Amorosidade

O resgate da amorosidade, tarefa essencial a todos nós, torna-se profundamente necessário.

Ficamos, a cada dia, mais distantes dos bons sentimentos, das genuínas emoções e, principalmente de nossa capacidade de conviver em harmonia num mundo repleto de diferenças.

Faz-se necessário emergimos para um novo tempo e reconstruirmos caminhos para que o conhecimento acumulado por nossa trajetória humana nos conduza para a tomada de decisões vinculadas à aprendizagem, a administração dos conflitos e, inevitavelmente, aos processos do autoconhecimento, da auto-aceitação e da autoconsciência.

Aprimorar-se enquanto sujeitos humanos e históricos é questão de evolução de cada um de nós.

Tais processos de formação pessoal perpassam pelo conjunto de valores e pela visão de mundo de cada um de nós: somos um emaranhado imenso de influências resultantes de nossas relações sociais. Fruto do convívio social, cada um de nós carrega, em nossa personalidade, diferentes influências das quais nem sempre possuímos clareza e consciência. Repetimos padrões de conduta e comportamento sem questionarmos suas origens e os motivos pelos quais o fazemos.

O que merece destaque aqui é que cada um de nós possui modos muito particulares para lidar com os conflitos que vivenciamos em nossa cotidianidade, elaborando estratégias próprias para compreender nossas angústias, ansiedades e frustrações. A singularidade de cada sujeito se expressa de modo muito particular, pois existem as escolhas pessoais, as experiências do vivido e, principalmente, a própria história de cada um, construída no percurso da existência e no itinerário de nossas buscas para aprender a viver e a sobreviver.

Também é importante o reencontro com nossas experiências e conceitualizações, objetivando a re-significar o vivido, ampliando perspectivas, vislumbrando outras possibilidades e, principalmente, propondo-se aos processos de construção de autoria de pensamento.

A amorosidade só pode vir a ser resgatada efetivamente em nossas relações se, antes, fizermos uma viagem para dentro de nós mesmos, buscando sentido e significado para nossos fazeres, dizeres, posturas, modos de ser e estar neste mundo, complexo em essência e, ao mesmo tempo, simples e natural.

Amorosidade é uma postura pessoal, uma busca de tornarmo-nos seres humanos melhores, capazes de sermos generosos, de redescobrimos a solidariedade, de rejeitarmos a violência, de preservarmos a vida do planeta e, principalmente, de ouvirmos para compreender.

Condição primeira para a amorosidade é o conversar, o dialogar: sem a prática social do diálogo, ficamos a revelia, sem suportes que possibilitem nossas perspectivas de evolução ganharem força e terreno. Acredito que muitos dos nossos problemas cotidianos de convívio com os outros estão vinculados ao afastamento e ao isolamento que, em muitas situações, nós mesmos nos colocamos.

P/Valéria Oliveira