Venda pequena de livros de escritores brasileiros


               Mais de 80% dos livros vendidos no Brasil são de escritores estrangeiros e apenas 20% são de autores brasileiros. Então fica a pergunta: por que este disparate percentual de venda entre escritores estrangeiros em relação aos nacionais?

              Pois bem, gostaria de colocar meu ponto de vista sobre esta triste estatística desproporcional, que coloca autores brasileiros num grau muito abaixo do que realmente estão.

 
                Destaco primeiramente a questão das editoras. A grosso modo é preciso dizer que editoras visam lucros e não são caçadoras de talentos. Enfim, elas apenas lançam novos autores quando têm a certeza de lucros, pois de certa forma, lançam  escritores que já tenham nome amplamente divulgado na mídia. Portanto, as editoras publicam nomes nacionalmente conhecidos independentemente serem escritores de fato ou não. Certamente esta estratégia empobrece substancialmente a literatura brasileira.

              Partindo desta primicia não dá para competir literariamente com grandes escritores estrangeiros, com uma literatura brasileira de péssima qualidade. Infelizmente, esta é uma realidade. As grandes editoras brasileiras estão à procura de vendas instantâneas, sem se preocuparem com a qualidade de uma boa literatura.

 
              O brasileiro investe pouco em livros e os sas classes C e D têm menos hábito ainda de comprar livros, devido a inúmeros fatores como a questão financeira, o preço do livro e a falta de tempo disponível para leitura.  Portanto, os que mais adquire livros compram qualidade.
 
               Outro fator que contribui para o pequeno percentual na venda de livros de escritores brasileiros, está relacionado com a dificuldade de introdução de novos escritores no universo da literatura brasileira, pois a maioria de livros publicados por autores brasileiros são produzidas por editoras independentes, ou seja, o escritor custeia toda sua produção e como não tem como divulgar devido o alto custo, acaba tendo seu trabalho sucumbido e guardado em caixas e mais caixas em suas casas. É comum bons escritores terem grandes obras, no entanto, não conseguirem fazê-las chegarem até aos amantes da literatura e portanto, compradores de livros.

               Outro fator agravante está na mídia, com ênfase a televisiva. Atualmente a maioria das redes de televisão não tem em sua grade de programação, programas de incentivo à leitura, especificamente aqueles que divulgam os escritores brasileiros. Alguns poucos programas que existem, têm  suas mensagens sobre literatura muito genéricas.


                Há necessidade da intervenção do Estado, que seria um fomentador da literatura, criando uma política cultural do livro, para que os leitores tivessem a oportunidade de conhecer seus escritores e também os escritores pudessem divulgar seus trabalhos. Uma política que fomente mais eventos como bienais e outros.  É preciso dizer que todo escritor iniciante, não tem condições financeiras de arcar com custos de publicações e de divulgações de suas obras literárias, neste sentido, é fundamental que por meio de tais políticas públicas do livro, os empresários possam fazer parceria com os escritores.

 
                Uma parceria entre o escritor, os empresários e o Estado, certamente estimularia e contribuiria no sentido de destacar os bons escritores nacionais. Outra política pública do livro, seria o Estado dar alguns tipos de incentivos fiscais às editoras, tendo como contrapartida, a obrigatoriedade de que elas lancem anualmente uma porcentagem de novos escritores.

                Em suma, sem uma política séria que leve a sociedade a conhecer seus escritores, continuaremos como estamos, ou seja. esta enorme quantidade de vendas de autores estrangeiros e com uma quantidade pífia em relação às vendas de livros de autores nacionais e de péssima qualidade.

Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 07/04/2009
Reeditado em 02/11/2010
Código do texto: T1527863