HERANÇA INDESEJÁVEL

HERANÇA INDESEJÁVEL

Impressiona pensar que há apenas doze anos o Banestado, Banco do Estado Paraná, era cotado como o terceiro banco estadual do País. A maioria dos agricultores ainda se lembra do “Programa Panela Cheia” para financiar a agricultura do Estado. Tenho um amigo agricultor que comprou um trator Ford 0k, financiado através daquele Banco pelo plano “equivalência milho”.

Agora tudo isso é coisa do passado! Até o nome “Banestado” deixará de existir dentro de alguns anos. Será simplesmente Itaú! Mas o ruim mesmo, é saber que durante trinta longos anos seremos penalizados por uma dívida que não contraímos. O Banestado, vítima da irresponsabilidade política de muitos, chegou ao fundo do poço com um rombo (pasmem) de cinco bilhões e oitocentos milhões de reais. Para não ser liquidado extrajudicialmente, o Banco Central teve que investir essa quantia através do PROER para sanear suas finanças. Depois o vendeu através de leilão ao Banco Itaú, por um bilhão e seiscentos milhões de reais, cujo valor foi usado para amortizar parte da dívida, que acabou tendo o saldo financiado em 360 parcelas mensais de trinta e três milhões de reais, que (sic) estão sendo pagas desde abril de 2001 . Um milhão e cem mil reais por dia!

Haja coração!

Estive fazendo as contas e cheguei aos seguintes números: se transformássemos o montante da dívida que “herdamos” do Banestado, em casas de cinqüenta mil reais cada uma, teríamos um total de duzentos e quarenta mil moradias. O equivalente a uma cidade de aproximadamente um milhão de habitantes. E por incrível que pareça, onde ninguém pagaria aluguel já que cada família estaria morando em casa própria. Outro detalhe importante, ninguém viveria em casa de valor inferior a cinqüenta mil reais.

Deixando de lado o malabarismo aritimético, o que mais incomoda são essas perguntas que ficam “martelando” o tempo todo: onde foi parar tanto dinheiro? Por quê ninguém tomou até agora nenhuma providência para descobrir e punir os responsáveis por tamanho crime contra o povo do Paraná? De uma coisa tenho absoluta certeza! AS RAÍZES DO PROBLEMA SÃO DE ORIGEM POLÍTICA.

LÁZARO ALVES

(Artigo escrito em 2002)