MODISMOS RENTÁVEIS

O mundo corporativo é um meio feroz, onde só sobrevivem aqueles que geram mais dinheiro para manter uma empresa em operação. Nas companhias de capital privado, sobretudo, a briga fica mais intensa dia após dia. Não há outro jeito. É matar ou morrer.As empresas passam hoje, por um período de intensa volatilidade e incerteza. Ninguém mais trabalha estagnado no tempo e no espaço. Para vencer no mundo dos executivos é preciso enxergar longe e ter muita rapidez de raciocínio, pois mudanças chegam sem proporcionar a ninguém a oportunidade de pensar com um minuto de atraso.

Agrega- se a todos esses fatos a vontade, ainda que tardia, da sociedade brasileira, que tenta, ainda que com alguns equívocos, incluir todo e qualquer cidadão no paradoxal contexto social, onde se valoriza o indivíduo em detrimento da coletividade.

Surgiram a partir de então, alguns termos bélissimos que hoje fazem, ou deveriam fazer parte do dicionário de qualquer empresa moderna.

Quem nunca ouviu falar em acessibilidade, sustentabilidade, responsabilidade social, inclusão?

Podem até dizer o contrário, mas todos esses termos estão na moda. É fato. O mais curioso é que para todas essas palavras existe uma lei. Todas essas leis, estão direta ou indiretamente ligadas aos portadores de algum tipo de deficiência, como é o caso deste escritor.

Sem querer defender minha classe, já defendendo, creio que a rigor, nós deficientes, não precisaríamos de lei alguma para nos inserir na sociedade. Bastaria a informação e o bom senso.

O problema é que um povo que venera bigbrothers, mulheres com nome de fruta e banda de música com nome de bolacha, está muito pouco interesado na informação séria, que tenha de fato, alguma relevância para ele. Também não pode haver bom senso na cabeça de alguém que busque tamanha "descultura". Complicado,não?

Mas, vamos ao ponto central do artigo. É louvável qualquer tentativa de mudar a sociedade para melhor. O que atrapalha, é que a mudança é feita sempre aos trancos e barrancos, sob o pesado fardo da obrigatoriedade. Hoje é preciso cumprir cota para tudo! Haja cotas e criatividade!

Mais do que termos da moda, todos os conceitos que definem os parâmetros de inclusão social no nosso país, deveriam ser estudados e acima de tudo, vivenciados. Ninguém é capaz de estabelecer uma norma para um assunto do qual não faz a menor ideia.

Sem informação, as leis de inclusão jamais sairão do papel, servindo apenas como modismos rentáveis aos cofres daqueles que já têm muito...

Não queria ser tão direto, mas no frigir dos ovos, as leis de inclusão acabam excluindo.

Marcello Santos
Enviado por Marcello Santos em 20/04/2009
Código do texto: T1550012
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