LABIRINTO FISCAL

ÀS VEZES PENSAR É PERIGOSO

No último domingo, acordei logo de manhã graças à insistência do despertador que esqueci de desligar na véspera.

Comecei a pensar sobre a semana que passou e, conclui que cidadão no nosso país na verdade é sinônimo de “burro de carga”. Uma espécie de escravo do sistema vigente.

Exagero?

Então, observe!...

...O relógio que me despertou é movido a bateria que carrega no seu preço uma boa fatia de ICMS e IPI; a energia elétrica que consumi ligando a lâmpada para procurar o despertador que me incomodava, me custará 27% a mais devido ao ICMS que virá embutido na conta.

Irritado, fui ao banheiro e, enquanto fazias minha higiene pessoal, não pude deixar de pensar nos impostos que incidem sobre o creme dental, o sabonete, a água, o papel higiênico, a toalha, novamente a energia elétrica. Fiquei mais irritado ainda ao pensar que sobre o consumo de água terei que pagar 80% pelo tratamento do esgoto que apesar da Sanepar dizer que suas estações de tratamento são de primeiro mundo, o pessoal que mora lá por perto não tem a mesma opinião.

Já à mesa do dejejum, continuei minha maratona fiscal.

Fiquei pensando no imposto sobre o açúcar, o café, o leite, o pão, e tudo mais que havia no café da manhã.

Decidi mudar o rumo das coisas!

Peguei o carro e saí para comprar o jornal.

Não adiantou nada!

A caminho do jornaleiro, quase tive uma pane mental pensando na quantidade de impostos embutidos no meu carro, inclusive no combustível.

Ainda bem que tinha o jornal p’ra ler e mudar o rumo dos pensamentos, caso contrário, logo estaria mostrando minha indignação contra a CPMF que com apenas (apenas?) 0,38% e apesar do Brasil ser um país onde a absoluta maioria não tem conta bancária, rende anualmente 18 bilhões de reais que dizia-se a algum tempo atrás que era p’ra gastar com a saúde.

Ainda bem que eu tinha o jornal p’ra ler!

Ainda bem?

Seria mesmo?

Pratos do dia: Severino Cavalcante, aumento de salários dos deputados, desvio na previdência, Romero Jucá, gente querendo acabar com a Lei de responsabilidade fiscal, processos por abuso do poder econômico...

Não sei por quê, mas de repente fiquei com uma enorme vontade de ser um índio perdido n’algum ponto de alguma floresta, sem nunca ter tido contato com o homem civilizado.

Civilizado?

Eu, hein!!!

Autor: Lázaro Alves