Mãos
No momento em que lambuzou as mãos de petróleo, lembrando o gesto de Getúlio Vargas, Luiz Inácio Lula da Silva, deu o argumento que faltava para que se estabeçam comparações entre os dois, a despeito da gritante diferença de cenários.
Vargas tinha idéias claras sobre o que queria para ele e para o Brasil. Lula quer o poder para ir fazendo o que der, desde que possa alimentar sua lenda e seu poder.
Vargas optou pela ditadura para impor às elites um sentido maior de nacionalidade, por temperamento pessoal e porque, naquela fase da história do Brasil, a cultura do golpismo era dominante - depois voltou ao poder pelo voto. Lula só não optou pela ditadura porque não pôde, uma vez que se lançou político quando a ditadura passou a receber rejeição ampla, mas por temperamento pessoal e pela cultura de seu partido, é um autoritário nato - lembre-se do projeto para controlar a liberdade de imprensa.
Vargas enfrentou potências estrangeiras e fortes interesses econômicos para dar ao Brasil um rumo próprio. Lula se alia a potências estrangeiras e fortes interesses econômicos em prol de seu projeto de poder, não medindo os prejuízos para o país.
Vargas foi capaz de coisas terríveis como entregar Olga Benário aos nazistas. Como Hitler já morreu, Lula entrega os ex-companheiros (Sílvio Pereira, Delúbio Soares) às feras, depois de tê-los usado em seu projeto personalista.
Vargas nos deixou a Petrobrás, a Companhia Siderúrgica Nacional, os direitos trabalhistas e outras importantes conquistas. Lula apenas administra (e mal) conquistas anteriores, como a Petrobrás e o Bolsa Família (este transformado em moeda eleitoral).
Vargas promoveu o "mar de lama", nome que a oposição da
época deu aos atos de corrupção do seu governo. Nesse quesito, a recente denúncia crime do procurador-geral a República ao Supremo Tribunal Federal, mostra que o governo Lula supera em muito o de Vargas.
Mas a comparação deve se estender a outros atores políticos. Num caso como no outro, a qualidade da oposição é péssima.