Coisas da vida.
Quem caminha todos os dias faz um quase ritual. Em passadas sincronizadas, respiração cadenciada, num exercício onde os músculos das pernas e dos braços são levados a um esforço ritmado. Coração em batimento, fígado, rins, baço e tudo seguem os apelos dos pulmões, e vão pelas trilhas direcionadas e aguçadas pela visão e tendo o auxilio da audição.
E indo sempre em frente, conduzido pelos pés, pernas e joelhos, se sente feliz por estar sentindo o corpo mais verdadeiro. Mas se olhasse um pouco mais para os lados ficaria horrorizado do tanto de pessoas que no asfalto fazem o trajeto igual, ou dos tantos outros que o fazem em sentido contrario, só que em ritmo mais acelerado, e quando passam deixam para atras a fumaça como resultado. E nesta ginastica incrível, vai aspirando o inimigo invisível, trazido nas minúsculas partículas do ar.
Mas isto parece não fazer diferença, pois estar ali misturado entre os carros, esta seguindo um propósito de vida que acha que é de qualidade, pois como todo bom cidadão, combate o tabagismo e respira com vontade aquele ar que julga puro por inteiro. E quando volta para casa depois de duas horas neste passeio, ao entrar na garagem, reclama do cigarro do porteiro.