que a tanto nos apegamos, para nos permitir que reavaliemos nossos comportamentos de maneira sincera.
Será preciso que entendamos o real significado de nosso papel nesta vida, para podermos avançar seguros e para isso, será preciso que atinjamos o marco zero dentro de nós, para então, começarmos a palmilhar um novo caminho, um passo de cada vez, por onde nos seguirão os homens de bem do futuro.
Atingir o marco zero é atingir um estado de compreensão que te põe fora do centro do universo, do teu próprio universo de preocupações, para ali colocar teu semelhante, para que se possa, através deste ato de humildade extrema, começar a construição da consciência do novo mundo.
Porque jamais serás justo em teu julgamento sobre você mesmo, logo é necessário que você se alije de ser o ponto de referência de suas reflexões e ações, para ser um ponto de equilíbrio.
A dignidade é o único princípio moral que deverá nortear nossos passos neste sentido. Ela é a corda inquebrável e a pedra do alicerce dos nossos sonhos de construirmos um mundo mais equilibrado.
É com a dignidade e somente com ela é que poderemos ampliar em alguns centímetros os nossos miseráveis limites humanos para assim, nos tornamos melhor.
Sem dignidade não haverá de haver qualquer esperança, pois sem ela nunca poderemos resistir ao julgamento arbitrário da história.
Nunca haverá grandeza sem dignidade e a falta dela é que alimenta as ações espúrias, a falta de correição, os desvios de caráter e os freios soltos da ambição que nos fazem burlar os códios da ética vigente. Ela é o divisor de águas que divide os ratos dos homens.
E não será dado a nenhum homem encontrar-se com si mesmo, se não for por ela e sem encontrar-se com si mesmo, os homens perambularão pelos ambulatórios da imoralidade, que constrói lentamente os pântanos do degredo moral em que afundarão irremediavelmente.
A eletricidade que poderá gerar o choque que lhes despertarão a consciência está no ar, nas palavras dos profetas e no fundo das aspirações de cada um de nós e não necessáriamente, na punição da justiça. Alias, com ela, os liames da justiça e seus códigos de ética, serão apenas referência, parâmetros e não determinantes de nossa conduta, campos verdes da liberdade, por onde vicejará o futuro que buscamos.