Novos Empreendimentos

Estou gritando por socorro, urgentemente. Tenho estado desnorteado, porque a pessoa que me convenceu que eu era necessário por aqui, agora está vendo o que eu já tinha dito faz tempo, que aqui não importa o que façamos, está apenas nos aparelhos, sobrevivendo porque ninguém ainda teve coragem de puxar o fio dos instrumentos artificiais da tomada, ou seja, o estabelecimento que nasceu por obra e esforço de nosso pai está morrendo inexoravelmente, e arrisca de levar-nos junto.

Ora, por que não me ajudou a arriscar algo novo lá onde eu estava, por que querer que eu volte, para reconstruir o que simplesmente não pode ser reconstruído? Por que pedir-me para sacrificar-me, para cometer suicídio dessa forma? Ora, se a coisa lá era difícil, pelo menos ainda havia oportunidade, estava estudando, começando faculdade, por mais que as coisas estivessem difíceis, não eram impossíveis! Agora aqui, como estou vivendo, melhor do que lá? Por quê? Porque mamãe faz comidinha, talvez? ?Só que não é pior continuar vivendo na barra da saia da mãe, sem perspectiva, sem a menor possibilidade de melhorar, mesmo tendo investido pesado na compra de um novo computador para trabalhar? Por mais barato que um computador esteja, ainda é um investimento que não deve ser feito só por uma pessoa, sobretudo quando há mais pessoas envolvidas num empreendimento. Se elas não querem se envolver, é outra história, elas têm que se envolver, não pode se lhes dar a escolha...

Não, há tempos que não tenho esperanças em melhorar sozinho o empreendimento, pois não fui eu quem tomou conta logo de saída, não teria nem como, também, pois quando o dono original do mesmo veio a falecer, eu tinha ainda 15 anos e recém estava começando o ensino médio! Se for me melhorar, não pode ser pra continuar onde o dinheiro não entra, onde se for investir de alguma forma, não se tem a menor garantia de que o investimento dê retorno, tampouco que seja visto com bons olhos, pois há aqui uma pessoa que não quer melhorar o empreendimento, não quer modernizá-lo, não quer arriscar, para atrair nova clientela, e não faz muita questão de manter a clientela antiga, tampouco!

Tencionava eu, com a promessa de que passaria a atuar mais, no lugar da mantenedora atual deste empreendimento, enfim aprimorar-me, cursar essas faculdades no modelo EAD – Ensino a Distância, e assim talvez dar uma pequena levantada no empreendimento. Mas fatos novos, ou pelo menos desconhecidos por mim, até o momento, vieram a tona, outros desconhecidos da mantenedora eu mesmo trouxe a tona. E a incerteza que lhe assombrava passou a assombrar-me da mesma forma. Ora, mas eu havia falado disso tudo anos antes, e por que não querer que eu me mantivesse lá onde estava, fazendo o curso universitário que começara na segunda metade de 2006? Era melhor, com toda a certeza, e a cada dia que passa, não tenho dúvidas.

Mas como voltar agora, se o aporte que antes havia agora não há mais, se a mediocridade de viver sob a barra da saia da mãe, sem perspectiva, sem coragem de arriscar? Confesso sim ter medo de correr riscos, estou sim aceitando, como um covarde, o suicídio profissional e pessoal que está sendo este retorno a este Estado para retornar a este empreendimento! Porém, tenho que encontrar um meio, tenho de sair de onde estou, voltar de alguma forma para a cidade que escolhi como lar, onde construí muito mais relações – pois a verdadeira riqueza todos sabemos que não está no acúmulo de dinheiro, mas no de amigos e pessoas que amamos e nos amam!

Tenho tentado concursos públicos federais, preferencialmente onde possa me candidatar para aquela região, é para lá que quero voltar, é lá que tenho coragem de arriscar-me, não vivia de forma tão medíocre, tão estupidamente covarde! Claro que há graves riscos quanto a concursos, mesmo que seja aprovado em algum, sabe-se lá quando e se serei chamado, enquanto que pretendo ser chamado em regime de urgência, o governo a quem pagamos muito caro, com nossos impostos, prefere contratar concursados sob regime de conveniência, sobretudo eleitoral! Minha esperança, ao passar em algum dos concursos, como o da ANTAQ, ou do IBGE, que pretendo fazer, é de ser chamado em regime de urgência, o que provavelmente ocorrerá no caso do segundo, que é para função temporária, mas minha preferência lógica é para o de salário maior!

Porém não dá mais pra esperar por concursos públicos, não dá pra esperar que o bom senso chegue a mantenedora do empreendimento, que, como dizem na novela das 21 horas, deixou que as luzes de sua mente se apagassem, pela mediocridade e pelo medo do risco. Tento atualmente convencer-lhe de que o melhor é voltar lá para onde estava, agora cursando uma faculdade, mesmo que EAD, e me formar e me aprimorar, mas não para nos afundarmos junto com o barco, não para nos suicidarmos tentando salvar um empreendimento que não tem mais salvação, e sim para salvar-me a mim mesmo e garantir-lhe enfim o descanso da aposentadoria, ao qual já devia estar desfrutando, aliás! Aqui ainda tem algo, ou alguém, por quem trabalhar, e voltar sempre que possível, mas simplesmente não dá para continuar lutando contra a realidade por aqui, se continuo aqui, a mantenedora não poderá aposentar-se de vez, e eu não irei muito melhor, pois afundando que estou na mediocridade, no medo e no desânimo. Lá está meu caminho, quer queira, quer não, e lá, mal ou bem, era onde estava vivendo em certa plenitude, arriscando muito e perdendo muito pouco, creia-se se for capaz!

Este Estado gosto muito, nasci aqui, e isso não vai mudar, porém a mediocridade é o que faz que este Estado patine e continue onde está, sem a coragem dos nossos antepassados de arriscar – o próprio pescoço, muitas vezes – há mais de 20 anos que está patinando na mesma situação. E não posso mais, nesta altura da vida, esperar que pare de patinar, tenho que ir atrás do que é melhor e importante pra mim e me aprimorar para garantir isso!

Ayrton Mortimer
Enviado por Ayrton Mortimer em 17/04/2009
Código do texto: T1544737
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